- APRESENTAÇÃO -

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sexta-feira, 19 de março de 2010

A LÓGICA COMO INSTRUMENTO E COMO ANDAIME DO MUNDO

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS



INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E LÓGICA
A LÓGICA COMO INSTRUMENTO E COMO ANDAIME DO MUNDO















SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2009
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS
Nº 161062






INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E LÓGICA
A LÓGICA COMO INSTRUMENTO E COMO ANDAIME DO MUNDO







Trabalho apresentado ao módulo Introdução à Filosofia e Lógica sob o tema “A concepção de lógica de Wittgenstein no Tractatus”. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Pólo Londrina.

Professor: José Fernando da Silva







SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2009
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO........................................................................................04

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................07

NOTAS REFERENCIAIS...................................................................................08







































1 – INTRODUÇÃO

“Quando terminou de escrever o Tratado Lógico Filosófico, em meados do século XX, Wittgenstein enviou correspondência para Bertrand Russell afirmando que os problemas dele haviam acabado, pois não haveria mais o que escrever sobre lógica.” É evidente que não podemos pensar que Ludwig Joseph Johann Wittgenstein sanou definitivamente todos os problemas de lógica que assolam a humanidade, eis que são complexos e profundos demais para uma simples existência solvê-los, tanto que o próprio Wittgenstein entendia que enquanto não escrevesse algo do gênero, não teria solucionado seus próprios problemas, mas talvez o vienense não esperasse ter se aprofundado tanto assim no assunto desde Platão e Aristóteles trazendo à lume uma nova proposta de raciocínio distinta daquela poética que pululava a cabeça dos filósofos de até então; um raciocínio duro e rígido nascia com sua obra e também uma nova ótica se deitava no leito intelectivo do pensar filosófico contribuindo com diversas inovações nos campos da lógica, filosofia da linguagem, epistemologia, dentre outros. Para o autor, no prefácio do Tractatus, “o que se pode em geral dizer, pode-se dizer claramente; e daquilo sobre o que não se pode falar, deve-se calar”. Aqui ele mistifica ao mesmo tempo que busca desfazê-lo dilenando o caminho que trataria de seguir e indicar para a humanidade buscadora da verdade: existem coisas qeu a lógica não consegue resolver.
Wittgenstein mesmo se considerava uma placa indicadora do caminho: “Assim, pois, eu devo colocar sinais em todos os lugares em que existem caminhos equivocados para ajudar aos que seguem por pontos perigosos”. Com seu Tractatus Lógico-Philosophicus ele quis agraciar aqueles que buscam um novo horizonte dentro da Filosofia, um horizonte que pode alcançar de uma forma epistemológica e até mesmo empírica aqueles que não se adequam aos aspectos internos de uma Filosofia do Ser mas que não abandona o devir ontológico.









2 – APRESENTAÇÃO

Embora tivesse forte raiz judia , Wittgenstein era católico e seu tratado teve tendências éticas e religiosas. Um contrasenso para quem imagina encontrar apenas e tão somente raciocínios matemáticos e físicos em seu trabalho. Ele se valia de aspectos comuns do dia a dia, com grande ênfase – senão a primordial ênfase – na forma como as pessoas se utilizam para se compreender umas às outras: a linguagem. A relação entre linguagem e mundo é um tema importante em sua obra como um todo, em especial a questão da natureza da realidade e da forma através da qual ela se faz inteligível. Era incrível como um livro complexo e intrincado que buscava nortear os estudos racionais - contemporâneo e vindouros - estava necessariamente ancorado em entidades abstratas, em construções geométricas, em conceitos sem características individuadoras ou ainda em objetos da experiência imediata. É fácil de se perceber que o foco principal que permeia todo o livro magno de Wittgenstein é o encontro da verdade absoluta, assim como os pensadores predecessores e porque não, dos atuais.
Wittgenstein deslocou o eixo da investigação filosófica ao reduzir drasticamente o papel da verdade como determinante do sentido das expressões. Aquilo que parecia ser uma condição de verdade das proposições é para ele uma condição de sentido. Mas o mais fascinante era que ele conseguia realizar suas constatações sobre a realidade do mundo buscando distanciar-se da metafísica, tocando a esfera do ontológico. A exclusão radical da metafísica de toda esfera do conhecimento humano partiu da fixação de um amplo campo de significação para o termo metafísica, com pretensão de esboçar normas à realidade. A metafísica não poderia realizar comparações com a realidade. Wittgenstein buscava traçar limites excludentes a toda esfera axiológica em relação ao âmbito das ciências, demarcação esta que ele se esmerou em realizar delimitando a linguagem de um ponto de vista interno, ou lógico. Segundo Wittgenstein, “O místico não está em como o mundo é, mas que o mundo seja”. (Tractatus, 6.44). Esse sentimento de espanto vivenciado pelo sujeito que percebe, que enxerga o mundo como uma totalidade ordenada é o Místico. Percebe-se como ele é ontológico em sua lógica rígida? Afinal, ele perpassa toda a reflexão inicial sobre o mundo e seus componentes para nos trazer uma lógica prática e racional.
No Tractatus existem componentes essenciais do mundo, tais como os objetos, os estados de coisas e os fatos. Os objetos se constituem para Wittgenstein a substância do mundo, aquilo que dá sustentação independente de outras coisas. Quando o autor falava de objetos, buscava retratar o “objeto lógico”, se assim posso me referir, mas não meramente de suas propriedades materiais, mas sim de suas propriedades “internas” bem como sua relação com os outros objetos. Como ele mesmo dizia: “não podemos pensar em nenhum objeto fora da possibilidade de ligação com outros” (WITTGENSTEIN, § 2.011) . Havia o entendimento de que era essencial para a coisa – ou o objeto – poder ser parte constituinte de um estado de coisas. A coisa não poderia estar desvinculada dos estados das coisas que lhe estão como subjacentes eis que os objetos têm a possibilidade de todas as situações. Os fatos e os estados de coisas estavam num patamar muito próximos para Wittgenstein, tanto que se o estado de coisa é uma possível ligação entre objetos que poderia ser diferente, o fato é algo já consumado, algo ocorrido, de tal modo que um fato nada mais seria do quem um estado de coisa já existente, por isso a verdade seria encontrada dentro de uma proposição perfeita, construída com uma linguagem clara e correta, pois em o fato já tendo sua existência como certa, o objeto da busca seria encontrado trilhando a vereda da proposição apresentada valendo-se do raciocínio lógico.
Sua obra tencionou traçar um limite ao pensar, mapeando o conjunto de “objetos” que nossa linguagem e pensamento podem interagir.
A ontologia que delineia a obra do autor do Tractatus parte da noção de atomismo. Em linhas gerais, esta se efetiva sobre três postulados: toda estrutura é composta por elementos simples; os elementos que constituem uma estrutura não são analisáveis e as propriedades internas dos elementos determinam as estruturas de todos os complexos. Para Wittgenstein “a solução de todos os meus problemas deve ser extremamente simples.” (Wittgenstein, p. 32. 1971)
O cerne da verdade deveria ser encontrado quando se buscasse a resposta dentro do problema, mas a mesma – a verdade – só poderia ser localizada a partir do instante crucial em que o próprio problema fosse adequadamente construído, caso contrário, se houvesse falha na linguagem da problemática, a busca pela verdade restaria prejudicada. Wittgenstein procurava uma linguagem científica que não se abastecesse de subjetivismos, que fosse imparcial, ela deveria ter uma figuração da realidade como algo possível.
Wittgenstein desenvolve os signos proporcionais ou sinal proposicional para poder descobrir a veracidade ou até mesmo a falsidade de uma proposição. Um signo é diferente de um símbolo. O signo é uma marca no papel ou um som audível que isoladamente carece de sentido. Somente quando usado como expressão tendo algo comum com estados de coisas, é que um signo também vira um símbolo. Tal método é o comparativo do signo proposicional e a realidade factual, ou seja, entre o enunciado e a realidade. “Possuidoras de uma estrutura lógica fundamental, as proposições apenas podem mostrar tal estrutura [...] como as coisas acontecem no mundo” , mas nunca dizer o que acontece, pois a própria linguagem possui uma forma lógica, por isso a preocupação de Wittgenstein com o raciocínio adequado fundado em uma lógica racional e uma linguagem perfeita. Só assim, pensava o autor, poder-se-ia encontrar a verdade tanto buscada por todos os Filósofos.
Aristóteles reelabora uma tese, já presente em Platão, de que a proposição possui duas características essênciais: sua complexidade e sua bipolaridade, por isso, enunciar é visar o alvo. Uma enunciação falsa não deixa de ser uma enunciação, só não tem seu valor de verdade. O diferencial da lógica está no pensamento. Um pensamento denota um conjunto de modelos ou figuras que construímos visando à representação factual, assim sendo, elucubrações poéticas não compõem o termo.
Segundo José Fernando da Silva, “A única tarefa que cabe à filosofia é apontar os mal-entendidos a que se submetem os filósofos em virtude da incompreensão da lógica da linguagem; uma vez esclarecido esse ponto, desaparecem todas as interrogações filosóficas.” (SILVA, 2006) . Ocorre que, ao lado desse juízo totalmente negativo da Filosofia, há um sentido diferente apresentado no Tractatus: a Filosofia pode ser instrumento determinante à compreensão do mundo: se após galgarmos os degraus da mesma, conseguirmos contemplar de modo mais lúcido o mundo, terá ela cumprido seu papel.
Eis a magia oculta na ciência da obra de Wittgenstein. Mostrar àqueles céticos da Filosofia e crentes da ciência, que mesmo nos valendo da valorosa e poderosa ciência, existe a necessidade ímpar de utilizarmos a Filosofia como ferramental precursor do descobrimento de uma resposta: “o que é?”.













3 – CONCLUSÃO

Para os incautos viajores da leitura wittgensteiniana um lembrete de cunho informativo: não se perca nos labirínticos caminhos pensantes e tampouco nos retorcidos cipós da intelecção de seus pensamentos silogísticos que perspassam da lógica para a matemática e física que assustam e fazem fugir à galope os menos avisados, mas busque verificar através de seu raciocíonio ontológico, aquilo que ele procura como essência escondida na confusão da irracionalidade da ausência de resposta. Wittgenstein queria medir o grau de legitimidade das pretensões filosóficas que lhe pareciam distantes e aquém de uma posição definitiva, conclusiva. E ele estava certo nesse buscar. Uma Filosofia que não serve para nada, para nada serve. Evidente que ele imaginava que o que estivesse além do limite seria considerado um contra-senso, pois ele queria passar à nós, meros mortais do intelecto, um limite para se encontrar a verdade através da linguagem. Compreende-se aqui sua profunda paixão e carinho pelo saber e pelos que, assim como Sócrates, sabem que não sabem? Explicar o inexplicado, através de palavras, linhas escritas, símbolos e fazer com que o outro o compreenda foi algo que Ludwig Wittgenstein tentou passar para a humanidade, pois as questões lhe eram consideradas como de difícil compreensão e através da lógica formal ele procurou resolver todos os problemas da Filosofia. Entretanto é bom recordar que alguns problemas tratam-se de questões sem sentido e que não são necessáriamente problemas, apenas não são exprimíveis pela nossa lógica e linguística.
O índio do período do descobrimento, que jamais em sua curta existência havia visto uma embarcação do porte de uma caravela, nunca poderia conceber em sua ilimitada mente a mesma; tudo aquilo que é pensável é possível, mas aquilo que é ilógico, não pode ser pensado. Das coisas ocorrem os fatos e destes temos as relações de lógica. Wittgenstein buscou mostrar a estrutura do mundo e não a estrutura de nosso conhecimento. É o mundo em si mesmo, não nosso conhecimento que se resolve em fatos. Encontrando o mundo, encontramos a realidade total, encontrando a realidade total, encontramos a verdade!








NOTAS REFERENCIAIS
http://www.tex.pro.br/wwwroot/00/061128logica.php. Em 01/05/2009.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Wittgenstein. Em 30/04/2009.
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/intuitio/article/viewFile/3670/3296. Em 30/04/2009.
http://www.uvanet.br/rhet/artMar2008/linguagem.pdf. Em 01/05/2009.
http://www.ipep.edu.br/portal/publicacoes/revista/Revista%20Fipep2007/Artigo%206.pdf. Em 03/05/2009.
WITTGENSTEIN, L. Carnets. 1914-1916. Paris: Gallimard, 1971.
http://www.uvanet.br/rhet/artMar2008/linguagem.pdf. Em 01/05/2009.
http://gegelianos.blogspot.com/2005/06/0-tractatus-logico-philosophicus-uma.html. Em 26/04/2009.
SILVA, José Fernando da. Revista Técnica IPEP, São Paulo, SP, v. 6 n. 2, p.61-74. ago./dez., 2006.

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