- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.

sábado, 27 de março de 2010

SÓCRATES E O PROBLEMA SOCRÁTICO



UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD –POLO LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS



LÓGICA E FILOSOFIA ANTIGA
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: SÓCRATES E O PROBLEMA SOCRÁTICO














LONDRINA
2009
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS
Nº 161062






LÓGICA E FILOSOFIA ANTIGA
HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA: SÓCRATES E O PROBLEMA SOCRÁTICO







Trabalho apresentado ao curso de Filosofia 1º Período do módulo de Lógica e Filosofia Antiga, à disciplina História da Filosofia Antiga: Sócrates e o Problema Socrático. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Pólo Londrina.

Professor: Marcos Sidnei Pagotto-Euzebio







LONDRINA
2009




SUMÁRIO


1 - INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 - APRESENTAÇÃO .......................................................................................04

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................07

REFERÊNCIAS..................................................................................................08







































1 – INTRODUÇÃO

O presente texto que se segue, não tem o condão de querer efetivamente se aprofundar e identificar na vida de Sócrates seu mais íntimo e secreto objetivo. Através da Apologia de Sócrates feita por seu discípulo Platão, pudemos ter acesso a uma parcela pífia da magnitude do ser chamado Sócrates. Sua eticidade, sua coragem, seu desejo imperioso de mostrar ao próximo algo que ele havia descoberto e cujo trabalho maior era tornar isso compreensível através de palavras, e mais, palavras que brotassem da boca de seus ouvintes para assim serem transformadas em saber autóctone.
O objetivo do texto é trazer luz à indagação “Se Sócrates admite nada saber, e faz profissão de fé de sua ignorância, como pôde ser considerado a mais perfeita descrição de filósofo?”






















2 – APRESENTAÇÃO

Pelo que se sabe, Sócrates nasceu em Atenas 469 anos antes de Cristo (aproximadamente). Seu pai era escultor e sua mãe, parteira. Filósofo grego foi considerado um dos fundadores da filosofia Ocidental. Iniciou os estudos sobre a natureza da alma humana e a busca do conhecimento. Tido em sua época como o mais sábio dos homens, julgou-se imbuído da missão divina de converter os cidadãos de Atenas à sabedoria e à virtude por força de uma predição do oráculo de Delfos em resposta a uma pergunta feita por Querofonte (seu amigo de infância) o qual indagou se havia alguém mais sábio que Sócrates, a cuja pergunta a Pítia lhe respondeu que não havia ninguém mais sábio.
Todo o magistério socrático surge após essa resposta feita à pergunta por seu amigo.
Sócrates foi considerado o marco fundante da Filosofia, ele marca o começo da forma de pensar racional voltada para o homem. O que havia antes de Sócrates não era a Filosofia que passou a existir posteriormente.
A primeira aparição de Sócrates na literatura foi trágica, através da peça As Nuvens de Aristófanes, onde Sócrates é considerado um físico (naturalista) e sofista execrado e satirizado.
Todavia, Xenofonte de Atenas, que, por sua vez não foi filósofo, mas sim soldado e historiador, - conta-se que chegou a ser discípulo de Sócrates, mas não se sabe se é verdade - já fala melhor de Sócrates. A tarefa socrática segundo Xenofonte:

[...] discutia constantemente tudo o que ao homem diz respeito, examinando o que é o piedoso e o ímpio, o belo e o vergonhoso, o justo e o injusto, a sabedoria e a loucura, o valor e a pusilanimidade, o Estado e o homem de Estado, o governo e o governante e mais coisas deste teor, cujo conhecimento lhe parecia essencial para ser virtuoso e sem o qual se merece o nome de escravo. (Slides tele aula).

Para Platão, Sócrates é considerado o pai da filosofia, um modelo de filósofo, dialético, herói do pensamento. A diferença entre Sócrates (para Platão) com relação aos outros filósofos é que ele se ocupa de uma sophia antropológica, a sabedoria humana!
Filosofar para Sócrates era advertir, exortar, ensinar os homens a cuidarem da razão, da verdade e de melhorar sua alma - psyché - acima dos bens materiais.
Sócrates é o que traz para a tradição Ocidental a contribuição que o homem é um sujeito dotado de alma e a alma permanece no próprio homem.
Para Sócrates o sujeito e o estado devem ser livres.
Sócrates era um homem simples e um cidadão humilde, sem muitas posses e não recebia para dar seus conhecimentos. Conhecimentos esses os quais ele próprio não considerava como tais, pois buscava provar ao deus oracular que ele não poderia ser o mais sábio de todos, pois ele tinha certeza que sabia que nada sabia, e assim buscava na polis um outro que o ultrapassasse no saber – missão ingrata, por sinal.
O método socrático tinha um pouco das qualidades das profissões de seus pais. Sócrates não impunha o conhecimento, mas à maneira da profissão materna, ajudava para que ele viesse à tona de dentro do discípulo, que o produzia por si mesmo. Sua arte de dialogar, conhecida como maiêutica, provocava aquilo que ficou conhecido como "a parturição das ideias". Por outro lado, sua intenção era a formação autônoma da pessoa. Era converter, à maneira da profissão paterna, uma massa natural e sem forma em uma bela representação individual do espírito. Daí resultava que o conhecimento primordial do homem deve ser o conhecimento de si mesmo.
Sócrates questionava as tradições gregas, entre elas costumes dos cidadãos e suas crenças, inclusive nos deuses. A inteligência para pensar e o talento para a oratória o tornam popular entre os jovens atenienses, o que desperta a atenção dos cidadãos poderosos e conservadores da cidade.
No conhecido texto de Platão “A Defesa de Sócrates”, (PLATÃO, 1980) Sócrates através da escrita de seu discípulo, externiza o ensinamento maior que era exatamente o de que não deveria escapar ao julgamento e mais ainda da pena lhe imposta. Raciocinando assim, pôde passar para a humanidade uma sabedoria maior, que foi, com o preço de sua vida, provar que seus acusadores, julgadores e executores estavam equivocados em pensar da forma como imaginavam ao processar Sócrates como o fizeram, eis que o mais difícil seria o agir depois desse tribunal; se Sócrates se tornasse livre, certamente o seria através de alguma espécie de punição restritiva que implicaria em se calar ou até mesmo exilar-se, mas isso não seria possível, pois onde quer que ele estivesse, seria procurado por aqueles que tinham sede de saber. Se escapasse – como estava programado por seus seguidores – ele, Sócrates, poria tudo a perder, indo contra seus próprios ensinamentos que preceituavam a liberdade de falar e se defender perante a lei dos homens. Se, como o foi, condenado à morte, acabaria convertendo-se num mártir do saber, pois aqueles que o queriam bem e o ouviam para aprender, dali em diante fariam uma revolução cultural em sinal de apostasia e prova cabal do saber livre e dinâmico que o grande sábio discorria, a começar pelo próprio Platão e Xenofonte que fizeram suas apologias à Sócrates.
Na Wikipedia encontramos o seguinte trecho:

“Modernamente (filosofia) é a disciplina, ou a área de estudos, que envolve a investigação, a argumentação, a análise, discussão, formação e reflexão das ideias sobre o mundo, o homem e o ser. Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a realidade dadas pelo senso comum e pela tradição. As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Essas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração.” (Grifos nosso).

É maravilhoso pensar que um único homem, uma pessoa de parcos recursos e de família simplória, pudesse ter acesso a um nível de saber imanente tão profundo e claro e ao mesmo tempo inquietante e complexo, que repercutisse de forma tão estrondosa na posteridade a ponto de ser a base de todo o conhecimento que hoje, sendo redundante, se conhece!
As ciências, as políticas, as religiões, devem a Sócrates os alicerces estruturais de seus conceitos. Entretanto é imprescindível denunciar que seu saber foi torcido tal como cipó numa árvore ao olhar e aos interesses de todos os que vieram depois e que ergueram a bandeira socrática como pálio do saber e fizeram do mesmo seu palanque de opiniões próprias...
Isto não importa. Sócrates não foi o único que padeceu por querer mostrar a liberdade do homem e nem será o último.
Parece que os milhares de anos que nos separam são apenas um tênue véu que separa o tempo e o espaço das mentes ávidas para esboçar um sorriso brilhante ao saber – mesmo através daqueles que o divulgaram – um pouco da nossa ignorância e com ela ultrapassar os limites da singeleza de sermos humanos.










3 – CONCLUSÃO

Percebemos em poucas linhas que justificar como o sábio maior pode ser considerado a mais perfeita descrição de filósofo é algo paradoxalmente simples e difícil... Diria simples, pois não precisa ir muito longe para se compreender sua descoberta magna: a alma do homem e que o homem deve se ocupar dela e não das coisas terrenas – importante que isso não tem conotação mística tampouco religiosa, mas algo mágico e espiritual “[...] uma inspiração que me vem de um deus ou de um gênio [...]” (PLATÃO, 1980). Difícil, pois para quem não tem a mônada propulsora do questionar e do descobrir, conciliar esse ideal tão prático com o sistema que esmaga o indivíduo só pode ser considerado uma utopia distante e impraticável, alcançada, quiçá, somente por ascetas e ermitãos isolados em cavernas nas montanhas, longe dos desafios e do conforto da vida moderna.
Sócrates passeou pelos confins do ser e voltou aos espaços mais profundos do homem descobrindo valores (e defeitos) que somente um incansável Filósofo o faria, por tal, por essa obstinação ele provou com sua vida e com sua morte que o Filósofo deve perseguir seu intento até a última instância, pois ele não amealhou nenhum recurso financeiro para si com esse ato – quando muitos o fizeram -, e sua triste expiação foi a máxima atestação da veracidade de suas sábias palavras.
















REFERÊNCIAS

http://pt.wikipedia.org/wiki/filosofia. Acesso em 15 abr. 2009.

Apresentação de slides da tele aula do dia 14 abr. 2009.

Ilustração 1 – Busto de Sócrates. Disponível em: http://www.algosobre.com.br/biografias/socrates-filosofo.html . Acesso em 15 abr. 2009.

PLATÃO. A defesa de Sócrates. Tradução de Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Ed. Abril Cultural. 1980.

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