- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.

sábado, 30 de outubro de 2010

O PROBLEMA DO MAL NO MUNDO SEGUNDO O PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO; LIVRE-ARBÍTRIO, GRAÇA E VONTADE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

FILOSOFIA - LICENCIATURA


RICARDO LUÍS DO PRADO
RODRIGO FONTOURA MASSI
VANDERLEI DOS SANTOS AMORIM
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS


PATRÍSTICA: O PROBLEMA DO MAL NO MUNDO SEGUNDO O PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO; LIVRE-ARBÍTRIO, GRAÇA E VONTADE.


SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP
2010


RICARDO LUÍS DO PRADO – 163325
RODRIGO FONTOURA MASSI – 161094
VANDERLEI DOS SANTOS AMORIM – 161080
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - 161062
PÓLO: LONDRINA - PR


PATRÍSTICA: O PROBLEMA DO MAL NO MUNDO SEGUNDO O PENSAMENTO DE SANTO AGOSTINHO; LIVRE-ARBÍTRIO, GRAÇA E VONTADE.


Este trabalho de cunho filosófico tem como objetivo abordar o tema referente desta disciplina; visando a devida análise de correção ao tutor do curso de Filosofia da Universidade Metodista de são Paulo.

Docente: Luís Fernando Weffort
Tutor: Hermiton de Oliveira Freitas



SÃO BERNARDO DO CAMPO – SP
2010

Índice Sistemático




Introdução:...................................................................................................................... 3

1. Filosofia cristã:............................................................................................................. 5

1.2. O Problema do mal no mundo na filosofia Teológica de Santo Agostinho:........................................................................................................................ 5

Conclusão:....................................................................................................................... 9

Referências:................................................................................................................... 10


Introdução


Podemos dizer que, em Santo Agostinho a patrística alcança o seu ponto mais alto em se tratando de filosofia cristã. Santo Agostinho consegue chegar com as suas elaborações filosófico-cristãs, aonde o pensamento Patrístico do antes e do depois dele, não tinha conseguido chegar até então. Neste trabalho, apresentaremos de forma breve, o que este autor, tão estudado na história da filosofia e da teologia mundial, nos apresenta sobre as inquietações a respeito do mal no mundo. Quem nunca se perguntou: O porquê do sofrimento humano, se Deus é a própria essência da bondade? Veremos como Santo Agostinho elabora em sua obra: Confissões, uma filosofia que tem sua influência em Plotino, e que engendrou um pensamento que nos deu um modo novo de olhar a criação como sendo aparentemente, digo, quando olhamos de forma superficial a criação, - não percebemos que tudo concorre para a harmonia e tudo tem uma razão de ser. Como poderemos observar neste trabalho, em Santo Agostinho encontramos três formas de examinar o mal no mundo; a primeira seria o mal metafísico-ontológico; depois temos o mal moral; e por último o mal físico.

Santo Agostinho acrescenta ainda que, existem graus inferiores de ser no mundo em comparação ao Ser Supremo que é o próprio Deus. E o homem, com o seu livre-arbítrio, muitas vezes escolhe pela má vontade as coisas inferiores do que as superiores, voltando-se assim, para a criatura ao invés do criador. Para Santo Agostinho, o mal não é entendido como um ser substancial, como entende o pensamento maniqueísta ao qual ele pertencia antes de sua conversão; pois se o mal fosse uma substância, ele se igualaria a Deus, porque, substância é entendida por Santo Agostinho e sua tradição filosófica anterior a ele, como sendo a plenitude das coisas criadas. Isso remete Santo Agostinho a dizer que, é incabível e impensável o mal ser originado do Bem, pois se fosse assim, o bem não seria bem, mas seria mal. O pecado original que enfraqueceu o conceito de verdade no mundo, fez com que Deus oferecesse a graça santificante para que o homem arrependido de suas faltas e debilitado pela culpa original, pudesse alcançar o perdão. Veremos que o ser humano não pode andar só, mas a graça divina é necessária para que o homem possa tomar suas decisões em fazer o bem. Pois quando o homem quer fazer o bem com suas próprias forças, dependendo somente de si mesmo, ele é vencido pelo pecado e fracassa em seu engendro.


1. Filosofia Cristã

1.2. O Problema do mal no mundo na filosofia teológica de Santo Agostinho



Quem nunca se perguntou: porque há o mal no mundo? E esta questão nos remete a uma outra correlativa à anterior; se Deus criou o mundo, como afirma os cristãos e religiosos, e se este Deus é o Bem Supremo, pois a sua criação não deveria ser desprovida de sofrimentos? Em meados do século IV d.C., houve um filósofo que se debruçou sobre esta questão, e não somente esta, mas de outras pertinentes a essa, questões que acompanharam toda a trajetória da trama da existência humana; estamos falando de: Aurélio Agostinho, mais conhecido como: Santo Agostinho de Hipona, que foi o expoente mais estudado e influente e influenciado da Era Patrística. Apesar de Santo Agostinho não ser o único a tratar deste tema tão feroz que rasga o coração humano durante séculos de história, somente iremos nos prender ao que este homem tem para nos dizer sobre esse assunto tão importante e obscuro de nossas vidas.

Para início de diálogo, em Santo Agostinho, o problema do mal está totalmente ligado ao problema da criação, e como a entendemos. Vamos entender melhor o que Santo Agostinho quer dizer com isso, partindo do princípio de que se toda a criação, ou melhor, dizendo, se tudo o que existe na criação (as coisas criadas) provém de um Deus que é o Bem Supremo, de onde vem o mal que encontramos no mundo que é obra de Suas mãos? Para resolver essa questão, Santo Agostinho encontrou em Plotino a argumentação necessária para sanar essa dúvida inquietante e latente do coração do homem. Segundo Santo Agostinho, “o mal não é um ser, mas deficiência e privação de ser”. (REALE/ANTISERE; p. 455, 2007). O que o nosso filósofo quis dizer com essa afirmação? Vejamos então, o mal para Santo Agostinho não é entendido como uma “substância”, assim como é ensinado no pensamento maniqueísta - ao qual Santo Agostinho pertencia antes de se converter ao cristianismo - não, mas, uma transgressão à Substância Suprema (Deus). Isso porque, se o mal fosse uma substância, então o mal seria pleno e perfeito, porque é assim que o conceito de Substância era entendido no mundo grego; lembremos do conceito de substância em Platão: é plena, imutável e originador. Devido a este conceito de substância, se o mal fosse substancial, o mal teria os mesmos adjetivos que possui Deus que é a Substância Suprema ou o Bem Supremo. Então o mal não seria mal, mas, ao contrário, seria um bem. E é incabível no pensamento de um filósofo, principalmente da época anterior à época contemporânea de Santo Agostinho, conceber que do bem possa originar o mal, pois se assim fosse, o bem não seria bem e nem Deus seria Deus, porque não seria pleno e perfeito.

Ainda tratando do problema do mal, Santo Agostinho prossegue dizendo que, o mal deve ser examinado na criação em três níveis; a) metafísico-ontológico; b) moral; c) físico. O primeiro seria que: não existe o mal no cosmos, mas o que existe de fato são graus inferiores de ser em relação ao Ser Supremo. O que existe é o ser Supremo in-criado e infinito, e existe ser criado e dependente, e por isso, finito. Este modo de ser inferior depende de sua finitude e dos níveis diferentes dessa finitude. A condição finita pode ser considerada aqui como um defeito na criação, então um mal. Mas somente temos esta noção de mal em relação à finitude, se olharmos as coisas de forma superficial ou individualmente, pois se olharmos com uma ótica universal e em conjunto tais seres inferiores, eles deixam de ser finitos e inferiores, isso ocorre porque ao olharmos as coisas em conjunto, então se revela momentos de um grande conjunto harmonioso. Por mais que pareça, segundo Santo Agostinho, um defeito (mal) na criação, o fato de existir animais nocivos que podem levar um homem a óbito, isso não significa que seja um mal de fato, pois se olharmos em conjunto essa realidade, veremos que cada animal possui uma função específica e necessária na criação. “Medida com o metro do todo, cada coisa, mesmo aquela aparentemente mais insignificante, tem o seu sentido e a sua razão de ser e, portanto constituí algo positivo”. (REALE/ANTISERE; p. 455, 2007).

Em se tratando do segundo modo de observação, o mal moral, seria o pecado. E o pecado depende da má vontade do sujeito para ser praticado. Mas a má vontade, segundo Santo Agostinho, depende daquilo que ele chama de: causa deficiente. “A má vontade não tem uma causa eficiente, mas, muito mais, uma causa deficiente”. (REALE/ANTISERE; p. 455, 2007). A vontade humana em sua natureza, Santo Agostinho a entende que sempre deveria tender ao Bem Supremo, isto é, deveria ser vontade de fazer e se inclinar sempre a Deus (Bem). Mas como já vimos que existem na criação as formas de ser finitas e inferiores, a nossa vontade velada pela nossa liberdade pode tender aos bens criados e finitos ao Ser infinito e Supremo. Com esta atitude o sujeito escolhe a criatura ao criador. Então o pecado é realização da má vontade inclinada as formas de ser inferiores, que essas, por sua vez, são necessárias na criação. Para Santo Agostinho, escolher os bens inferiores ao Bem Supremo é realizar uma escolha incoerente entre esses bens. “Com efeito, afastar-se daquilo que é o bem Supremo para aproximar-se daquilo que possui o ser em grau inferior significa começar a ter má vontade”. (REALE/ANTISERE; pp. 456-457, 2007). Mesmo que um indivíduo tenha recebido de Deus uma vontade livre, isto é, um enorme bem, então o mal seria o mau uso deste bem. “O Bem em mim é obra tua, é dom; o mal em mim é o meu pecado”. (REALE/ANTISERE; p. 456, 2007).

Por fim, o terceiro nível se refere ao mal físico. Assim como as doenças; os tormentos da alma, os sofrimentos e até mesmo a morte, são entendidos por Santo Agostinho como consequência do pecado original que por sua vez, é consequência do mal moral que já mencionamos acima. O pecado original, diz Santo Agostinho, foi o pecado da soberba, que protagonizou e iniciou o primeiro desvio da vontade Suprema.

Os dois primeiros homens devem ter começado a ser maus interiormente, antes de caírem na rebelião aberta, pois não se pode chegar a cometer uma obra má se não houver antes a má vontade. (REALE/ANTISERE; p. 457, 2007).

A verdadeira liberdade para Santo Agostinho consiste em que, a liberdade deve sempre aderir ao bem Supremo, e, todavia, se trata de liberdade sempre livre. Portanto quando o espírito abandona o princípio ao qual deve sempre aderir, acreditando, tal o homem, ser principio de si mesmo, se torna auto-suficiente (soberba). Tendemos pela má vontade, voltar-se o espírito a nós mesmos do que ao bem supremo.

Mas devido o surgimento do pecado original, a verdade se enfraqueceu, e por causa disso, torna-se necessária a graça divina. Esta graça se torna necessária para toda e qualquer ação reta visando o bem. Mas quando o ser humano pensa poder viver de maneira “reta” por suas próprias forças, ou seja, sem o auxilio da graça divina que é libertadora, tal homem fracassa e é vencido pelo pecado. Portanto, todo ser humano tem “a capacidade de crer com o seu exercício de livre vontade e no seu libertador, acolhendo a graça”. (REALE/ANTISERE; p. 457, 2007). Fazer o bem é dom de Deus por sua graça e o homem acolhe pelo livre – arbítrio.

Conclusão


Em suma, podemos concluir que Santo Agostinho, entende o mal como “uma ausência do bem no mundo”. Quando tomamos decisões pela má vontade, inclinando o nosso coração as coisas finitas, desviamo-nos do Bem Supremo, e as consequências de tais atos, não alcançam as realizações em plenitude e excelênciariedade. Realizações estas, que, só encontramos em Deus. O mal é pura privação do bem, assim como as trevas é pura ausência da luz. De forma semelhante o mal aparece onde o bem é deixado de lado. Vimos também que o homem não pode viver só em si mesmo, se arrogando ser o suficiente para as suas realizações. Pois sem a graça divina, tudo o que ele faz, fracassa; porque acaba sendo vencido pelo pecado das más inclinações às coisas finitas que são modos de ser inferiores ao Ser Supremo que é o próprio Deus.

(...) este pecado não é apenas o primeiro pecado cometido nas origens, quando Adão e Eva viviam no paraíso. Ele é original no sentido de que designa o estado de pecado que marca a natureza humana em consequência de sua origem, ou seja, de um membro de um gênero de seres (o gênero humano) cuja origem encontra-se no pecado cometido pelo ancestral, pois o pecado do primeiro homem e da primeira mulher foi o pecado dos pais e poluiu para sempre toda a descendência humana. (CHAUÍ; pp. 260-261, 2009).

Deus, em Santo Agostinho, é princípio sem princípio, criador das coisas visíveis e invisíveis. O Bem, a realização de todos os homens, seus filhos. É o caminho seguro para alcançar a felicidade plena. Deus que enviou seu Filho único para que todos possam, através dele, entrar em comunhão profunda com o Criador e partilhar da felicidade que Deus tem para cada pessoa. Cristo é a graça em pessoa do Pai. A graça tão necessária para que o homem possa realizar suas atividades no mundo com êxito. Graça, quer dizer; inclinação de Deus para com os seus amados é um dedicar-se cuidadosamente aos que lhe buscam e contam com o auxilio Dele. O Amor amou primeiro. Antes da criação, Ele já existia, e também já sabia da queda do homem pelo pecado, devido ao mau uso de seu livre-arbítrio, mas, todavia, Deus de antemão, tinha um projeto de salvação ao qual seu Filho fazia parte e era o ápice deste projeto salvífico.

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, Marilena; Convite à filosofia; Ed. Ática, 13ª edição São Paulo – SP – 2009.

REALE, Giovanni e ANTISERE, Dario: História da filosofia; volumes: I, II e III, Editora Paulus, São Paulo – 2007.

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

ABBUD, Luiz Nelson: Filosofar é perguntar; Editora Rosograf, Londrina PR, 2ª edição – 2008.

AGOSTINHO; Confissões. São Paulo: Abril Cultural; 1980 (Os Pensadores).

Dicionário de filosofia de Cambridge; Editora Paulus, SP – 2006.

Guia de Estudos: Metafísica, epistemologia e linguagem; Universidade Metodista, São Bernardo do Campo SP, 2ª edição – 2010.

LENZENWEGER; Josef/ STOCKMEIER; Peter/ BAUER; Johannes B./ AMON; Karl e ZINHOBLER; Rudolf: História da Igreja Católica, Ed. Loyola – 1995.

PECORARO, Rossano (org.); Os filósofos clássicos da filosofia; Volumes I e II, Ed. Vozes Petrópolis e PUC Rio – 2008.

PIERRARD; Pierre; História da Igreja, Ed. Paulus, 5ª edição – 2008.

domingo, 10 de outubro de 2010

FILOSOFIA MEDIEVAL

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL


Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval, à atividade: Portfolio. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Luís Fernando Weffort

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO.......................................................................................04

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................06

4 - REFERÊNCIAS.............................................................................................07


INTRODUÇÃO
“Na Idade Média, a teologia toma em mãos as rédeas da ciência:
perigosa época de emancipação.”
Friedrich Nietzsche

- PROPOSTA

Ler o livro “O que é Filosofia Medieval”, de Carlos Arthur Nascimento

Produzir um breve texto discutindo: de que maneira filosofia medieval comprometeu-se tanto com a tradição filosófica grega quanto com as exigências da fé cristã.

A chance que um aluno tem de se aprofundar no universo do conhecimento é grande e entendo que não depende unicamente dele, eis que o Professor, com todo seu manancial de conhecimento, é que possui o condão de surtir seus discípulos de material rico e vasto para a realização de seus estudos.
Assim ocorre neste caso, quando nos dispomos a fazer uma breve análise da Filosofia Medieval abordando comparações com a tradições filosófica grega com as exigências da fé cristã que se desenvolvia à época.
De maneira rudimentar e com breves traços tentar-se-á delinear, não apenas com o livro em questão sugerido, mas também com mais dois textos apresentados para leitura e que servirão para ilustrar a presente atividade.


APRESENTAÇÃO

Quando se busca fazer uma análise de um período histórico, prescinde-se, evidentemente, de um cabedal apropriado para se aquilatar e formar opinião. Isso já é difícil por si só, a começar ainda por um período em que foi considerado como “Idade das Trevas”, ou, como é mais salutarmente conhecido: Idade Média. Mas o material ofertado é de bom cunho.
A obra do Professor Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento O que é filosofia medieval, mais parece um estudo das origens do próprio cristianismo em si do que um aprofundamento no campo medieval e filosófico, talvez por que ambos se confundam numa amálgama, ou, para ser mais gentil, num manancial de busca pela luz.
Pode-se chegar da análise da histórica a nós legada, que a Europa buscava uma identidade própria, após a queda do Império Romano pelos bárbaros e precisava urgentemente manter o poder que escorregava pelos dedos com a crucificação do Nazareno. Mas como borrar o registro de nascimento e imprimir uma nova identidade quando os poderosos da lei e do clero dependiam diretamente dos pagãos, da plebe, dos escravos?
Constantino pode ser considerado o precursor de um projeto audacioso que culminou na miscigenação de crenças pagãs (gregas) com as novas ofertas de liberdade espiritual que se apresentava via discípulos do Cristo. Assim, uma estrutura fenomenal foi construída, conforme bem destaca Gilda Naécia Maciel de Barros, quando nos lembra que as interpretações da bíblia precisavam satisfazer públicos mais exigentes, mais críticos, o que caminhou para o que ela denomina de “filosofia cristã”. (BARROS, 1975).
Entre caminhos tortuosos tais como os trilhados por Pedro Abelardo, em que o Professor Nascimento faz ressaltar que Abelardo apanhava textos de padres e objetivava levar às pessoas, através de leituras contraditórias exatamente uma forma de chocar a consciência acostumada ao quadrado firmado pelo tempo, a novas reflexões que pudessem conduzir à verdade. (NASCIMENTO, p. 33, 1992).
Os pontífices do cristianismo precisavam de uma base para que seu cristianismo construído, tido até então como pagão, fosse bem aceito e compreendido, para depois poderem empurrar sua forma pessoal de pensamento goela abaixo dos povos. Como fizeram isso? Buscaram na tradição da filosofia grega “a segurança de sua própria universalidade” (BARROS, 1975), beberam da fonte de Platão e principalmente de seu discípulo Aristóteles, especialmente o complexo conceito de logos da tradição filosófica grega, muito embora Aristóteles e suas análises da natureza tenham sido posteriormente expurgadas pela própria autoridade eclesiástica (NASCIMENTO, p. 56, 1992), mas também buscaram entre os hebreus, do saber árabe, e assim caminharam por uma meta que vai se ajustando e se moldando às próprias necessidades, sem escrúpulos, definem novos tipos de comentários, destancando-se a dialética, codificam-se a retórica, redescobrem a natureza como horizonte da razão entendendo-a em seus processos e suas leis, acentuando-se o valor da experiência que emerge a Filosofia natural, demarcando-se, enfim, os limites entre sagrado e profano. (PACHECO).
Não podemos esquecer os aspectos que forçaram a aceitação plena da nova fé, tais como os de Galileu Galilei, “as coisas foram mais complicadas e que os interlocutores e adversários de Galileu estavam longe de ser sempre burros, ignorantes e cabeçudos.” (Grifo meu). (NASCIMENTO, p. 79, 1992), ou seja, sabiam bem o que queriam, haja vista a “santa” inquisição.
Muito embora a fonte fosse a filosofia grega, precisavam limpá-la de acordo com as exigências da fé cristã; já que não podiam escapar do pensamento em si, eis que muitos aliados da arte de pensar foram amealhados, era preciso permitir, talvez, uma filosofia medieval. A construção do deus cristão, afinal, não poderia estar corrompida pela tradição pagã – que reviravolta! – e uma das preocupações maiores era “dissociar o Deus judaico-cristão do necessitarismo grego. [...] não submeter o Deus onipotente aos limites das essências ou naturezas e da lógica da não-contradição.” (NASCIMENTO, p. 68, 1992).
E mais,

Muitos cristãos do século XIV estavam simplesmente fartos de todo este negócio. Eles não tinham o que fazer com a teologia especulativa, eles não se perderiam nos obscuros e inseguros mistérios da união mística; o que eles precisavam era de vida cristã prática direta e de mais nada. (Grifos meus). (Étienne Gilson, citado por NASCIMENTO, p. 73, 1992).

E assim se valeram, os progenitores do cristianismo, de pensadores imortais, que deixaram sob o berço da humanidade, seus esforços e conciliar e trazer à lume maneiras e estruturas distintas que nos possibilitassem trilhar, talvez, solitários, as veredas do saber. Mas não esperavam que esse trabalho humanitário fosse um dia utilizado de maneira tal que se encaixasse em exigências interesseiras de uma fé construída.

CONCLUSÃO

Nietzsche acreditava que sem a teologia normativa os gregos antigos tinham o direito de acrescentar o que quiser e acreditar no que quiser. (NIETZSCHE, p. 37 (72), 2007). Com o advento ocidental do cristianismo esse direito à liberdade foi tolhido. Creia no quadrado dogmático concebido pela mente humana voltado para o poder e dominação e não acresça nem tire uma vírgula, nem tente fugir disso. Terror puro. Nós “homens de deus”, assim o concebemos, assim deve ser.
Os filósofos, os teólogos, os cientistas procuram respostas às suas perguntas através da lógica, da metafísica, dos métodos. Como explicar as coisas da natureza (physis) com a natureza humana usando parâmetros e esquadros concebidos por mentes humanas? Todos sabemos plantar uma flor, mas sabemos construí-la? Urge irmos além do “cérebro de pato”.
Acaba-se colocando certa parcialidade no texto que se apresenta. Portanto, volto-me humildemente ao material ofertado pelo Professor e relembro que “Seria inteiramente equivocado supor que [...] qualquer outro teólogo do século XIII pudesse encontrar em Aristóteles, Avicena, Averróis, [...] ou onde quer que fosse uma filosofia pronta para ser utilizada [...].” (NASCIMENTO, p. 60, 1992). O que importa é a força que a filosofia tem em si de fazer pensar, gerar questionamentos, propor experimentos, o que não podemos é permitir a corrupção e a manipulação de uma paixão tão sublime, como o ato de filosofar, por mãos abomináveis que tergiversam e distorcem à seu favor a formação de opiniões como fonte dogmática da verdade. Ou você também se sentira livre para escrever deus e bíblia com letras minúsculas sem pensar em algum tipo de pecado?


REFERÊNCIAS

BARROS, Gilda Naécia Maciel de Barros. Cristianismo primitivo e paideia grega. Faculdade de Educação da USP. Artigo publicado em “O Estado de São Paulo”, em 21 set 1975. Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.

NASCIMENTO, Carlos Arthur Ribeiro do. O que é filosofia medieval. Coleção Primeiros Passos. Ed. Brasiliense. 1992. . Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.

NIETZSCHE, Friedrich. O livro do filósofo. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal-76. Ed. Escala Tradutor: Antônio Carlos Braga. P. 37 (72). 2007.

PACHECO, Maria Cândida Monteiro. A filosofia e a questão da interpretação. A palavra e os textos – entre a Letra e o Espírito. Faculdade de Letras da Universidade do Porto-Portugal. Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.
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1 Friecrich Nietzsche. O livro do filósofo. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal-76. Ed. Escala Tradutor: Antônio Carlos Braga. P. 18 (32). 2007.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ESCOLÁSTICA E SANTO TOMÁS DE AQUINO

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval à atividade: Portfolio, Escolástica e Santo Tomás de Aquino. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Luís Fernando Weffort


SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO.............................................................................................................04

3 – CONCLUSÃO....................................................................................................................07

4 - REFERÊNCIAS..................................................................................................................08



INTRODUÇÃO
Thomás de Aquino nos apresenta em sua obra um estudo da alma. Da alma em si mesma.
Elabora considerações e passeia por diversos tipos de analogias para chegar onde pretende. Suas ideias já estão prontas. Sua resposta já é óbvia para ele mesmo. Precisa convencer aqueles que ainda resistem. Faz uso hábil de uma linguagem própria, típica para sua época. Percorre um caminho para depois abandoná-lo sem qualquer escrúpulo ou aviso. Faz analogias diversas entre o corpo e os animais, em especial entre alma e intelecto a ponto de que uma se confunde com o outro. Utiliza-se de palavras que não se encontram em dicionários filosóficos, tal como “inteligir”, onde, segundo Aristóteles, “é ser movido”.
Fica evidente sua valorização do racionalismo aristotélico e a defesa em prol de Agostinho, eis que é exatamente a tentativa de conciliar o pensamento aristotélico e neoplatônico aos textos da bíblia sua meta; busca criar uma espécie de “filosofia do Ser” via fé, mas trilhando os caminhos tortuosos de uma teologia “científica”.
Em sua Suma teológica, que tem a pretensão de ser a síntese, o resumo do que se discute a respeito da fé, da alma, da natureza de deus, de Jesus, questões morais, Thomás conseguiu, pelo menos para a visão cristã, um corpo de doutrina que acabou se tornando uma das bases dogmáticas da igreja católica. Foi tão apreciada pelos religiosos cristãos que o Papa Pio XI a considerou o “céu visto da terra” onde se poderia saciar a sede da verdade.
Assim, no tópico sugerido pelo Professor, (Quest. LXXXV – Da alma em si mesma.) ele consegue se utilizar de outros pensamentos filosofais para embasar o início de seu próprio pensamento e assim vai fracionando a consideração em duas, depois em três, e depois em sete partes.
Ateremos-nos apenas às duas primeiras partes do primeiro ponto que ele dividiu em duas considerações: da alma em si mesmo e da sua união com o corpo.


APRESENTAÇÃO
De início o autor da Suma alerta que somente ao teólogo é possível considerar as coisas da alma – ou seja, nenhum outro pensador o pode. E quanto ao corpo, outros até podem tecer suas considerações, todavia, também é de propriedade do teólogo analisar o corpo sob o que concerne à alma. Assim ele inicia sua defesa sobre “se a alma é corpo”.
Sabiamente sempre inicia suas preleções com o termo “parece”, a fim de evitar constrangimentos logo de cara ao afirmar categoricamente esta ou aquela posição.
No primeiro momento ele deixa evidente que a alma é corpo, após fazer uma alusão a um motor que não seja movido, portanto, se todo motor é movido, logo o corpo também é movido, então a alma, por sua vez, também. Logo ele já busca tentativas de separar o corpo do incorpóreo, quando diz que “a alma não fosse corpo não poderia conhecer as coisas corpóreas”. Logo abaixo, no item 3, deixa de lado os cuidados e sentencia que “como a alma move o corpo, resulta que não é corpo”.
Busca apoio em seu antepassado Agostinho, o qual defende que a alma é o primeiro princípio da vida de todos os seres vivos, estendendo o leque para todos os seres animados para logo em seguida excluir os que são inanimados para a categoria dos que não têm vida. Portanto, segundo Agostinho e o próprio Thomás, as plantas, por serem inanimados, por não terem movimento, não têm vida!
Em sua ânsia de trazer novos exemplos para sustentar sua tese, Thomás de Aquino critica os filósofos antigos que consideravam a alma como certo corpo e explica que “a alma não é um princípio qualquer da operação vital”, e a compara agora com os olhos, numa tentativa estranha e forçada.
Em seguida, preocupado com o rumo de sua explanação vai tomando, mas ciente de que está na trilha certa, magistralmente elimina os animais da lista dos seres que possuiriam alma, valendo-se do pressuposto que os animais só têm o coração como princípio de vida. Assim, a alma não é corpo, mas o ato dele. Deixando-nos a pensar se então o princípio da alma seria o próprio corpo. Evidencia-se a diferença de uma análise lógica e racional, isenta de parcialidade religiosa, para uma repleta de tendências e focos.
Ainda buscando analogias simplistas e não querendo confundir quem tivesse acesso à sua obra, o autor continua usando o exemplo do motor para explicar a alma e sua distinção dela com o corpo, eis que o corpo é um motor distinto que não se move por si, ao passo que a alma pode ser movida por “acidente”.
De novo busca menosprezar os pensadores da antiguidade que se valiam da observação da natureza para desmerecer suas descobertas a respeito de suas investigações, alertando que os mesmos não sabiam distinguir sequer entre ato e potência e por isso acreditavam que a alma era sim corpo.
Depois, de forma breve e magistralmente sucinta, ele avalia quantidade com virtude, destacando que a quantidade é coisa tangível apenas para o corpo ao passo que virtude apenas pode ser alcançada por seres incorpóreos. Para quem lê como um preguiçoso investigador religioso, pode parecer bom de momento algo assim tão breve, mas não podemos esquecer que a quantidade pode ser comparada com os diversos tipos de virtudes.
Agora, Thomás de Aquino quer saber – ou provar – se a alma vive por si só, ou em termos técnicos, se ela subsiste.
Sempre tomando a defensiva, inicia sua tese pelo “parece”, e o faz de forma tal que a pergunta seja feita pelo lado contrário de seus prognósticos, ou ainda, uma afirmação negativa.
Agora ele começa com certa miscelânea entre corpo e alma, onde até então, acima, defendia-se que alma era uma coisa e corpo era outra, ele destaca de forma clara que alma é um composto entre corpo e alma e por ser uma mistura de corpo, que é finito, não pode ser subsistente, eis que tudo o que subsiste pode ser considerado capaz de realizar algo, e a alma não é assim. (Antes ela movia o corpo, agora não o faz mais). Busca amparo, perspicazmente, em outro filósofo para alertar que se a alma tivesse sentimento ou capacidade de operar, seria o mesmo que dizer que ela teria condições para construir coisas. E, segundo Thomás, a alma não é algo de subsistente exatamente por não ter essas virtudes, independentemente do corpo.
Então, sabiamente, depois de toda derrocada apresentada contrária a subsistência da alma, invoca a “alma” de Agostinho novamente, o qual era contrário a esse pensamento, dizendo que a natureza da mente humana também não pode ser vista, mas é substância, todavia, não-corpórea, ou seja, a mente só atua através do corpo, mas não é corpo, a mente por si só subsiste... Como foi Agostinho quem o disse, está dito, inquestionável, por tal, Thomás agora dá um revés em sua linha de raciocínio para defender que a natureza da alma humana não é corpórea e de uma tacada só, afirma ser também subsistente.
Assim sendo, comparando-se à vontade coisas para se chegar onde quer, mantém o exemplo de que o princípio intelectual não tem natureza de corpo algum, e, portanto, não pode conhecer todos os corpos, e assim sendo, impossível que o intelecto seja um corpo. Depois, em sua solução, mistura princípio intelectual com alma ou intelecto, deixando claro que ele tem uma operação própria – acima vimos que a alma não poderia operar – e só pode operar aquilo que subsiste, Logo, a mente, o intelecto ou ainda a alma humana (por que diferenciar alma humana, já que os animais, plantas e objetos não a tem?) é algo sem corpo e que vive por si só! Ora, de onde viriam essas conclusões? De Aristóteles? De Dionísio? De deus? Se até então a alma não podia agir ou operar sem um corpo que refletisse sua manifestação ou ainda seus atos, como poderia a alma ser subsistente? Incorpórea até podemos aceitar, mas com as frágeis demonstrações nada empíricas e menos ainda epistemológicas e totalmente tendenciosas, fica difícil em especial porque adiante em suas respostas ele agora entende de forma diferente – fica em cima do muro.
A alma humana, sendo parte da espécie humana, pode ser considerada um ser específico, em assim sendo, seria algo quase subsistente(!) entendida como qualquer subsistente, de onde estaria excluída a inerência acidental; o segundo seria o composto de alma e corpo, ou ainda um subsistente completo da natureza, de onde estaria excluída a perfeição da parte. Aqui a alma passa a ter novos critérios, ela chega a ser quase subsistente e/ou composta, ou ainda, corpórea... Difícil? Para uma mente livre talvez.
Resultado, efetivamente não consegui definir se alma humana é subsistente ou não, segundo Thomás de Aquino.


CONCLUSÃO
Conclui Thomás, apoiando-se em Aristóteles, ou, como muitos dizem, batizando-o, ao alegar que o homem só é inteligente ou usa seu raciocínio por força da alma; em assim sendo, o fato de precisar de um corpo não impede que ela (alma, intelecto) seja subsistente diferenciando-o novamente do animal, que precisa dos órgãos para sentir. Um deficiente físico, portanto, para Thomás, não teria condições de sentir.
Desfecha dessa superficial análise da obra solicitada, que Thomás de Aquino era um gênio da manipulação. Qualquer um que chegasse àquela época de necessidades culturais religiosas com uma teologia que alcançasse a plebe e a elite – mesmo que a plebe sequer soubesse ler – seria adotado como um santo pela igreja e sugado até seu último sopro de vida em favor de suas ideologias. Talvez, Thomás de Aquino que foi chamado o mais sábio dos santos e o mais santo dos sábios, que tinha sido um padre dominicano, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e cognominado Doctor Communis ou Doctor Angelicus pela Igreja Católica, não esperasse tanto, não esperasse uma revolução, sistematizar o conhecimento teológico e filosófico de sua época.


REFERÊNCIAS

AQUINO, Tomás de. Suma teológica. Trecho: Quest. LXXV, Da alma em si mesma. Artigo 1 e Artigo 2, texto oferecido pelo Professor: Luís Fernando Weffort, Disponível em: http://www.4shared.com/file/89169063/e1c043a0/SumaQ75.html. Acesso em 08 abr 2010.
GUIA DE ESTUDOS. Universidade Metodista de São Paulo. Ed. do Autor. São Bernardo do Campo-SP., 2010. 112 p.
SUMA TEOLÓGICA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Suma_Teol%C3%B3gica. Acesso em: 10 abr 2010.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

HEGEL E A REALIZAÇÃO DA METAFÍSICA.

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS



FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL


SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062




FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval à atividade: Portfolio, Hegel e a Realização Plena da Metafísica. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Luís Fernando Weffort



SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO.............................................................................................................04

3 – CONCLUSÃO....................................................................................................................05

4 - REFERÊNCIAS..................................................................................................................06







INTRODUÇÃO

Apresenta-se como proposta de atividade, a síntese do texto “O primeiro início da filosofia” item: “Hegel e a realização plena da metafísica”, exposição entre quinze e vinte linhas.



APRESENTAÇÃO

Imagino que o “autor” a que se refere o pedido, seja o autor do texto do Guia de Estudos, o Professor Pires. Da leitura de seu trabalho, observa-se que ele busca ilustrar seu foco demonstrando o quanto Martin Heidegger (1889-1976) e Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) se dedicaram a pesquisar se efetivamente há ou não uma separação ou ainda uma junção entre metafísica, ontologia e teologia dentro da ramificação da filosofia.
Consoante o autor nos apresenta, Heidegger, um dos renomes do pensamento filosófico do século XX, passou por um conflito de posição. Ora defendeu a fundição entre teologia e ontologia como áreas que se dedicam a estudar o ente e deus numa mesma sintonia ambígua, tal como na Idade Antiga já propunha o discípulo de Platão, Aristóteles, ora mudou de postura ao passar a defender que essa proximidade não era tamanha a ponto de se misturarem. Uma atitude digna de ser vista com honra, não pela defesa, mas pela coragem de mudar.



CONCLUSÃO

O autor nos mostra que, além da tortuosa jornada a busca maior ainda continuava apoiada na filosofia e a base de suas indagações era a VERDADE e a forma de se ter certeza dela, via consciência absoluta de si e além.
O Professor nos mostra que, tal como Heidegger buscava freneticamente respostas, Hegel também concatenava seu arcabouço na linha metafísica reunindo duas forças; o ENTE mais elevado e a LÓGICA numa jornada que procura manter a cabeça no céu, mas os pés na terra, ou seja, ambas as forças se completam, quando o logos falar de deus, deve usar o logos de deus.


REFERÊNCIA

GUIA DE ESTUDOS – Metafísica, epistemologia e linguagem. Org. Prof. Ms. Daniel Pansarelli.Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo-SP. 2ª Ed. Ed. do Autor. 112.pp. 2010.

domingo, 15 de agosto de 2010

RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS




FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL





SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062






FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL








Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval à atividade de Avaliação Modular. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Wesley Fajardo Pereira



SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO........................................................................................06

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................08

4 - REFERÊNCIAS.............................................................................................10




INTRODUÇÃO

A presente avaliação modular tem como proposta de trabalho explicar o que é a crítica de Martin Heidegger à onto-teo-logia e como ela atinge a Filosofia Medieval e seus conceitos principais.
Para tanto importa que façamos um breve intróito para que se possa compreender melhor o tema que irá ser abordado, a começar pela Metafísica e seus primórdios, sua passagem conturbada pela Idade Média e o neo cristianismo, e sua chegada até os tempos atuais onde existe a necessidade premente de se distinguir Metafísica de Ontologia e ainda Teologia.
Em assim sendo, importa saber, assim como destaca Marilena Chauí, que atualmente a Metafísica também é conhecida por Ontologia e ela procura superar tanto a “antiga” Metafísica que buscava o conhecimento da realidade em si, independente de nós, bem como quer superar também a concepção construída por Kant, que via a Metafísica como conhecimento da realidade como aquilo que é para nós, apresentado pela razão.
Chauí ainda destaca as principais características da ontologia, como o estudo que investiga os diferentes modos como os entes ou os seres existem; investiga a essência ou o sentido e a estrutura desses entes ou seres; investiga ainda a relação necessária entre a existência e a essência dos entes. (CHAUÍ, p. 208. 1999).
Lembremos que a palavra Metafísica, ainda segundo Chauí, foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., após classificar as obras de Aristóteles, e assim, Metafísica era considerada a Filosofia Primeira, cujo estudo era o “Ser enquanto Ser” – importante esse fundamento, pois com o passar do tempo ele é esquecido, e a Filosofia sofre com isso, necessitando de pensadores do quilate de Martin Heidegger para resgatá-lo novamente de forma revolucionária como veremos.
Ontologia passa a ser então o estudo ou conhecimento do Ser, dos entes, ou ainda das coisas, tidas como são em si próprias, reais e verdadeiras. E Metafísica seria aquilo que é condição fundamental de tudo o que existe e de tudo o que puder ser conhecido.
Voltemos um pouco para a Metafísica de Aristóteles.
Chauí destaca que a Metafísica mesmo havia começado com Parmênides e com Platão, mas foi com Aristóteles que tomou forma distinta.
Para o discípulo de Platão, o mundo não era ilusório e sim real, cuja essência é a multiplicidade dos seres e a mudança sem-cessar. Ele considera ainda que a essência verdadeira do mundo natural e dos entes não estaria localizada no mundo inteligível, mas no sensível. Assim, ele afirmava que a Filosofia Primeira (Metafísica) estuda os primeiros princípios e as causas primeiras de todas as coisas e ainda investiga o Ser enquanto Ser.
Assim avança o tempo e inicia-se a Idade Média e com ela o neo cristianismo, neo, pois era nada mais que uma entre as várias religiões orientais, encontrando raízes na religião judaica . Seu foco principal era a distribuição de seu conhecimento Crístico e a conversão dos pagãos, buscando tornar-se uma religião universal.
Em princípio o cristianismo não precisava de uma filosofia, pois buscava a salvação, seu interesse estava na prática e não na teoria. Mas como converter e convencer os intelectuais gregos e os chefes e imperadores romanos, uma elite intelectual, forjada na filosofia? Através da Metafísica.
Encontramos conceitos tradicionais incrustados na Metafísica cristã, vindos do neoplatonismo, do estoicismo e do gnosticismo. As primeiras elaborações cristãs não conseguiram fugir dessas tradições e então manipularam as mesmas em seu favor.
Marilena Chauí demonstra graficamente que do neoplatonismo o cristianismo trouxe o conteúdo espiritualista e místico, onde três mundos (o mundo sensível – matéria ou corpos); o mundo inteligível das puras formas imateriais e acima desses uma realidade suprema inalcançável pelo intelecto de esplendor imaterial.
Do estoicismo absorveu a existência de uma razão universal que produz e governa toda a realidade, via Providência, que seria leis que regem a Natureza.
Do mais criticado de todos, o gnosticismo, aproveitou dois princípios supremos de onde vinha toda realidade: o Bem e o Mal! Através do conhecimento se alcança a verdade plena e total do Bem.
Para começar estava de bom tamanho adaptar os três apenas. Mas percebeu que era o bastante, precisava mais e por isso aprofundou conhecimentos sobre as obras de Platão e Aristóteles, reorganizando a Metafísica grega consoante as necessidades da religião cristã.
É aí que o cristianismo inventa a divisão da Metafísica em três tipos de conhecimento:
A Teologia: que se referia ao Ser como ser divino ou deus. A Psicologia Racional: que se referia ao Ser como essência da alma humana e a Cosmologia Racional, que, por sua vez, se referia ao Ser como essência das coisas naturais ou do mundo. Na Idade Média, começou-se a fragmentar um conhecimento de forma tal que não mais se conhecesse sua própria origem...
Chegamos a David Hume com a Metafísica Clássica ou Moderna onde o intelecto humano podia conhecer o Ser. Depois chega Immanuel Kant e para a Metafísica passa a ser possível o objeto da investigação dos conceitos usados pelas ciências, de todo conhecimento e experiência humana possível. Ou seja, não mais o Ser enquanto Ser – a morte finalmente da essência da Metafísica –, mas a condição universal e necessária da objetividade em geral, é o conhecimento do conhecimento humano.
Em Edmund Husserl a Ontologia passa por nova transformação, surge a Fenomenologia que separa a Psicologia da Filosofia; mantém a consciência reflexiva diante dos objetos e amplia o conceito de fenômeno. Husserl descreve todos os fenômenos ou essências, materiais, naturais, ideiais, culturais. Ainda caminhando pelo sepultamento definitivo da Metafísica na sua base primordial, ele propõe mais, que a Metafísica, o Ser enquanto Ser e as substâncias cedessem lugar a estudos diferenciados com essências próprias e irredutíveis, conhecidas por Ontologias Regionais.
Bem, com essa pá de cal em cima da Metafísica, encerramos esta introdução para enveredar pelo caminho absolutamente revolucionário e admirável que Martin Heidegger propõe para reabilitar o patamar da Metafísica.



APRESENTAÇÃO

Martin Heidegger, (1889-1976) filósofo alemão, se dedica a pesquisar se efetivamente há ou não uma separação ou ainda uma junção entre metafísica, ontologia e teologia dentro da ramificação que a Filosofia vinha sofrivelmente apresentando. Heidegger, um dos renomes do pensamento filosófico do século XX, passou por um conflito de posição. Ora defendeu a fundição entre Teologia e Ontologia como áreas que se dedicam a estudar o ente e deus numa mesma sintonia ambígua, tal como na Idade Antiga já propunha Aristóteles, ora mudou de postura ao passar a defender que essa proximidade não era tamanha a ponto de se misturarem. Uma atitude digna de ser vista com honra, não pela defesa, mas pela coragem de mudar.
Heidegger vem para distinguir Ôntico de Ontológico. Onde Ôntico seria a estrutura de um ente, o que ele é em si mesmo e Ontológico o estudo filosófico dos entes. Ele se esforça para liberar a Ontologia do velho problema deixado pela Metafísica: o dilema do realismo e do idealismo.
No realismo, para termos uma breve ideia de seu trabalho, se eliminar o sujeito ou a consciência restam as coisas, a verdade, o Ser em si. Já no idealismo o cenário se inverte, se eliminarmos as coisas, resta a consciência que põe a realidade. Heidegger, afirma bravamente que ambas estão erradas!
E justifica: se eliminar a consciência nada sobra, pois as coisas existem em nós. Se eliminarmos as coisas, também nada resta, eis que não podemos viver sem o mundo... (CHAUÍ, p. 306-7, 1999).
Na nova Ontologia estamos no mundo e o mundo é mais antigo que o ente, mas o ente é capaz de dar sentido a esse mundo antigo, conhecê-lo e até transformá-lo. Não somos pensamento puro, pois somos um corpo. Somos seres temporais. Transitórios.
Heidegger considera transcendental "toda a manifestação do ser no seu ser transcendente" entende que é um caráter que só pertence ao conhecimento na medida em que revela o mundo. Heidegger critica o conceito do eu como "sujeito isolado". "O conhecer, é um modo de ser do estar no mundo.", afirma Heidegger.
Heidegger surge depois com sua onto-teo-logia. Que seria um neologismo – do qual é fã – onde se construiria um estudo ontológico da teologia. Surgem dúvidas: Como deus e o pensamento lógico se articulam na constituição da ontologia no pensamento metafísico? Heidegger passa a caracterizar o pensamento metafísico como teológico. (PIRES, p. 24, 2010).
Como nos mostra em seu texto no Guia de Estudos, o Professor Pires demonstra que Heidegger percebe a necessidade de superação da Metafísica da forma como vinha se apresentando, urgindo a necessidade de se retornar à tradição. Era imprescindível abandonar os conceitos criados para a Metafísica no curso da história, durante a Idade Média e a Modernidade, tais como adoração, cultuação, métodos, regras, separações naturais, física e voltar ao principal: o Ser enquanto Ser.
Destruir a Ontologia e a Teologia era fundamental para Heidegger a fim de voltar a ser livre e pensar e perceber com liberdade o Ser.
Para Heidegger O ser acabado é sempre projeto, um vir a ser. Neste sentido, o homem é problema para si mesmo. E, pelo fato de ser problema, é barreira a ser superada. Ser mais é o desafio que se coloca à sua frente. Ao mesmo tempo, ele é um ser no mundo, como diria Martin Heidegger, ou melhor, um ser social.
A discussão que envolve deus é exatamente a questão da discussão sobre o Ser. Deus não é uma exigência lógica, não se pode cultuar ou adorar, ou ter com ele qualquer relacionamento. Quando se proclama deus como um valor supremo, isso significa uma degradação de deus e impede o pensar do ser-aí. Este deve ultrapassar a Metafísica. Deus se desvela com o ser do ente. Esse ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente. Analisando deus conforme é concebido pela teologia cristã judaica, o pensamento não se aproxima do deus divino, segundo Heidegger; quando abandonamos essa forma tradicional de pensar deus, tal pensamento, então livre, se sente impelido a abandonar deus e, desta forma, o pensar atua isento de conceitos para o divino do que a onto-teologia queira reconhecer.
Um pensar livre de adoração e cultuação não quer dizer ser ateu, mas sim aproximar-se verdadeiramente do divino.


CONCLUSÃO

Acredito que Kant estava equivocado... Somente em Heidegger é que despertamos do sono dogmático. Em Heidegger, não se pode falar nem em teísmo, tampouco em ateísmo. Nem crente, nem ateu. Não é possível falar de deus, com todos seus atributos, nem negar esse deus. Fazer isso é objetivá-lo, é colocá-lo sob os paradigmas do ente. Pois o SER “é ele mesmo”. A metafísica, ao falar do Ser como Deus, tematizou não o Ser, mas o ente. O “ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente.” Qualquer representação do Ser também como deus, seria reduzi-lo a ente.
Conforme nos ensina o Professor Pereira em sua tele-aula, quando se proclama deus como o valor supremo, significa degradá-lo, pois o pensar através de valores humanos é uma blasfêmia. Deus só pode ser pensado enquanto o outro do ente. Isto é, o nada – deus não pode ser tematizado, é o nada. De certa forma este outro é um véu do Ser, o nada, não o vazio, mas o nada que dadifica, que esconde a verdadeira realidade do Ser, mas ao mesmo tempo o revela como o Nada. Não se pode tematizar deus segundo os padrões do mundo ôntico, a não ser a partir de referenciais que se desconhece. Em Heidegger, Deus se apresenta se ocultando.
O Ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente. Não se pode objetivar o ser, pois ele não é um Ente, e a relação sujeito-objeto se dá num plano ôntico, entre os Entes, se o Ser foge do plano dos seres, ele não pode ser objetivado nesse sentido. Só se pode objetivar as coisas que permitem no plano ôntico, no mundo lógico racional, o Ser foge desse plano. Caso contrário seria entificado e assim seria degradado, menor do que é.
Magistralmente para Heidegger o pensamento ateu está mais próximo do ser divino. Pois, o teísmo tenta falar de deus, o que crê nele ao falar de deus o reduz ao mundo ôntico.
O esquecimento do Ser, próprio do começo da filosofia ocidental, fez com que esse ser fosse o não-pensado. Ou seja, a Metafísica não mais pensasse o ser nele mesmo, apenas através do plano ôntico. A Metafísica trouxe um legado, aquilo que ela não pensou sobre o Ser. Essa é a dica para pensar nesse novo começo em Heidegger. Esse esquecimento do Ser é o que não foi pensado sobre ele. Ela continua sendo uma indicação do caminho que agora o Ser-aí, o ente, o homem deve fazer na busca de sua essencialização.
Nas Contribuições para a Filosofia Heidegger pretende a manifestação essencial a partir do próprio Ser. Heidegger quer a essência do Ser, a partir do Ser, não mais a partir do ente!
Na primeira fase, como dissemos, Heidegger trata do fato do homem como o único ser que se abre para o Ser e ele busca assim se aproximar do Ser através do Ente.
Na segunda fase ele busca o Ser na essencialidade não mais a partir do ser-aí, do ser mesmo.
Em Heidegger Ser é fundamento. O fundamento do Ser permanece fora do Ser. Então o Ser com fundamento não pode ser o Ser como fundamento da Metafísica, que é um ser definido, determinado, criado pelo ente. O fundamento é a partir do próprio Ser.
O último deus para Heidegger, que abre a possibilidade do Ser se manifestar no Ser-aí, depende do acontecimento-apropriador (que não é o último deus, mas que permite o acesso a ele), com ele este sinal coloca a lente no mais extremo abandono do Ser e irradia, por sua vez, com a verdade mais íntima do brilhar desse abandono. O acontecimento-apropriador coloca o ente no total abandono do Ser enquanto Ser da Metafísica. Assim esse abandono traz o plano íntimo desse Ser. (PEREIRA, 2010).
Uma pessoa que tem a coragem de chegar ao limiar do ateísmo para provar o teísmo da maneira como ele se propôs a fazer merece aplausos.


REFERÊNCIAS


CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. Ed. Ática. São Paulo-SP. 1999.

GUIA DE ESTUDOS. Meafísica, Espistemologia e Linguagem. Organização de Daniel Pansarelli. Universidade Metodista de São Paulo. Ed. do Autor. São Bernardo do Campo-SP. 2010.

PASCAL, Georges. Compreender Kant. Ed. Vozes. 2ª Edição. Petrópolis-RJ. 2005.

PEREIRA, Wesley Fajardo. Teleaula. 13 abr 2010.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia – Antiguidade e Idade Média. Vol. I. – Vol. II – Do Humanismo a Kant. – Vol. III – Do Romantismo até nossos dias. 3ª Ed. Coleção Filosofia. Ed. Paulus. São Paulo-SP. 1990.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A POLÍTICA NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS



FUNDAMENTOS DA ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA
A POLÍTICA NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA





SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2009
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS
Nº 161062






FUNDAMENTOS DA ÉTICA E FILOSOFIA POLÍTICA
A POLÍTICA NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA








Trabalho apresentado ao módulo Fundamentos da Ética e Filosofia Política sob o tema “A Política na antiguidade clássica”. Exercício de reflexão: resposta a questões propostas. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Pólo Londrina.

Professora: Suze Piza





SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2009
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 - APRESENTAÇÃO........................................................................................04

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................06





1 – INTRODUÇÃO

A exposição do presente material abaixo elaborado é um retrato sem pretensões profundas, mas que busca trazer à luz aspectos importantes na obra de Platão (A República), muito embora trabalhado tão somente no Livro IV e outras leituras de base.
Essencialmente busca-se cumprir uma proposta do trabalho apresentada pela Professora Suze Piza, a qual se configura em ler o livro IV de A República e em seguida responder às seguintes indagações: 1) Quais virtudes devem possuir a cidade perfeita? 2) Quais classes têm a cidade? 3) Quais os elementos presentes na alma do indivíduo?
Entretanto, é possível compreender a sutileza e a qualidade do que se garimpa no texto, em especial aos valores do ser humano em prol de uma vida voltada para o bem comum na coletividade de uma sociedade. Acompanhemos as respostas.


2 - APRESENTAÇÃO

De posse do material fornecido e realizada a leitura, passa-se à resposta dos quesitos:
Primeiro. Dialogando com Glauco sobre a cidade perfeita, às fls., 208, Sócrates – através de Platão – faz a seguinte conclusão: “- Espero – continuei – encontrar o que procuramos da seguinte maneira: se a nossa cidade foi bem fundada, ela é perfeitamente boa. – É evidente. – É, portanto, evidente que é sábia, corajosa, temperante e justa.” (Grifo meu). Por tal, em sua obra, Platão deixa claro, inclusive consta das notas explicativas, as “quatro virtudes cardeais”: sabedoria, coragem, temperança e justiça.
Segundo: A resposta ao segundo quesito poderia ser breve e sucinta, mas importa que se demonstre as indicações que percorrem o texto onde podem ser encontrados mais do que meramente uma “classe” e sim suas próprias posições. Sócrates e Glauco no decorrer da conversa, vão montando a cidade e povoando-a com seus personagens para que a mesma seja completa: guerreiros, cortesãs, lavradores, oleiros, atletas, crianças, cidadãos, mulheres, guardiões, legisladores, carpinteiros, ferreiros, tingidores, magistrados, governantes, governados, chefes, escravos, homens livres, artesões, sapateiros; estes os anunciados no Livro IV. Agora, apresenta-se um quadro onde as classes são divididas em: Chefes: sabedoria, coragem, temperança; Guardiões: coragem, temperança e Povo: temperança, destacando-se nesse quadro os mais fortes, os médios e mais fracos. Ficando claro que as classes são uma somatória de todos os habitantes e profissionais de uma cidade exemplificados acima, que se encaixam em Chefes, Guadiões e Povo.
O Terceiro quesito é mais amplo e misterioso. Vejamos de perto. Os elementos presentes na alma do indivíduo passeiam pelo diálogo, onde se pode constatar (p. 214) que:
há na alma humana duas partes: uma superior em qualidade e outra inferior; quando a superior por natureza comanda a inferior, afirma-se que o homem é senhor de si próprio [...] a parte inferior que é menor, se vê dominada pela massa dos elementos que compõem a inferior.

Então, de pronto tem-se que a alma do indivíduo se divida em duas partes, uma superior e outra inferior. Mas não paremos aqui. Depois, verifica-se à p. 221 a comparação do indivíduo com a cidade perfeita, onde cada uma das partes se ocupa de sua própria tarefa: temperante, corajosa e sábia, e por tal o indivíduo merece os mesmos nomes que a cidade. Mas ficam patentes apenas três elementos na alma (inclusive levantado à p. 230): o racional, concupiscível e o irascível. Mas esse raciocínio logo é abandonado para à p. 231 verificar-se que “realmente reconhecido haver na cidade e na alma do indivíduo partes correspondentes e iguais em número.” Portanto, se a cidade perfeita teria quatro partes, a saber sabedoria, coragem, temperança e justiça, conforme se estabelece na primeira resposta, o homem também terá em sua alma as mesmas virtudes.
Mas Sócrates vai mais longe e no final de seu diálogo, lança uma incógnita: “- Poderia acontecer – repliquei – que houvesse tantas espécies de almas quantas as espécies de constituições políticas. – E quantas há? – Cinco espécies de constituições e cinco espécies de almas.” Mas, segundo ele, isso não importa para a cidade perfeita, enquanto os mesmos (chefes) observarem os princípios da educação apresentados no curso diálogo.


3 – CONCLUSÃO

A utopia fica plasmada nessa parte da obra trabalhada. Um sonho platônico. Hoje a realidade e as condições de habitações são distintas daquelas da era de Sócrates. As pessoas buscam não ter problemas em suas vidas. Querem viver e viver bem, todavia esbarram numa dificuldade: o esforço é necessário para se conquistar o conforto e a opção de viver bem (ou melhor do que se vive). Os limites encontram-se na vontade do indivíduo. Aqueles de vontade fraca ou mais conformados se acostumam a viver singelamente – isso não implica que estejam certos ou errados, mas resulta numa cidade cujos governantes não mais têm o condão de atuar diretamente sobre a pessoa.
O governo federal de todas as nações prima por trazer a educação para seus habitantes, entretanto, não se vê mais a caça àqueles que fogem dos estudos convencionais oferecidos (não se discute aqui a qualidade de tal ensino) tal como acontecia na Europa pós-guerra onde se arrancavam os jovens dos campos à revelia dos pais e faziam com que tivessem uma escolaridade.
Hoje o governo (Brasil) investe fortunas na esperança de cativar esses mesmos jovens a voltar sua consciência para um estudo, uma construção racional e mental que o ilustre e o prepare para uma vida melhor. Assim, ele terá condições de escolher, pois haverá escolha.
Platão – via Sócrates – imaginava essa cidade perfeita. Mas sabia que isso não seria possível tanto que não demonstrou isso para seu próprio povo como sua ideia, e sim de uma época anterior, vinda de Sócrates – muito embora este tenha sido mestre daquele. Mas ele fez seu papel. Filosofou de maneira útil e deixou isso para que os governantes ou os responsáveis pela polis, não só da Grécia, mas de toda uma civilização, saibam a base para a formação – gestão – de uma cidade politizada e harmoniosa.

terça-feira, 18 de maio de 2010

ÉTICA, POLÍTICA E MODERNIDADE





CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA







RICARDO LUIS DO PRADO
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS
RODRIGO FONTOURA MASSI






MÓDULO: ÉTICA E POLÍTICA. POLÍTICA E MODERNIDADE
DISSOCIAÇÃO ENTRE ÉTICA E POLÍTICA NO PENSAMENTO DE NICOLAU MAQUIAVEL












SÃO BERNARDO DO CAMPO
2009


RICARDO LUIS DO PRADO
REGISTRO ACADÊMICO: 163325

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS
REGISTRO ACADÊMICO: 161062

RODRIGO FONTOURA MASSI
REGISTRO ACADÊMICO: 161094





POLÍTICA E MODERNIDADE: DISSOCIAÇÃO ENTRE ÉTICA E POLÍTICA NO PENSAMENTO DE NICOLAU MAQUIAVEL








Este trabalho acadêmico de cunho filosófico tem a intencionalidade de explanar os conhecimentos a respeito da política em Maquiavel bem como as ideias apresentadas no texto de Lebrun; em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Pólo Londrina.


Professora: Suze de Oliveira Piza








SUMÁRIO






INTRODUÇÃO:..................................................................................................03

PRÓLOGO:........................................................................................................05

1.0. DISSOCIAÇÃO ENTRE ÉTICA E POLÍTICA NO PENSAMENTO DE
NICOLAU MAQUIAVEL:..................................................................................08

2.0. POLÍTICA E PODER, TOMADA E MANUTENÇÃO DE PODER:.............11

CONCLUSÃO:...................................................................................................13

REFERÊNCIAS:................................................................................................15

ICONOGRAFIAS:..............................................................................................17















INTRODUÇÃO

O filósofo francês Augusto Comte, jamais poderia imaginar como uma nação como o Brasil, na adolescente América Latina, poderia se encontrar hoje, em princípios de século XXI, quando proferiu sua sentença maior sobre ordem e progresso, a qual veio imortalizar nossa bandeira pátria. Sua visão otimista na Europa atribuía o progresso ao desenvolvimento das ciências positivas, ciências estas que permitiriam ao ser humano “saber para prever, prever para prover”, de modo que o desenvolvimento social se fizesse por aumento do conhecimento científico e do controle científico da sociedade. (CHAUÍ, 1999, p. 49). Passado mais de um século desde Comte, a política e a moralidade parecem continuar a se chocarem na ânsia desse “controle científico da sociedade”.
O dogma da ética implantado no cérebro da humanidade desde os primórdios dos tempos dita uma consciência, consciência esta criticada dura e constantemente por Nietzsche em suas obras. O ser humano vive como se fosse um existencialista precoce, sabendo ser finito, busca encontrar o sentido de sua existência o mais breve possível, de preferência de posse de uma boa quantia de dinheiro.
A razão passa a ser uma ilusão, a falsificação da realidade a serviço da exploração do homem para dominar seus semelhantes.
Em seu “Discurso do Método”, Descartes sonhava: “E eu sempre tive imenso desejo de aprender a distinguir o verdadeiro do falso, para ver claro nas minhas ações e caminhar com segurança nesta vida.” (DESCARTES, parte I).
Lebenswelt é citado por Arcângelo Buzzi, em sua obra: Introdução ao Pensar nos seguintes termos: “O pensamento, na atividade teórica, luta por alcançar o conhecimento da atividade prática, o mundo da vida.” (BUZZI, 1972, p. 16).
Espremidos por necessidades de toda sorte, determinamos as coisas, impomos-lhes um sentido de interesse, recolhemo-las sob o teto de fins particulares, Todas as substância estão no devir, todas se transformam. Na transformação não perdem a identidade porque são ato e potência. Isto quer dizer que cada substância, embora seja atual, se abre a mudanças imprevisíveis. Todos esses pensadores de outrora (e também os contemporâneos) tiveram sua observação em determinado momento de suas vidas, voltada para o homem como indivíduo governante e governável. O poder do Rei, o poder do César, o poder do troglodita das cavernas, o poder da religião, do mito, sempre o poder envolto por um manto místico e misterioso repleto de nuances egóicas e individualistas. Sócrates foi assassinado sob o pálio desse mesmo poder; Jesus foi assassinado sob o pálio desse mesmo poder; Tiradentes foi assassinado sob o pálio desse mesmo poder. Quem estava eticamente correto e quem estava moralmente errado?
Seria o “poder” algo dotado de vida própria programado ou com onisciente que rege a tudo e a todos com intenções únicas de sua manutenção no status de “poder”?
É com base nessas premissas que abordamos alguns pontos interessantes que marcaram a história da humanidade; aspectos de ética, moral, política e, claro, poder assombram e encantam até hoje. Maquiavel foi um dos precursores dessa libertação ética e moral nos bastidores do poder, tanto que foi abertamente criticado e ocultamente adorado.
Não nos olvidemos, todavia, de que nossa vontade de poder produz a ciência e todos os efeitos que ela venha causar.



Prólogo


Existe uma brincadeira de tom pejorativo que quando uma pessoa demonstra ser muito egoísta eles recitam a introdução da oração do pai nosso de uma forma jocosa: “Vem a nós o seu reino, seja feita a minha vontade.” Quando se fala de poder, egoísmo, moral, ética, com certeza os vigilantes de plantão estão prontos a criticar, mas quando esses mesmos vigilantes precisam inventar uma mentira para se ausentar do trabalho ou convencer um cliente a adquirir um produto no comércio, não hesitam em fazê-lo sem o menor escrúpulo, repousando tranquilamente suas cabeças em seus travesseiros à noite.
É frequente referir duas dimensões da moral: o seu caráter social, a intimidade, a consciência crítica do sujeito moral. Argumenta-se a favor de uma dupla dimensão com as ideias de que: a) sem a liberdade individual não há moralidade (só pode ser moralmente obrigado o sujeito livre); b) o homem é um ser social e qualquer dos seus atos afetam, de algum modo, os que com ele vivem. Contudo, não é pacífico o modo de entender a relação entre essas dimensões. Segundo alguns, existe uma teoria chamada “teoria do egoísmo ético”, ou melhor, a pessoa deve agir em função do seu interesse pessoal não importando os meios para tal; o único compromisso de um indivíduo consiste em agir de tal forma que, de sua ação, resulte sempre um número maior de benefícios do que de prejuízos para si mesmo. Ao agir, o indivíduo deve sempre refletir sobre as vantagens que sua ação poderá lhe trazer e deverá sempre optar pela ação que lhe traga mais benefícios, mesmo que ela implique em prejuízos para os outros. Como já ficou popular entre nós, para o egoísta o importante é “levar vantagem em tudo”.
Gerson (o ex-jogador que fez o comercial que tinha esse slogan) não esperava essa repercussão tão sombria nos dias vindouros, tampouco o próprio Maquiavel, ter seu nome associado a termos malévolos, ambos não queriam o mal, mas eles conseguiram abrir a caixa de pandora da antieticidade, e assim, muitos passaram a crer que os fins justificam os meios, e por assim dizer, a manutenção do poder a qualquer custo, olvidando-se o bem comum como fim social e humano.
Essa mesma “ética” pode ser considerada a moral do amor próprio expressão esta mais amena que "egoísmo", uma pseudo-forma de se justificar perante a sociedade e ante os olhos que tudo vê. Observa-se que nenhuma ética laica nos impõe a renúncia ao que somos, antes pretende a melhor realização do que somos. Chamamos de valor e concedemos valor àquilo que mais nos interessa: isto é válido tanto para a ética como para o direito, a política, o comércio, o amor. E assim é o ser humano! Como é que uma moral caracteristicamente antiegoísta como a kantiana pode, no entanto, centrar-se no lema de que cada homem é um fim em si mesmo e preconizar a autonomia moral do sujeito e de todos?
O “eu” que sabe o que lhe convém, de onde provém e como durar mais e melhor não só não é antisocial, como pelo contrário, interioriza e reforça as razões da sociabilidade, mesmo que de forma vedada. Esse “eu” que tenta conservar e potenciar não é nada sem o reconhecimento humano, sem a vinculação social, sem a garantia de seus direitos de cidadão.
Savater, Espinosa, Hobbes, todos esses filósofos modernos teorizaram sobre a fundamentação dos valores sobre o amor próprio, tal como Maquiavel à sua maneira revolucionária.
Espinosa, assim como Maquiavel, enxergava os seres humanos como eles são: passionais e racionais, bondosos e perversos. Se a razão e a emoção estão sempre em confronto em nossa natureza, isso não nos deve servir de pretexto para renunciar à racionalidade, pois vivemos em sociedade. Hobbes atribuiu o nome de conatus à energia que impulsiona o homem a vencer sempre, a agir, a viver. Todos temos conatus e, segundo Maquiavel, todos querem o poder e se manter nele, claro, pois assim defendemos nossos próprios interesses sob o argumento de defender o de todos; o egoísmo moral já citado: um viver para preservar a si mesmo. A “virtuosidade”; o agir pensando na felicidade do amado, assim, não aparece como condição para a felicidade platônica, eis que tal amado é o si próprio.
O Professor Ribeiro entende que no trabalho de Maquiavel existe uma problemática: “Como passar da força bruta ou da violência ao poder, que depende do consentimento dos dominados?” (RIBEIRO, 2009). Ele mesmo encontra a resposta: Maquiavel analisava a história, a experiência, pois “sempre venceu quem mais pensou no êxito do que na moral ou na salvação da alma.” Assim foram os grandes conquistadores, os grandes estadistas. O interessante é que se vislumbra, segundo o mesmo Professor, duas éticas na obra de Maquiavel, uma cristã, preza a salvação da alma, e outra a pagã (O Príncipe), que valoriza a polis, a cidade, este mundo. Observa-se que houve uma contaminação e uma desvirtuação desde então, em cima da justificativa “revolucionária” e antimoralista que Maquiavel defenderia. Ou melhor, cada um torceu sua obra da melhor forma que lhe convinha.


1.0. Dissociação entre ética e política no pensamento de Nicolau Maquiavel




Para entendermos o pensamento político na obra o “O Príncipe” de Maquiavel, se faz necessário que se mergulhe no contexto ao qual o filósofo estava inserido em sua época. Maquiavel viveu na época da renascença na Itália. Nesta época reinava grandes conflitos internos no poder interno entre os principados. A tirania reinava em pequenos principados, até mesmo casas sem possuir a dinastia devida, entravam no poder despoticamente. Devido à ilegitimidade do poder, gerou crises e instabilidades permanentes, onde somente o pensamento político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários, eram capazes de manter o príncipe. De 1498 a 1512 foi secretário da segunda chancelaria da República de Florença, com responsabilidades pelas relações exteriores e a renovação da milícia cívica doméstica. Seu cargo envolvia numerosas missões diplomáticas dentro e fora da Itália.
O pensamento de Maquiavel entrou para a história de maneira caricatural e deturpada, tendo o seu nome servido à criação do adjetivo “maquiavélico”, sinônimo de dissimulação, falta de escrúpulos e oportunismo. Devido a isso, foi-lhe atribuído a seguinte máxima: os fins justificam os meios.
Seu pensamento expressa, pela primeira vez na história da filosofia, a compreensão de uma ética que não se encontra fundada em valores supremos, mas que possui como solo as necessidades políticas de cada nação. Se há um bem, posto como finalidade na obra de Maquiavel, este não possui caráter absoluto: antes, o bem é imposto pela contingência histórica da ética em um determinado momento de seu percurso. Ele vê um mundo concreto com seus conflitos, não se deve pensar em um ideal a ser seguido. Na compreensão deste autor, o bem a ser procurado em sua época é a construção de uma nação italiana unificada, regida por um só governo, possuindo uma só lei e um só exército.
O bem não pode ser buscado na natureza humana tomada em seu aspecto individual, pois é da natureza humana buscar, por princípio, o prazer individual imediato, cuidando cada um sem seus próprios interesses. Se o bem pode ser identificado com a ordem harmônica de um Estado fortemente constituído, não há, no entanto, uma forma ideal que este deva alcançar. A excelência de um modo de organização depende da constituição do povo governado, a das relações entre estes e seus governantes. È preciso sempre observar qual é o melhor modelo a adotar em cada situação particular. A liberdade é assim oriunda das relações dinâmicas entre governantes e governados.
A excelência política de um governante se funda na posse da virtù. Essa é compreendida como a capacidade de entrar em sintonia com a fortuna, que designa, por sua vez, os percalços da história, compreendida como sucessão de desdobramento cíclico e retornos. O homem de virtù é aquele capaz de agir conforme o momento propiciado pela fortuna, ou seja, a sorte de momento no desdobramento das circunstâncias. No sentido grego, a virtus significa a força do guerreiro, a capacidade de perceber o jogo político em sua volta, portanto a possibilidade de interferir nos rumos da história sempre a seu favor. Neste sentido, os valores éticos são submetidos a sua aplicabilidade prática. Será designado “bom” o governante capaz de cometer o mal tanto quanto o bem, na manutenção de um Estado forte e coeso. Manter o poder é fundamental para Maquiavel. Por isso Maquiavel afirma que é mais vantajoso que o príncipe seja temido do que amado. É muito mais difícil que alguém tente enganar outro alguém que lhe provoque temor do que alguém que o ama.
Um outro ponto a se ressaltar é que a intenção do filósofo nessa obra “O Príncipe” não é a de estabelecer diretrizes de ética e bom caráter que um rei ou governante deveria seguir em uma sociedade ideal. Maquiavel deixa claro que não está falando de um reino ou principado existente apenas na imaginação dos homens. Segundo ele, teorizar sobre uma sociedade que não existe na realidade não faz sentido, pois o que é pensado para ela nunca vai encontrar condições de se realizar em um país de verdade.


2.0. POLÍTICA É PODER, TOMADA E MANUTENÇÃO DE PODER.

A política é e sempre foi poder. A política pode exercer sua capacidade de autoridade de diversas formas, inclusive quando se determina a tomada de manutenção desse mesmo poder pela força, mas de modo preciso e adequado, conforme as circunstâncias do regime, sob o pálio de que tudo que é ordenado para o domínio da sociedade deve ser cumprido e avaliado (pelo governo).
O domínio do poder pode obscurecer as relações de quem o opera, e até mesmo de quem o cumpre, considerando-se que estão em um sistema entrelaçado de ordem de imposição, ou sistema institucionalizado, com uma observação que outros tipos de sistemas também ditam a ordem social, a cultura local, os conceitos, os preconceitos, a religião, a crença, instituições privadas, ONG (s), paixões coletivas, etc., o que leva uma análise específica de cada caso gestor do comando, a fim de se aquilatar o grau de obscuridade eventual. Mas assim esbarra-se numa nova problemática: a quem competiria essa análise e possível correção?
O exercício de uma voz de mando não pode ser imposto contra a vontade do povo, haverá resistência; a política democrática elege cidadãos que por eleições detém esse poder, o Estado deve reger esse poder lhe outorgado para fins comuns e/ou coletivos, a repressão somente deve ocorrer em casos onde já se perdeu os limites impostos pelo controle da moral sob qual a sociedade se conduz; a sociedade respeita a tomada de poder, desde que legítimo, sua infração impõe uma punição prevista em Constituição, afinal, em uma “democracia política” não se pode ter organização, sem dominação, sem liberdade expressa em lei para governar. Em si, a sociedade avalia esse sistema de regimento do poder político verificando os prós e os contras. O poder não é uma coisa, ou objeto, é uma ideologia da sociedade, e a sociedade é quem decide quem é empossado por este poder, quem pode ser o político e quanto pode até receber de salário; teoricamente a sociedade decide a vida política de todos os políticos.
Infelizmente as minúsculas parcelas da sociedade, que são os políticos “profissionais”, democraticamente eleitos agentes da vontade popular, trabalham com todos seus poderes plenos para que a sociedade perca sua tomada de decisão, e que façam esta pensar que o poder de um governante se torne uma condição natural, e isto causa na sociedade relações de injustiça e desigualdade, colocando a culpa até em Deus, que todos se tornem dependentes da “providência Divina”, é a cultura do “analfabetismo político”, onde escola, saúde, emprego, e até a sua base salarial, dependem desta política de poder, ou melhor, deste poder político. Culmina-se na frase: “cada povo tem o governo que merece.”
O poder é tão gigantesco, que o político não precisa nem suplicar o voto para o eleitor, é o eleitor quem dá o voto ao político, é preciso que os pensadores, filósofos, formadores de opinião, ingressem numa grande cruzada a fim de transmutar o “analfabeto político” em “consciente político”, isto é um tentar mudar a história e a sociedade do futuro; o poder da razão impera sobre todo corpo social, afinal todo poder emana do povo, pelo povo e para o povo. A política decide a nossa vida, de nossos filhos de nossos netos, e se voltarmos nossos olhos observaremos que decidia a vida de nossos pais, avós, e toda uma árvore genealógica que se vai longe... O verdadeiro poder é nosso, e ignoramos isso.
Gerard Lebrun, em seu artigo “O que é poder?” demonstra claramente que o poder, a força não significa a posse de meios violentos, coercitivos, não é subverter as informações para adquiri-lo, a força é a canalização da potência, uma potência de agir no corpo com determinação e consciência voltada para o bem comum, a partir do momento em que continuemos a viver em sociedade como cidadãos “civilizados”. Fica claro em seu curto texto que os partidos, os sindicatos, um ladrão ou uma amante possuem poderes políticos, o que nos resta saber é como esses mesmos potenciais serão utilizados.




CONCLUSÃO

O Professor Nascimento faz menção sobre o poder e sabedoria em seus objetivos preambulares ao texto no Guia de Estudos: “O uso da força e da violência na política, que em princípio parece imoral, pode revelar-se como uma virtude se aplicado com sabedoria.” (NASCIMENTO, 2009, P.71), a questão maior é quem ousaria ter essa pretensa sabedoria a fim de aplicar a força com equidade? O político de carteirinha? O cidadão que somente conhece os problemas da porta de sua casa quando o lixeiro não recolhe seu saquinho de restos? Os professores, os atletas, os miseráveis, os empresários, os jornalistas, os estudantes? Quem assumiria essa responsabilidade? Afinal, virtudes não se encontram em árvores! Mas a resposta talvez esteja exatamente aí! Tendo em conta que todos possuímos defeitos, somos propensos ao egoísmo, à pensar somente em mim, em mim, qualquer um de nós com vontade pode chegar a ser um político com voz de mando, afinal somos um “animal político” em potência.
Virtu e fortuna podem estar ao alcance de todos e de “qualquer um”. Tendo em conta que a capacidade de discernir sobre a melhor ação a ser tomada diante das circunstâncias sempre em constante devir ocorrem sempre que se pretende um fim desejado, nós, você, ele, ela, podem e são políticos a todo instante. Diz um provérbio árabe antigo mais ou menos assim: “Nunca chame de honesta uma pessoa que não teve oportunidade de roubar.” A política, infelizmente, hoje é sinônimo de ladroagem. Infelizmente, pois nem todos querem reger uma Nação, um Estado, uma Cidade, até mesmo sua sala de aula - muito embora tenhamos potencial para isso -, e exatamente por essa falta de anelo é que se elege alguém com vontade voltada para esse fim, e espera-se dele, como gestor de nossa própria vontade, que ele administre coesamente. Ocorre que todos somos egoístas e só pensamos em nós. Quando um governante pensa no coletivo, muitas vezes não agrada certas minorias e assim ele se converterá em tema nas conversas de bares de esquina.
Misturarmos ética, moral e política é um caminho tortuoso, Maquiavel já havia profetizado: “Na verdade, aquele que, num mundo cheio de perversos, pretende seguir em tudo os ditames da bondade, caminha inevitavelmente para a própria perdição.” (MAQUIAVEL, 2001, p. 37). (Grifo nosso). Não se pode na política, agradar a “gregos e a troianos” simultaneamente. Pactos são selados, conchavos entabulados, alianças realizadas, viagens para estes e aqueles rincões com fito sempre de “levar vantagem”, em nome dos governados – mas se tiver uma comissão por fora e ninguém souber, tudo bem, afinal o que os olhos não veem o coração não sente.
Será que estamos realmente presenciando os dias do viva e deixe viver? Urge que tomemos consciência política e mais, individual! Respondendo à nossa indagação inicial desta conclusão, conciliar nossa liberdade individual com uma vida política se faz premente, mais ainda quando se compreende uma sociedade igualitária em desejos, necessidades e vontades de poder, esse “poder” não é só estar num gabinete com terno e gravata ou um tailleur, mas um poder comprar uma TV a cabo; poder adquirir um plano de saúde; poder pagar uma faculdade; poder realizar uma viagem ao Egito; poder simplesmente ficar filosofando. Ninguém pode salvar-nos, nenhum recurso exterior que nos possa trazer a liberdade; a liberdade não pode vir senão – sendo um pouco poético - do fundo de nossos corações, do esforço de nossa vontade, assim o animal-político pode governar e ser governado.



REFERÊNCIAS


ARRUDA, José Maria. Disponível em: http://www.unifor.br/notitia/file/1557.pdf. Acesso em: 27 maio 2009.


BUZZI, Arcângelo R. Introdução ao pensar: o ser; o conhecimento, a linguagem. 33. ed. Ed.: Vozes. Petrópolis-RJ. 2007. pp. 260.


CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 12. ed. Ed.: Ática. São Paulo-SP. pp. 439.


Dicionário de filosofia de Cambridge. Ed. Paulus. [S.l.]. 2006.


FILOSOFIA 10º ANO. Disponível em: http://ocanto.esenviseu.net/novo10/etica3.htm. Acesso em: 27 maio 2009.


FURTADO, Pedro Calabrez. Disponível em: http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_9/contemporanea_n9_pcalabrez.pdf. Acesso em: 27 maio 2009.


LEBRUN, Gerard. O que é poder? Ed.: Brasiliense. São Paulo. 1980.


MAQUIAVEL, N. O príncipe. Ed.: Martins Fontes. São Paulo. 2001.


MARIOTTI, Humberto. Disponível em: http://www.geocities.com/pluriversu/espinosa.html. Acesso em: 27 maio 2009.


NASCIMENTO, Rodnei. A política no mundo moderno: Autonomia da política em O Príncipe de Maquiavel. Guia de Estudos. Ed.; Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo-SP. 2009. pp. 91.


PECORARO, Rossano. Os filósofos clássicos da filosofia. Volumes: I, II e III, Ed. Vozes. [S.l.].2009.


RIBEIRO, Renato Janine. Um pensador da ética. Disponível em: http://www.renatojanine.pro.br/filopol/pensador.html#topo. Acesso em: 25 maio 2009.


ICONOGRAFIAS


Figura: 01. O Pensador. Disponível em: http://blog.educastur.es/pipa333/2009/03/17/concurso-de-imagenes-filosoficas/. Acesso em: 31 maio 2009.


Figura: 02. Nicolau Maquiavel. Disponível em:
http://www.duplipensar.net/artigos/200x/principe-continua-atual-nicolau-maquiavel.html. Acesso em: 03 jun 2009.


Figura: 03. - Gerard Lebrun. Disponível em: http://veja.abril.com.br/221299/imagens/datas2.jpg. Acesso em: 04 jun 2009.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

PROBLEMAS, QUESTÕES, RIGOR E PAIXÃO: SOBRE PESQUISA

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS




INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
PROBLEMAS, QUESTÕES, RIGOR E PAIXÃO: SOBRE PESQUISA





SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2009
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062






INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
PROBLEMAS, QUESTÕES, RIGOR E PAIXÃO: SOBRE PESQUISA





Trabalho apresentado ao módulo Investigação Filosófica, à disciplina: cumprindo a regra. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Wesley Adriano Martins Dourado






SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2009
SUMÁRIO


INTRODUÇÃO.............................................................................................03

APRESENTAÇÃO
(FÉ E CIDADANIA - CORPO[DES]CÊNTRICO)................................................................................04

REFERÊNCIAS..................................................................................................06


INTRODUÇÃO

É triste pensar como os agrupamentos sociais caracterizados pela pluralidade e heterogeneidade dos elementos que reúne e pelo contato físico ou imediato dos indivíduos, reagem de maneira semelhante, mais ou menos impulsiva, aos mesmos estímulos, estímulos estes impostos e implantados numa psique frágil e vítima de circunstâncias mais fortes do que o indivíduo possa perceber e se dar conta.
A exemplo disso tem-se o aspecto da ditadura científica e capitalista do corpocêntrico. As mídias (leia-se revistas especializadas, programas de entrevistas, artigos em jornais, sites e afins) associadas com os mentores capitalistas do lucro incessante a qualquer preço, jogam de maneira agressiva e não mais de forma subliminar, o corpo como objeto de estudo voltado a uma perfeição inalcançável pela sociedade extensiva a uma população que não possui recursos financeiros, mas que sonha com a perfeição e o bem estar. A moda, as academias, os consultórios rejuvenescedores, pesquisas da saúde estética, acessórios, cosméticos, luxos altos e distantes do homem e da mulher que também querem usufruir de uma experiência que se enquadre em seu próprio corpo, mas que é tolhido para obcecada ideia de perfeição adônica tergiversaram os mistérios e a paixão que habitam a imaginação e o cerne de pessoas apaixonadas por outros corpos além do seu próprio.
Nessa visão triste é que se encontra a sociedade corpocêntrica; veremos alguns aspectos que nos conduz a raciocinar com uma consciência maior sobre as trilhas marcadas que levam cegamente ao mesmo caminho: lucro.



RESUMO
FÉ E CIDADANIA - CORPO[DES]CÊNTRICO

Objetivando afastar o mistério dos estudos que envolvem o corpo como um todo, inclusive dos recursos da fé, dos questionamentos da alma, a ciência o permeia de racionalidade buscando provas para explicá-lo. Outrossim, o capitalismo, insaciável em vender tudo, consegue também apontar sua mira para o corpo e torná-lo objeto de lucro venal. O ser humano é envolto por campanhas e promoções comerciais que se associam com mídias de cunho científico para promover um corpo como o centro numa lógica distorcida de consumo que atende apenas aos recursos abastados que colocam unicamente os seus próprios corpos no centro.
Verifica-se pela lente do pensamento investigativo, que o que está no centro dessas situações capitalistas e científicas, não é o corpo como alvo de uma sociedade corpocêntrica para uma civilização organizada e sim os corpos de alguns que tornam sua própria experiência-corpo como padrão para os demais que não podem seguir esse caminho humanamente distante e que com isso, sofrem uma tortura física e psíquica ao terem suas próprias experiências-corpo negadas e nunca alcançadas.
Como bem salienta o Professor Dourado em seu texto homônimo, objeto deste resumo:

Nessas duas situações, o que está no centro não é o corpo. A ciência e o capitalismo não têm por objetivo pôr o corpo como critério das ações, da construção das teorias, da organização da sociedade. (DOURADO, 2009, p.1).


Esse bem comum sonhado, o de que nossas decisões precisam servir os corpos e não o de alguns escolhidos ou autoescolhidos, surgirá quando a visão da sociedade reconhecer nossas decisões a respeito do mesmo, da experiência-corpo genérica. Mas isso impera uma mudança no modo científico/capitalista que se afigura como padrão de vida atual. Enquanto o lucro for o centro o bem nunca será amplo e comum.
É importante não olvidar que essa vereda conduz a experimentos misteriosos com possibilidades utópicas. Acompanhar a poesia do corpo excluído é o início da compreensão para o bem comum. Isso é alcançado através da solidariedade e misericórdia dos corpos pelos corpos, de todos com paixão por outros corpos não apenas pelo sistema egocêntrico da visão exclusivista do próprio corpo.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DOURADO, Wesley A. M. Fé e Cidadania: Corpo[des]cêntrico. In: PLANEJAMENTO SEMANAL-Aplicando a regra, 059., 2008, São Bernardo do Campo. Texto. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 2008. p. 01 - 01. Disponível em : http://www.metodista.br/cidadania/numero-59/fe-ecidadania. Acesso em 26 mar 2009.

terça-feira, 13 de abril de 2010

IDENTIFICAÇÃO DE METÁFORAS

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS



INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
PESQUISA EM FILOSOFIA – SOBRE O FAZER FILOSÓFICO, A ANÁLISE, A CRÍTICA E AS METÁFORAS

LONDRINA
2009
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS
Nº 161062


INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
PESQUISA EM FILOSOFIA – SOBRE O FAZER FILOSÓFICO, A ANÁLISE, A CRÍTICA E AS METÁFORAS



Aprofundar a compreensão de alguns elementos da pesquisa em filosofia e exercitar a análise, a crítica e a identificação de metáforas.

Professor: Wesley Adriano Martins Dourado


LONDRINA
2009
SUMÁRIO


1 – APRESENTAÇÃO .......................................................................................04

REFERÊNCIAS..................................................................................................05

O trecho que se apresenta da obra de Deleuze e Guattari (O que é filosofia?) aborda alguns aspectos chave, dentre os quais se pode destacar: conceito, criação, competência, sensível, autoria. O primeiro ponto evidente chama a atenção logo na primeira linha, quando a inclinação para o conceito tende a mostrar que o Filósofo não pode deixar de se amparar em relações pensantes estritamente conceituais – “O filósofo é o amigo do conceito [...]”. Reflitamos um mero instante sobre o que é o conceito; o que a representação dum objeto pelo pensamento, por meio de suas características gerais, suas qualidades, eventual abstração, a formação de uma ideia e até mesmo a significação do dito objeto pensado trouxe à humanidade de interessante? Talvez seja uma ótica um tanto quanto pessimista, todavia, o ser humano vive preso dentro de conceitos. A Filosofia busca (dentre uma de suas vertentes) a liberdade, mas, ao construir-se uma série de conceitos que terminam por se dogmatizar, a esperança expectante da liberdade fica ofuscada pelo sistema concebido, o qual é substituído criativamente por um novo e assim numa sucessão de autorias infinitas que se sobrepõem ditando a nova norma conceitual sobre a velha e obsoleta. Um conceito moral, ético, conduz à liberdade? Um conceito religioso, cultural, leva o indivíduo a ser livre para pensar e questionar ou o controla subservientemente com fobias e uma carga densa de culpas e complexos?
Vê-se como é interessante o sutil e paradoxalmente agressivo envolvimento que um conceito exerce no ser humano, seja ele Filósofo ou não; os autores traçaram um esboço de trajetória a ser seguido valorizando a “criação” de conceitos. Segundo Deleuze e Guattari nos mostram, não há necessidade de ir-se mais longe no que foi criado – em especial um conceito -, pois já não haveria nada de novo sob o céu de Platão. À exemplo disso, temos o fato de a sombra titânica que um vulto do porte do alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche deixou, tão festejado e ventilado e por isso mesmo idolatrado, faz com que os Filósofos – no caso em tela – na estrutura da construção de seus pensamentos, se olvidassem do aspecto mais importante do citado Nietzsche, qual seja, criar.
Muito embora não tenha havido nenhuma criação conceitual, apenas a exposição de uma releitura elogiosa à Nietzsche de que um conceito é importante para o Filósofo como potência, furtam-se de um detalhe que merece um apreço mais focado no trecho do referendado Filósofo, qual seja a necessidade de “[...] afirmá-los (os conceitos), persuadindo os homens a utilizá-los.” Essa ideia de imposição não se equilibra no senso harmonioso de liberdade que o texto defende de maneira breve ao lembrar que a criação se diz antes do sensível, já que os conceitos filosóficos são também sensibilia.
Justifica-se os apontamentos acima expostos, no amar incondicionalmente o ato de pensar e questionar com liberdade de se exprimir. Buscar a solução de uma problemática ou, quando muito, instigar sua pesquisa. Impor uma forma pensada a um indivíduo e instando que o mesmo a siga de maneira que não tenha condições de se opor ou acrescentar sua experiência, sua história, sua vivência, seria sepultar a Filosofia e substituir o nobre ideal da liberdade de pensar por uma caverna escura repleta de sombras falantes.


Texto fornecido pela Metodista, em 24/02/2009, extraído de: DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é a filosofia? São Paulo: Editora 34, 2000.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

QUEM FOI SÓCRATES?

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS EAD
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia - Licenciatura





AGUSTAVO CAETANO DOS REIS 161062
RICARDO LUIZ DO PRADO 163325
RODRIGO FONTOURA MASSI 161094
VANDERLEI DOS SANTOS AMORIM 161080
CRISTIANE COLLI ENZO 177225



QUEM FOI SÓCRATES?




SÃO BERNARDO DO CAMPO
2009




QUEM FOI SÓCRATES?






Trabalho apresentado ao Curso de Filosofia da Universidade Metodista de São Paulo – Campus EAD - Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião, à disciplina Filosofia Antiga.

Orientador: Prof. Marcos Euzébio





SÃO BERNARDO DO CAMPO
2009
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................3
2 DESENVOLVIMENTO....................................................................................4
3 CONCLUSÃO.................................................................................................4
4 REFERÊNCIA.................................................................................................6


INTRODUÇÃO
Aula-Atividade
Em grupos de, no máximo, 05 (cinco) alunos, discutir o texto “Aproximação de Sócrates” e postar no Fórum “Os Vários Sócrates” a resposta do grupo à questão:

“Quem foi Sócrates?”

[Notem que não há uma resposta “correta” para essa pergunta. O que o exercício pede é uma tentativa de compreensão do sentido múltiplo da atividade socrática. Reflitam e apontem o que consideram mais relevante quanto a isso].


2 DESENVOLVIMENTO


Sócrates era um filósofo urbano, seu publico eram os jovens atenienses, foi mestre de Platão, nós conhecemos atreves principalmente dos escritos de Platão, Sócrates não nos deixou nenhum texto.
Platão o descreve, como um opositor dos ensinamentos sofísticos, tanto que é muito difícil separar o pensamento de Platão do pensamento de Sócrates, é um desafio montar o Sócrates histórico, por que além de Platão outros também escreveram sobre ele como Xenofantes de modo caricatural, Aristófanes nos transmite o modo de vida ateniense, Platão segue um caminho contrario, pois relata um Sócrates preocupado com a ética, em seu método maiêutico “irônico maiêutica, processo investigativo sem solução”. Sua filosofia é voltada a imanência voltada nas características sofistica com intuito da investigação do ser humano concreto e todas as suas perspectivas e suas ânsias. A teoria e o mundo vivido não se separam dele, seu próprio estilo de vida era uma investigação de si mesmo, ele mesmo declara isto “conhece-te a ti mesmo”.

3 CONCLUSÃO
Como é difícil reconstruirmos o Sócrates histórico, o que mais nós apostamos foi na teses da interpretação socrática de Platão.



REFERÊNCIA
EUZÉBIO, Marcos S. P: Aproximação de Sócrates: Enviado via moodle. Site www.metodista.br, último acesso 14, abril 2009.