- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.

sábado, 5 de março de 2011

ARETÉ NO CONJUNTO DA EDUCAÇÃO ARISTOCRÁTICA GREGA.

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura


AGUSTAVO CAETANO DOS REIS


FILOSOFIA
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062


FILOSOFIA
FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO


Trabalho apresentado ao módulo Filosofia da Educação, à atividade: Portfólio. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Luís Fernando Weffort



SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO.........................................................................................04

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................07

4 - REFERÊNCIAS..............................................................................................08



INTRODUÇÃO

O objetivo primordial do presente portfólio cinge-se na atividade da produção de texto que aborde a temática da importância do conceito de areté no conjunto da educação aristocrática grega e ainda perceber o sentido em que o poeta Homero pode ser considerado o educador do povo grego.
Valendo-nos de pesquisas realizadas nos textos ofertados e da atenção dedicada à teleaula, podemos chegar à lâmina peliculal da superfície desse oceano cultural oferecida à humanidade através da cultura grega.
E, tal como os heróis de outrora que buscavam seu valor, construir sua areté, assim nos enveredamos por meio desse universo maravilhoso da educação grega e apresentamos um pouco desse entendimento.



APRESENTAÇÃO

Consoante material estudado, podemos, nem que seja superficialmente, arranhar de maneira despretensiosa o que já foi aprofundado por pessoas dignas de grande, digamos areté.
Partindo do princípio, salvo melhor entendimento, e valendo-nos ainda da teleaula, de que areté é de difícil tradução, mas que ao se converter para o latim, a mesma ganha o significado cristão de virtus, ou seja virtude, como algo do espírito, temos assim, uma vaga projeção para o início da análise. Entretanto, sabemos que essa interpretação muito embora adequada, não é plenamente correta para os padrões da Grécia antiga.
Para os gregos, areté, é algo além da virtude como a conhecemos da forma implantada em nossa mente nos dias de hoje; é algo como que potência, força, capacidade de ação, a excelência.
Areté seria, então, virtude e excelência, a heroicidade. Natureza nobre e valor pessoal. A completude do homem. Eis aqui a chancela que destaca a deferência com relação à essência da palavra em questão. Areté não seria apenas e tão somente a virtude moral, mas a nobreza, a capacidade de ação, o êxito e a reputação; é a capacidade ou habilidade que se espera de um homem bom, capaz, agathós, um verdadeiro heroi na Terra, um exemplo a ser seguido pelos demais. O conceito de mente sã em corpo são, seria ultrapassado aqui.
Portanto, espelhando-nos em Barros, em seu texto Areté e cultura grega antiga, onde ela nos adverte, adotando as palavras de Jaeger: “[...] mais importante que ela (paidéia) é a palavra areté.” (BARROS), pois ela marca, designa a honra, o nome do indivíduo, o “mérito ou qualidade pelo qual alguém se torna excelente.” (BARROS).
Mas se faz necessário lembrar que esse heroi aristocrático, seria também o primeiro a enfrentar o inimigo numa guerra, antes de qualquer outro cidadão grego. Na cultura e formação grega, esse princípio, ou conjunto de valores somados a uma palavra que designaria o todo da honraria máxima, do nome do respectivo sujeito detentor da areté, era um privilégio dos nobres, eis que, poderiam assim se aproximar de sua herança divinal, coisa que o cidadão comum, mesmo sendo livre, tendo profissão reconhecida, sendo um político, um sábio, não teria condições de alcançar. A estirpe do heroi surgia no berço, na dinastia e em seguida dava-se sua educação sua formação voltada para o futuro promissor da criança.
Consoante Barros, nesse contexto de uma vida e valores aristocráticos os homens nobres, que tinham boa origem, possuíam estirpe, tal como os animais pedigree; ou ainda se distanciavam do homem do povo, mesmo que esse homem do povo tivesse uma índole ou princípios melhores que o premiado pela herança genética. A formação de sua educação deveria ser o bastante para corrigir qualquer deficiência do caráter.
Mas, felizmente a nação grega, com fito de ares mais altos, e percebendo essa diferença nata entre aquele que nasce aristocrata e o que é um simples homem do povo, começa a desenvolver uma educação mais abrangente, onde se aliam valores formadores do caráter humano, tais como coragem, temperança, piedade, justiça, sabedoria num único ser que, em assim sendo, alcançaria o objetivo maior grego. O Ser supremo.
Por isso, talvez, Jaeger em sua introdução à obra Paidéia, nos mostra um que a mais o qual um heroi precisa desenvolver para ser pleno em sua formação cultural e detentor da areté: “Mas o espírito humano conduz progressivamente à descoberta de si próprio e cria, pelo conhecimento do mundo exterior e interior, formas melhores de existência humana.” (JAEGER, p. 3) (Grifo meu). A somatória do indivíduo como criatura física e espiritual, sua assimilação disso e seu desenvolvimento rumo à autoperfeição poderia ser considerada a pedra de toque para a constituição do autêntico heroi, a qual, se seguida, talvez o tornasse mais imortal que a herança de um mero nome de valor, limpo, para a posteridade e sim um autêntico SER.
Nesse sentido surge como expoente grego um autêntico heroi para seu povo, um heroi que necessariamente não ergueu a espada, mas certamente o faria se precisasse: Homero. Seu estigma para a Grécia antiga foi a herança da fôrma e do espelho necessários a uma educação exemplar para o sujeito de seu tempo, mas consegue ser atemporal em sua didática.
Através de suas obras a Ilíada e a Odisseia, nos chega alegoricamente a história daquela gente bem como seus ideais. Homero sim compreende o que é areté e seus princípios alcançando nuances espiritais, indo além de uma simples ética social.
Seus escritos são interpretados não como simples mitos, mas como experiências reais dignas de serem seguidas. O que ocorre é que comumente se esquece que criador e obra são distintos e aí é que se levanta a preciosidade interna de Homero. Compreendamos melhor isso. Narrando as aventuras guerreiras de Aquiles durante a guerra de Tróia, ao se desentender com Agamemnom este lhe envia Fênix, o sábio, para tentar dissuadir Aquiles de sua birra infantil e regressar para seu compromisso adulto. Nesse encontro Fênix lhe diz: “Para ambas as coisas: proferir palavras e realizar ações.” (JAEGER, p. 30). Ora, os gregos que sucederam a história e acessaram essa passagem de Homero, a interpretam como “a mais antiga formulação do ideal de formação grego, no seu esforço para abranger a totalidade do humano.” (JAEGER, p. 30). É aqui que nos apoiamos para reverenciar o intelecto por traz da literatura. Um cérebro que consegue construir uma forma ética, de princípios, de valores tão nobres e popularizar essa opinião através de livros a fim de que todos possam compreender essa meta como algo a ser alcançado por qualquer um que se dedique a esse fim, só pode ser reverenciado como um gênio de seu tempo, atemporal.
Para Homero, negar a honra seria sim a autêntica tragédia grega. A realização de eu em Homero, não seria algo apenas para ser ambicionado como um desvio de caráter egocêntrico, megalomaníaco, mas sim o mais alto ideal que o espírito possa construir e que todos, além dos nobres, deveriam obter. O heroi não deveria ser unicamente alguém evoluído que desprezasse a morte, mas sim atingir um patamar mais elevado.
Culturalmente a formação da areté no indivíduo, espelhou-se na união e junção dessas duas obras literárias, mais que isso, propedêuticas. Uma trazia a condução física como destaque e a outra a sabedoria. Homero se apresenta como o professor máximo de sua geração, alcançando ideais de valores que passam a ser cobiçados por um povo inteiro. Homero transcende o heroísmo pessoal e calcado unicamente na figura atlética e viril de um homem, mas o faz magistralmente através de suas mulheres míticas: Helena, Penélope, Nausícaa, Arete, Euricléia, e do jovem infante, filho de Ulísses, Telêmaco. Na figura de Fênix e de Mentor, a “história” nos mostra os idosos como guias, mestres, fudamentando temas pedagógicos através de suas sábias orientações, que não apenas podem facilitar negociações, mas salvar vidas.
Essas obras assumem tons éticos e educativos, desconstruindo uma sociedade unilateral e isso é da maior importância para a história da educação grega, além ainda do simples fato de se manter plena através de cantos, na glória eterna do Olimpo literário.
Como poderia um personagem que se questiona inclusive a própria existência, ser considerado até por Platão como o educador de toda Grécia? (JAEGER, 61). É o ideal determinado encontrado em suas poesias que o destaca como esse mestre da educação primordial e exemplar, definindo e moldando caráteres para pessoas repletas de falhas e defeitos sociais, éticos, aristocráticos mas que, mesmo egoicamente, ansiam pela perfeição. Jaeger destaca: “Em tempo algum aqueles ideais alcançaram uma validade tão vasta sob a forma artística, e por ela na formação da posteridade, como nos poemas homéricos.” (JAEGER, p. 64.) são amplos e de ação permanente.
Jaeger, repleto de entusiasmo, acredita que Homero não foi o educador do povo grego, mas sim “mestre da humanidade inteira” (JAEGER, p. 65.) trazendo-nos algo mais que o cavaleirismo como forma de pessoa gentil, polida; nos conduz à um esfera mais elevada da existência, desenvolvendo através de seus versos, plenamente cônscios de seu foco, o maior grau de evolução do espírito com validade universal.


CONCLUSÃO

Debruçando um olhar realista para nossa condição humana, séculos depois, caímos na questão destacada uma vez mais por Barros, onde ela nos lembra que muito embora os gregos tenham um ideal, tenham uma historicidade educativa, o homem, o ser humano se mostra transitório “no fluxo da vida e no curso transformador dos acontecimentos.” (BARROS).
Ainda vincados na tese acima levantada, reportamo-nos ao Professor Weffort, quando nos orienta que “Educar-se para ser uma pessoa exemplar implica sacrifícios pessoais em nome da autoimagem. A busca pelo máximo grau da elevação da natureza humana é a meta.” (WEFFORT, in teleaula). O que nos leva a concluir que a areté em sua máxima concepção – não só física, mas também espiritual – depende não só dos Fênix e/ou Homeros da vida, mas sim, exclusivamente da vontade exumada do indivíduo que pleno de seus objetivos, assim o quer.


REFERÊNCIAS

BARROS, Gilda Naécia Maciel de; Areté e cultura grega antiga - pontos e contrapontos. Texto oferecido pela Metodista. Disponível em: http://www.hottopos.com/videtur16/gilda.htm. Acesso em: 05 ago 2010.

Guia de Estudos. Filosofia contemporânea, investigação filosófica e perspectivas sobre a educação. Universidade Metodista de São Paulo. Organização de Wesley Adriano M. Dourado. São Bernardo do Campo: Ed. do Autor, 2010. 128 p. (Cadernos didáticos Metodista - Campus EAD).

JAEGER, Werner; Paidéia – A formação do homem grego. Tradução de Artur M. Parreira. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 1995.

SANTOS, Maria da Conceição A. dos; ROSA, Sônia Isabel G; Conceito de Paidéia. Disponível em: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/momentos/escola/paideia/index.htm. Acesso em: 04 ago 2010.

WEFFORT, Luís Fernando; Teleaula. Estúdios da Metodista de São Paulo. 03 ago 2010.