- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

ENTREVISTA NAGIB FADUL

Caros pesquisadores. No decorrer do Curso de Filosofia, entre as etapas formativas, ou seja, Atividades Complementares, Estágio e o próprio Trabalho de Conclusão de Curso (o famoso TCC), realizei algumas entrevistas para dar subsídios ao próprio TCC em si. Tive a grata oportunidade de encontrar um Filósofo que é Professor de Artes Marciais e com ele trocamos algumas horas agradabilíssimas de um salutar bate-papo sobre filosofia e arte marcial, material este que foi utilizado trechos para fundamentar meu TCC - que logo será postado na íntegra para quem quiser verificar.
Como o Professor Nagib (Binho para os amigos) me autorizou a colocar o texto degravado na íntegra, abro um espaço neste Blog para os aficionados do gênero marcial conhecer mais um pouco do pensamento desse mestre, e para os que gostam da Filosofia em si num horizonte mais amplo e livre.
Evidentemente que a conversa tinha um foco e um objetivo específico, portanto, veremos alguns temas serem recorrentes, pois a alma da conversa precisava versar em bases que seriam imprescindíveis para a conclusão e fundamentação do meu TCC.
Segue na íntegra, com as gafes e cacoetes típicos de uma degravação e de uma conversa livre.
Abraços.


Antes da entrevista, segue o Fichário das questões guia preambularmente preparadas para o encontro. Óbvio que com a riqueza do diálogo, muitas outras foram introduzidas.

1 – Fale um pouco sobre a sequência de sua formação e atual atividade profissional.

2 – Conte sobre sua opção pela Arte Marcial.

3 – E sobre sua opção pela Filosofia.

4 - Como avalia a união da Filosofia Oriental com a Ocidental? Por que existe um certo rechaço quando se aborda a Filosofia Oriental como algo passível de ser empregado nos estudos clássicos?

5 – Tem uma opinião formada a respeito do conceito que se tem de que a Arte Marcial é sinônimo de violência? Afinal, Arte Marcial não é luta?

6 – Explique de maneira pragmática, como a disciplina, o autocontrole, ministrado na Arte Marcial pode moldar o caráter de uma pessoa de forma harmônica para o convívio com a sociedade e se isso não seria tolher a liberdade da mesma.

7 – De que forma a Filosofia se atrela à Arte Marcial?

8 – Falando exclusivamente como Professor de Arte Marcial, o senhor ministra as lições do treino físico sem qualquer aporte de ordem filosofal?

9 – Isso é um método seu, particular e único ou uma constante nas Artes Marciais? Podemos entender que a Filosofia faz parte integrante das Artes Marciais?

10 – O senhor acredita que se houvesse a inclusão da Arte Marcial na grade curricular – através da Educação Física – iria aumentar a violência?

11 – A possibilidade da interdisciplinaridade entre a matéria Filosofia de sala de aula, a Educação Física, Português, História, Arte, dentre outras poderia ser um caminho interessante para que a educação possa ser cativante para o aluno ou o senhor defende que não se deve misturar uma atividade com a outra para que o aluno tenha plena ciência da diferença que cada disciplina gera facilitando sua opção vocacional?

11 – Por que existe o medo da possibilidade inclusiva da Arte Marcial na grade se ao que parece seria algo interessante?

12 – Se a possibilidade é algo interessante, o que restaria fazer, da parte de que âmbito deveria haver uma movimentação nesse sentido?

13 – O senhor é um caso ímpar, é um praticante assíduo de Artes Marciais e um pensador graduado e atuante na área de Filosofia. Enquanto unicamente instrutor e praticante marcial, o senhor certamente tinha uma postura de vida e era vislumbrado por aqueles que o conheciam de uma forma, com um perfil. Houve alguma diferença significativa que o senhor tenha percebido quando concluiu o curso de Filosofia em sua vida pessoal e nos que o circundam?

14 – O senhor teria algo a acrescentar que entende ser fundamental para ser comunicado e que não abordamos aqui?

15 – O senhor poderia concluir nos deixando uma máxima que acha útil?



Cambé-PR., 14 de abril de 2011. 15h00min, quinta feira.

FIAT PENSARE - Na residência do Professor Nagib Fadul, vamos bater um papo sobre Filosofia e Arte Marcial e a Ciência Oriental e Ocidental.

NAGIB FADUL - Boa tarde, que este trabalho seja abençoado!

FP – Assim seja! Fale um pouco para a gente da Filosofia Oriental e esse desvinculamento que ocorreu com o Ociente. Da religião, das tradições da lógica, Descartes, Agostinho, Thomás de Aquino.

NF – Olha, a primeira coisa que impede que elas caminhem juntas, é realmente a maneira tapada e preconceituosa como as pessoas veem, separam as coisas. A nossa Filosofia acadêmica, Ocidental assim dizendo, ela prega pela segurança do “papel”, a garantia literal de que você está usando a suas referências, suas citações da maneira mais precisa possível, dentro de outras pessoas que já falaram a respeito de um determinado assunto.

FP – Não há uma inovação?

NF – É. O que causa a diferença, talvez seja a gente deixar de lado o aspecto mais importante que a Filosofia Oriental passa, que é justamente o lado intuitivo da coisa. Porque nós somos intuitivos e essa intuição é milenar. Não se pode desprezar uma história que tem 5 mil anos! Como as Filosofias Orientais quem têm mais de 5 mil anos de história, como o taoísmo que tem 5 mil anos de história, com seus autores, Tao Té King, Lao Tsé, Confúcio, que pregaram coisas que hoje os nossos filósofos mais atuais estão falando. Porque nós estamos simplesmente querendo ser mais coerentes e mais convictos, falando o que eles já falaram! Então por que não voltarmos atrás? Vamos fazer diferente, vamos dizer o que eles diziam já há 5 mil anos...

FP – Para que a gente possa formalizar então esse nosso bate papo, para que o pessoal possa saber quem é Nagib Fadul, fale um pouco sobre sua formação e sua atividade profissional. Começando lá dos primórdios, antes mesmo que você pudesse imaginar que você um dia iria fazer Filosofia.

NF – Muito bem. A minha formação empírica é em cima do karatê. Eu conversava muito com meus familiares a respeito de yoga, algumas culturas orientais. Minha família é descendência árabe, por isso que citei Avicena para você falando como ele trata o islamismo e a filosofia dele. Então, lá na década de 70, resolvi, depois de tentar estudar para padre, eu resolvi sair do seminário, não perdi minhas convicções religiosas, quero deixar bem claro isso, e aí eu tinha na cabeça alguns projetinhos, quando a gente é adolescente tem uns projetinhos lá, e um deles era treinar Artes Marciais. Caí nas mãos de um sensei de karatê chamado Oguido, que praticamente me adotou. Então ele percebeu que eu tinha muito interesse pela Filosofia Oriental. Questionava muito e ele não dava conta de esclarecer, porque a formação dele também era empírica e ele não gostava muito do assunto, ele queria mais o lado viril da luta do que o lado mental, o lado teórico, principalmente com relação à meditação. Porque a meditação, vamos dizer assim, é um tesouro, é o grande tesouro das Artes Marciais. É ali dentro da meditação que os monges shaolins eles desenvolviam um poder, vamos dizer assim, além do normal, para conseguir algumas coisas, alguns resultados mais impressionantes com o corpo deles. Segundo reza a tradição oriental, eles meditavam no início, os primeiros monges nos seus templos, meditavam até a atrofia. Até quem um dia um mestre chegou para eles e falou assim: Por que não exercitar o corpo?

FP – Seria o Bodhidharma?

NF – Isso mesmo! Por que não exercitar o corpo. Aí começaram a, vamos dizer assim, continuaram meditando, trabalhando, mas exercitando o corpo.

FP – Ele tirou eles da inércia, então?

NF – É... tirou da inércia e passaram a aprimorar alguns movimentos, que eram parecidos com alguns movimentos dos animais para poder, inclusive sentar, meditar e rezar melhor.

FP – Mesmo porque, parece que naquela época era muito violenta aquela região, não é? Ele viviam sofrendo ataques ali.

NF – Sim, exatamente. Era uma forma de defesa, de defender seu próprio patrimônio, sua ideologia, e assim garantir mais, garantir melhor seus templos, seus conhecimentos. Treinar Artes Marciais para defender o conhecimento.

FP – O que permitiu que ele chegasse até nós, não é?

NF – Isso. Já pensou se isso pega hoje em dia?

FP – O pessoa iria defender teses sofísticas no braço!

NF – Iam parar um pouquinho aquela dialética toda e iam para o braço. Pois é... tem coisas que no braço seriam muito interessantes de resolver...

FP – Por que você optou, talvez não sei se pela mesmo condição que eu, mas por que que você não partiu, por exemplo, para o kung fu e sim para o karatê?

NF – O que estava mais próximo de mim era o karatê...

FP – Imaginei...

NF – eu me simpatizei muito, até por uma questão... Esses dias até estava comentando em sala de aula sobre o bullyng . Eu era uma criança gordinha, acima do normal. Na época era muito comum e inocentemente as pessoas tirarem “sarro”, e inclusive o Professor. Então eu me refugiava, fazia como todo garoto que era perseguido, se sente assim um pouco mais vulnerável a isso.

FP – Se isolava.

NF – É, me isolava. Quando eu entrei na academia, o primeiro contato que eu tive, com essa academia que eu fui, foi o respeito pelo ser humano! Porque lá não se permitia nenhum apelido e muito menos alguém se dirigir a você com gozação se você errasse alguma coisa que você estava aprendendo. Coisa que é muito comum no ensino de hoje, nas escolas de hoje. Os garotos não têm orientação dentro de sala, ou dentro da escola, para eles respeitarem o aprendizado de seus amigos e amigos respeitarem o seu.

FP – Os seus limites?

NF – Seus limites. Assim que você erra, automaticamente você se defende brincando esperando que o outro não tire tanto “sarro” de você, o que ocasiona uma nova gozação e uma nova “zoação” e aí um desrespeito intenso, mútuo...

FP – Uma inversão de valores?

NF – É! Então na verdade eles fazem exatamente o oposto que as Artes Marciais fazem. Quando se erra nas Artes Marciais, é valorizado, porque é uma oportunidade de você recuperar aquilo que você fez de errado e tentar superar e dentro da superação fazer melhor ainda. Então o erro é utilizado para você reciclar alguma coisa e melhorar aquilo que você está aprendendo. Então essa escola antibullyng que existe nas Artes Marciais, deveria ser uma escola, um ensino obrigatório dentro das escolas hoje em dia!

FP – Aí a Filosofia dentro da Arte Marcial?

NF – Exatamente! É essa a maneira mais intensa de contextualizar a Filosofia Oriental dentro da nossa Filosofia Ocidental. É a fuga do respeito íntegro do ser humano!

FP – Por que essa resistência então em atrelar a Arte Marcial, inclusive nas aulas de Educação Física na escola tradicional?

NF – Muito simples. É que as pessoas estão amarradas, seguras nos seus métodos, nos seus sistemas e elas não quebram paradigmas, elas estão acomodadas... E uma das nossas qualidades na Filosofia é a insatisfação! A insatisfação é que vai gerar um conflito, que vai gerar uma melhora! Então, se as pessoas fossem mais insatisfeitas com esses atentados violentos que tem de garotos que se revoltam com o bullyng, chegam matando todo mundo, se alguém ficasse realmente insatisfeito e mudasse: Peraí, vamos mudar, essa “molecada” está com a educação lá em baixo! Vamos reformular isso! Pega o modelo Oriental para você ver. Vai nas escolas do Japão como eu visitei em Okinawa, e a gente vê o aluno cuidando da sujeira do outro aluno, o aluno cuidando do rendimento do seu amigo, porque senão o Professor vai impor um, vamos dizer assim, entre aspas “um castigo” para a sala toda!

FP – Será que foi aí que o regime militar, ou, a escola militar se perdeu? Porque ela trazia uma certa disciplina rigorosa, mas ela não tinha essa questão filosofal por trás, embasando...

NF – Exatamente. Porque, como diria... Deixe-me esforçar aqui para não errar o exemplo... Siddhārtha Gautama! Siddhārtha Gautama atingiu a sua iluminação da seguinte forma.

FP – O Buda?

NF – O Buda. Ele estava sentado debaixo da árvore, e num determinado momento, ele estava lá há anos já, atrofiado, sem comer, sem beber normalmente. Até que passou um músico num rio, próximo a ele, e ele ouviu, através do desenvolvimento dos sentidos, que é uma coisa bem oriental mesmo, você desenvolve os sentidos para se poder ouvir melhor, enxergar melhor e captar mais coisas efetivamente melhor. Ele ouviu o músico afinando seu instrumento. Quando ele apertava demais a corda, “ardia” o som. Quando ele afrouxava demais, ficava um som chocho. Para encontrar a afinação perfeita, ele precisou esticar a corda na intensidade correta, e aí veio o grande lance de Buda, de Siddhārtha! Ele falou assim: Uma corda esticada demais e uma corda frouxa demais. Nem excesso, nem falta. Aristóteles! O caminho do meio! A equidistância. É o caminho do meio, essa é que é a minha salvação. Naquele momento ele se levantou com muita dificuldade e saiu.

FP – Ele estava num extremo então?

NF – Ele estava na falta!

FP – Ele tinha um excesso quando rico. Enquanto ele tinha tudo, ele comia, tinha tudo, aí ele larga aquilo tudo para viver do nada?

NF – Exatamente.

FP – Então também não estava certo?

NF – Não estava certo. Ele tem que agir entre os dois extremos. Entre o excesso e a falta.

FP - Você estava dizendo para mim que você tentou colocar um projeto de Artes Marciais na escola, que você também leciona Filosofia, e não deu certo. Qual foi o problema que você encontrou?

NF – Bom, a proposta é esta que estamos falando. Mas, só voltando um pouquinho da sua pergunta... Você citou Bruce Lee, não é?

FP – Sim.

NF – Então, dentro das minhas buscas literárias... descobri que o Bruce Lee tinha feito Filosofia! Não é? Quando ele veio da China e fez sua cidadania americana. Eu falei assim: Mas por que é que o Bruce Lee, o maior lutador do século XX, século XX, hein, por que fazer Filosofia? É para ele ter melhor capacidade de argumentação para mostrar que a arte dele é superior à outra que era muito “formalzinha”. Então eu falei assim: Ora, Filosofia então é para eu conseguir melhorar a minha autoconfiança! É para eu conseguir melhorar a minha didática, certo? Ser mais coerente. Passar melhor as informações da minha matéria. Isso daí me levou a fazer Filosofia! Se te interessa saber, sabe?

FP – Sim! Interessa sim. É uma de minhas questões.

NF – Então, o meu interesse por fazer a disciplina foi justamente esse! Para achar o respaldo certo para continuar trabalhando aquilo que eu sempre amei!

FP – De certa forma então o Bruce Lee também te inspirou a seguir esse rumo?

NF – Lógico! Lógico.

FP –Porque ele estudou não só a Filosofia Oriental, como a Ocidental... Não sei se bate?

NF – Bate! Tanto dele... A inspiração partiu tanto dele quanto daquela primeira Série que foi ele que orquestrou...

FP – O Bezouro Verde?

NF – Não... O Kung Fu!

FP – Ah! Do David Carradine que ele fez depois?

NF – É, o papel, o protagonista era para ser ele, mas ele tinha aspecto de oriental, baixinho, olhinho puxado, não correspondia aos super-herois da época.

FP – De Hollywood...

NF – É! Então quem assumiu foi o Carradine.

FP – Aí então o preconceito?

NF – Mais uma vez o preconceito pesa nas decisões econômicas.

FP – Mas a gente verifica também que esse preconceito também existia na obra dele, quando ele fazia os filmes, justamente com o seu povo também. Os japoneses na época que invadiram a China, eles também eram pessoas daquela região e que estavam combatendo praticamente a sua etnia, vamos assim pensar...

NF – O Bruce Lee era extremamente emotivo. Ele não escondia a mágoa que ele tinha por essa, vamos dizer assim, por essa dominação, por essa crise que teve entre Japão e China. Se não me engano 30 e poucos, que houve a invasão durante oito anos um domínio e um massacre violento dos japoneses para cima dos chineses.

FP – Inclusive o mestre dele passou isso na pele, não é?

NF – Sim. E ele não esconde de maneira nenhuma. E ele colocava o kung fu superior ao karatê, principalmente pela hierarquia de faixas, pela didática do karatê, e pela forma metódica como se aprende o karatê.

FP – Não só o karatê como outras tradições chinesas...

NF – É, do kung fu também.

FP – Dos estilos.

FN – Ele não era só contrário a Arte Marcial do karatê, que ele tanto rebatia dos japoneses, mas a toda forma rígida de aprender uma coisa que tinha de ser super espontânea!

FP – Daí o Jeet Kune Do?

NF – Sim, o JKD, a espontaneidade como da criança, como do gesto mais ingênuo possível do reflexo de defesa, do reflexo de luta, a volta da pureza do movimento.

FP – Parece que ele ainda usava o Tao para assessorar o seu trabalho com o JKD? Vamos dizer assim, com aquela questão do fluir, se moldar. Tem validade isso?

NF – Eu gosto muito de tai chi, sabe... Para mim o tai chi, vamos dizer assim, eu pratico o karatê há pouco mais de 30 anos e o tai chi eu pratico há um pouco mais de 10 anos. E eu nunca tive assim, tanta consciência do meu karatê de quando eu comecei a praticar tai chi!

FP – Por quê?

NF – Vou falar as características. O karatê, ele é duro, metódico, reto, explosivo. O tai chi é suave, circular e ininterrupto, assim como nossa respiração correta. A respiração baseada no diafragma ela consiste em você encher o pulmão vagarosamente de baixo para cima, igual a um balão enchendo, sabe? Isso daí provoca no ser humano o controle das reações! O controle das emoções! Segundo os orientais, o controle de suas reações é o controle de suas emoções. Se você estiver muito exaltado, sua respiração provavelmente deve estar errada, ou acelerada demais. Se você estiver muito emotivo, ela também está descontrolada e curta. Então, se você conseguir controlar a sua respiração, você provavelmente vai conseguir controlar as suas emoções e voltar à sua estabilidade média de espírito, não é? Então, quando comecei a praticar tai chi, encontrei a pausa que precisava encontrar nos movimentos rápidos do karatê! A consciência, a visão, a antecipação do movimento. Porque no karatê, você luta, quase, no ímpeto da luta, você luta assustadamente. No tai chi você luta calmamente, quase que tirando os mesmos benefícios numa luta, defender, atacar, esperar o momento correto.

FP – Então seria inteligente da parte de qualquer praticante, associar e não excluir essas duas práticas?

NF – Exatamente! Complementação! É o que o Siddhārtha fez.

FP – Caminho do meio?

NF – Caminho do meio. Se a gente conseguir encontrar no seu trabalho um equilíbrio entre a intuição religiosa e o racionalismo tático da nossa Filosofia Ocidental, eu vou participar da mesma alegria que você do seu trabalho!

FP – Nossa! Mas, Nagib, diga-me uma coisa, como você avalia essa questão de que Arte Marcial é sonônimo de violência, afinal de contas ela não é uma luta?

NF – Uma luta. Uma defesa por uma causa, não é? É uma luta, uma defesa por uma causa e um respeito por você e pelo outro! A partir do momento em que você descumpre qualquer uma dessas... regras, ela não é Arte Marcial mais. Ela é violência pura e sem sentido. Então vamos dizer assim, quando dois lutadores se enfrentam num vale-tudo. Vale-tudo o “negócio ali é fera”, hein? No final de semana agora, eu vi um americano tirando o título do Shogun, o paranaense aqui, que ganhou do Lyoto Machida. Eu gosto muito assim, de esportes extremos, mas eu não praticaria, nem na minha fase de competição, eu fui da seleção de karatê, tanto do Paraná, quanto da brasileira, da WKF . Mas assim, admiro muito, gosto de uma boa luta: quando dois adversários têm a mesma competência, quando eles têm o mesmo peso, quando eles têm a mesma condição de vencer! Então se torna uma luta mais aproximada do leal! E aí sim se disputa um título, se disputa uma vitória! Cabendo a um perder e a outro ganhar e assim por diante. Quer seja legalmente ou não, porque às vezes tem algum erro de arbitragem... Mas, partindo do exemplo do vale-tudo, você dentro das regras que lhe são permitidas, você tem de fazer de tudo para vencer o seu adversário! Talvez um saia com o nariz quebrado, concussão cerebral, mas isso daí talvez seja um acidente do percurso... Eu gosto quando dois lutadores muito fortes saem ilesos da luta, sabe? É porque um deles ganhou com técnica! Com técnica significa não agredir a integridade do outro.

FP – Seria a inteligência?

NF – É... Vamos dizer assim: ele deu o golpe de mestre! Ele não precisa quebrar o outro, quebrar, tirar a carne do outro para falar que vence, sabe? Ele consegue, o autocontrole dele, consegue respeitar o ser, não só a aparência que ele tem, mas ele, como daqui a pouco vou cumprimentá-lo, ele é meu amigo! Então ele não destroi o ser, ele mantém a integridade.

FP – Mas esse princípio parte da educação que esse atleta recebeu. Imaginemos então que ele tenha um sensei ou um orientador que seja mediocre ou que não seja um orientador capacitado e que não passe a base filosofal para esse atleta...

NF – Isso tem muito...

FP – Então aí a gente consegue perceber que existe diferença entre luta e briga?

NF – E de educação também! Olha, nesse tempo todo que eu treino, o que já presensiei de amigo meu que pegou faixa preta e que treinou vários anos, vai fazer um “bico”... Vai fazer um trabalho de segurança em boate em função do que aprendeu, mas de maneira vulgar, eu fico me lembrando daqueles clássicos que assistia do Akira Kurosawa , dos samurais que perderam a causa e viraram Ronin... Ronin é um termo japonês que diz que o samurai perdeu a dignidade! E aí, a partir de alguns trocados ele empresta as suas habilidades para alguns serviços.

FP – Ele está desonrado, então?

NF – É um samurai desonrado.

FP – Passa a ser um mercenário?

NF – Sim. Geralmente isso acontecia com os nijas que eram super bem treinados, mas eram mercenários, trocavam favores, suas habilidades por dinheiro! É o que acontece hoje em dia.

FP – Então pode acontecer de um Professor que teve uma má formação, também ser um mau formador.

FP – Você poderia explicar para a gente, de maneira prática, mais pragmática, como a disciplina, o autocontrole, ministrado na Arte Marcial pode moldar o caráter de uma pessoa de forma harmônica para o convívio com a sociedade e mais, se essa forma de moldar o caráter dela não seria tolher a sua liberdade.

NF – Lembrei de três garotos que treinaram na academia e que a mãe veio questionar o método. O método militar, que consiste em você “pagar” pelo erro em prol do que está sendo transmitido. Por exemplo, os alunos estão aprendendo uma determinada matéria, um kata, então exige toda uma disciplina, o grupo tem que andar sincronizado, no tempo e no espaço.

FP – Em função dos movimentos?

NF – Isso. A coordenação dos movimentos, a coordenação coletiva. Então alguns saem do andamento, o que é normal, aí se refaz, e aí se joga um exercício, digamos assim, um “castigo”, entre aspas, para se melhorar a capacidade intuitiva de pegar o tempo certo. Aí uma mãe veio questionar: Você está tolhendo a liberdade do meu filho de se expressar. Eu lhe falei assim: Calma, ele precisa dessa disciplina para ele poder se expressar naturalmente mais à frente, mais lá na frente. Então esse trabalho é construído à custa de suor, à custa de muita dedicação, à custa de muita perseverança... Até me empolguei para tentar negociar com ela, para ela entender que aquilo, que aquela exigência, era benéfica para o filho dela mais tarde.

FP – Quer dizer que aquilo não era uma humilhação.

NF – Não! De maneira nenhuma! Inclusive o correto é o Professor fazer junto o exercício que é proposto. E isso passa a ser uma política de ética e de convício em busca do bem-comum, porque a partir do momento que estou pagando pelo erro do meu amigo, forçosamente ele vai ter que desconfiar que ele vai ter que melhorar porque eu estou pagando por ele. E quando ele pagar por mim, vou ter que desconfiar que vou ter que pagar por ele. Então eu tenho que cuidar dele e ele tem que cuidar de mim. Caso contrário, vou ter que chegar nele no final do tempo e falar assim: Ô meu! Acerta esse passo aí que eu não estou aguentando mais pagar por você!

FP – Quer dizer que a disciplina é para todos, não apenas para aquele?

NF – Não! Tem de ser para todos, se não é desleal. Essa disciplina ela tem de gerar o bom-senso e o consenso. Todos têm que crescer juntos, caso contrário todo mundo desce junto.

FP – E se a pessoa se sentir incapaz e optar pela desistência?

NF – Opa! Mas isso daí é importante nas Artes Marciais. Os fortes é que vão predominar. O importante é que os mais fortes é que sejam os líderes!

FP – Para instruir os demais?

NF – Exatamente. Por que daí a transmissão será passada pelos mais fortes.

FP – É aí que se faz a seleção do bom orientador e do orientador medíocre que havíamos conversado antes.

FP – De que forma que a Filosofia... A Filosofia europeia, vamos assim dizer, a Filosofia de Platão de Sócrates, de Aristóteles, ela pode ser usada na Arte Marcial? Porque, afinal de contas, nós trouxemos a Arte Marcial do Oriente e usamos a Filosofia do Ocidente. Como é que você, como Professor de Artes Marciais e de Filosofia consegue juntar?

NF – Da maneira mais prática possível. O prático seria eu... Você já ouviu falar em “saber utilitarista”?

FP – Não!

NF – Saber utilitarista é o “mastiga e joga fora”! É mais ou menos assim, vou estudar para uma prova. A partir do momento em que eu cumpri essa obrigação, eu não preciso mais desse conhecimento. É lixo. Joguei fora. Não preciso mais. Não faço questão nem de voltar atrás desse conhecimento que eu adquiri. Bom. Se essa política, vamos dizer assim, funcionar, todo o conhecimento que vou adquirindo, na Filosofia tanto Oriental quanto Ocidental, ela vai ter que fazer parte de mim! Vou ter que vivenciar ela! Por exemplo, dentro da minha estrutura filosófica aqui da academia, da Associação Bushidokan, nós usamos o código de honra do samurai para orientar nossas atitudes dentro do aprendizado. Essas virtudes, deixa tentar lembrar aqui em japonês: Gi: A decisão correta. Yu: Bravura. Jin: Amor universal, benevolência. Rei: A etiqueta correta, a cortesia. Makoto: Ser sincero, ser verdadeiro. Meyio: Honra. Chugi: devoção, lealdade. São sete virtudes. É parecido um pouco com os sete dons do espírito santo, sabe? Ao mesmo tempo em que você tem de ter um respeito, um temor a deus, você tem de ser benevolente, mas tem de ser bravo, determinado, tem de ser perspicaz, você tem que ter a força, mas ao mesmo tempo ter a bondade, você tem de ter lealdade, mas ter a compostura, o equilíbrio para julgar eticamente, corretamente, politicamente. Então, o código de honra do samurai é uma sabedoria enorme, essas sete virtudes. E elas regem o nosso andamento, pelo menos dentro da nossa associação aqui. E eu coloco lá na frente, as sete virtudes, mandei fazer um banner, justamente com o batismo do meu último aluno faixa preta, que ele escolheu a forma como ele quis comemorar a faixa preta dela. Eu falei assim: Como você quer comemorar? Eu quero quebrar alguma coisa, sensei (Professor).

FP – Com a mão?

NF – Com a mão, com a faca da mão, chama-se shutô.

FP –Então ele ia dar um golpe em alguma coisa e quebrar...

NF – É! Então ele perguntou: Eu posso escolher? Disse: Pode! Porque geralmente eu quebro alguma coisa no aluno – indicou o abdômen – ele tem o direito de escolher.

FP – É como uma demonstração?

NF – Isso! Então ele falou: Quero quebrar algo! Então você vai quebrar sete tábuas! As sete tábuas vão representar as sete virtudes do bushido! Se você conseguir quebrar te dou um prêmio! Aí foi muito interessante, passei até no You Tube. Ele se preparou, foi para as férias, se preparou. Dei umas orientações de como ele usar o quadril, fazer o calejamento. E aí ele voltou. Um mês depois do retorno deste ano, nós fizemos a demonstração. Armei no centro do tatame, com dois banquinhos, coloquei as sete tábuas e ele se concentrou... Mas eu falei assim, espera, deixa eu preparar a turma! Você é formado em música. Suas mãos não são forjadas para cortar madeira. São para provocar belos sons! Então você não tem a obrigação de quebrar. Você está treinando para isso. Você também não pode se machucar. Você tem que ter proteção, você tem que pedir proteção para isso também. Então o que você tem que fazer? Você tem que fazer bem feito o seu trabalho! Ele não tem a obrigação, vocês respeitem a atitude dele. Aí ele se concentrou, veio bastante gente, aí ele foi fazer a demonstração e “PAM”!... Não quebrou nenhuma! Eu falei assim. Muito bem. Vamos ver por que você não quebrou! Vamos lá, vamos ver, pelo que lembro bem você utilizou bem o seu peso, o movimento do quadril... Aí uma aluna faixa preta que também estava lá falou: Sensei, acho que o tatame está amortecendo os banquinhos. Falei: É verdade! Dei razão para ela. Vamos montar ali no ladrilho. Aí montamos lá, ele se concentrou e bateu! “PÁ”! Rapaz! Parece coisa de filme, ele quebrou somente a sexta tábua!

FP – De baixo para cima?

NF – É... ele bateu em cima e quebrou a sexta. A penúltima.

FP – Certo, e as outras permaneceram ilesas...

NF – Ilesas, só que somente eu percebi... Daí eu desmontei tudo. Porque entre uma tábua e outra eu colocava uma moeda para ficar um pequeno espacinho, porque senão fica muito espesso. Mesmo assim a moeda de 1 real quase não dá muita distância, mas já dava uma certa flexibilidade, uma “envergabilidade.” Porque só eu percebi que tinha quebrado. Aí eu peguei, mostrei a sexta assim para o pessoal, pena que eles não gravaram... gravaram só o momento da batida, aí separei. Quando ele viu aquilo, eu disse para ele: Olha [...] eu nunca tinha visto isso pessoalmente ainda, sabe?

FP – Significava o que, na tradição, a sexta tábua?

NF – Naquela ordem que te falei?

FP – Isso!

NF – Deixa eu ver... É bem interessante a sua pergunta... A honra! Meiô! A honra! Ele só quebrou a honra!

FP – Dentro da sua proposta então... ao invés de “quebrar” a honra, ele destacou, dentre todas, a honra.

NF – Isso! Verdade! Ele valorizou mais ainda. Aí, quando ele viu que tinha quebrado somente uma, justo uma do meio, ele falou assim: Sensei, arrume mais uma vez para mim? Mas você está confiante? Não está machucado?

FP – As sete de novo?

NF – Não, só tinha as seis, não é? Você está confiante? Ele falou para mim: Não... Eu tenho certeza de que vou quebrar agora. Rapaz! Ele passou a mão, parecia papel!

FP – O que mudou?

NF – Não sei... É isso que é o lado intuitivo das Artes Marciais! O lado intuitivo é você conseguir tirar de dentro da cartola, alguma coisa que não tem muita explicação, é uma força muita grande que tem dentro de você e que tem dentro de mim. Eu aponto para a barriga, porque aqui é a casa da energia, sabe? E é justamente aonde a gente deve aprender a respirar! “Re-spirar” de novo, sabe? É próximo do umbido. Então é ali que tem uma força muito grande. Tem um reator atômico muito grande ali. Só que a gente não consegue tirar aquilo ali. Você tem que desenvolver uma forma como você tira.

FP – Talvez ele tenha conseguido naquele momento?

NF – Naquele momento ele conseguiu! Naquele momento.

FP – E existia uma plateia ali?

NF – Existia uma plateia, foi muita gente.

FP – Então foi um exemplo para todos?

NF – Ah! Tanto que ele ganhou o banner, ganhou outros presentes também, eu valorizei o esforço dele, a dedicação dele.

FP – Bom, eu teria aqui uma questão, mas dentro do que estamos conversando até agora, ela cai por terra, porque se tratava na questão de... falando exclusivamente na condição de Professor de Arte Marcial, se o senhor faria algum aporte filosofal, pelo que foi visto não há como fazer Arte Marcial no seu jeito de ministrar as aulas sem a Filosofia...

NF – Não tem como... Tem uma aluna minha que foi treinar na academia do meu Professor, e ela voltou aqui... Ela foi morar em Londrina (PR), ela: Sensei, eu vou voltar a treinar aqui, eu posso? Mas é lógico... queridíssima, não é? Mas conta para mim [...] por que é que você não quis treinar lá? Você tinha possibilidade de treinar duas vezes, estava perto da sua casa, mas você prefere vir aqui para Cambé, treinar uma vez só? Porque lá eu senti que eles não valorizam a Filosofia! Lá eles mal fazem a reverência. Eles vão direto para a competição e ficam só na competição... Eu falei assim: Posso te explicar uma coisa? Eu sei como é que funciona lá. Eles recebem da Fundação do Esporte, um apoio em dinheiro para manter o topo dos esportes de Londrina, então, ao pegar aquele dinheiro, que é um bom dinheiro, a pessoa tem que fabricar campeões! Então ela tem que esquecer algumas coisas que para nós são essenciais, e partir para o lado da prestação de contas.

FP – Assumiram um compromisso!

NF – Então, [...] não fique chateada, não, porque lá eles têm que prestar contas, eles estão fazendo parte do sistema! E a partir do momento que a gente fica impregnado do sistema, a gente se corrompe. Falei assim para ela! Com toda a garantia de que não estou ofendendo a academia onde ela foi!

FP – E nem o sensei de lá!

NF – E nem o sensei de lá! É que infelizmente ele tem que prestar contas!

FP – Você vê isso como uma opção então?

NF – O quê?

FP – Da parte dele.

NF – É! Porque economicamente é muito interessante e aí para deixar a academia no topo ele fazem isso é para realmente manter o nome, manter a quantidade de alunos, manter um nível, se é que se pode dizer assim, nível de supremacia, de nome, de fachada, de que é a melhor academia, não é? Mas infelizmente se paga um preço e o preço é perder um pouco o vínculo com a Filosofia, com a tradição.

FP – Então quer dizer que muito embora a Arte Marcial, se assim eu entendi, ela faça parte integrante da Filosofia e a Filosofia da Arte Marcial, pode ocorrer então de a pessoa mutilar a Arte Marcial?

NF – Isso ocorre a toda hora. Com o jiu jitsu aconteceu isso, deturpou totalmente. O jiu jitsu ele é quase brasileiro hoje em dia. O jiu jitsu é a “mãe” do judô.

FP – Aquele da família Grade?

NF – É. Então o jiu jitsu original... O judô saiu do jiu jitsu. E hoje em dia o judô é que recebe o papel bonito de formador de caráter. E o jiu jitsu não, o jiu jitsu é um quebrador de ossos! Por tanto, o preço que eles pagam é esse. O cara que treina jiu jitsu, ou seja, técnicas contrárias da articulação, ele fica totalmente apto para neutralizar e quebrar uma pessoa, agarrar e neutralizar uma pessoa. Só que, treinam tanto para isso, que esquecem os fundamentos orientais, esquecem a meditação, propostas filosóficas.

FP – Respeito ao adversário.

NF – Respeito, caráter, a fundamentação.

FP – O praticante de Arte Marcial ele então respeitaria o oponente que ele perceberia não estar à sua altura e não combateria, então?

NF – É como se fosse um freio, um freio e um gerador de velocidade. Um acelerador e um freio potente, ao mesmo tempo. Saber tirar a mão para quem precisa.

FP – E ambos fazem parte da Filosofia?

NF – Fazem parte da Filosofia, e saber acelerar quando é preciso. No caso de um agressor, por exemplo onde se precisa de um pouco mais de energia.

FP – Você acredita então, que se houvesse uma inclusão da Arte Marcial na grade curricular, isso pensando utopicamente, através da Educação Física como uma interdisciplinaridade, iria aumentar a violência? Seria algo em que os pais deveriam se preocupar?

NF – Estou procurando aqui, [...] as justificativas da minha atividade complementar aqui... Olha, a minha justificativa é esta, olha...

FP – Do seu projeto?

NF – Do meu projeto. Você me perguntou isso lá no início, ficou um pouco esquecido isto, o significado. Justificativa para eu conseguir implantar Artes Marciais... o tema que eu dei foi “Sabedoria oriental utilizada na prática escolar.” “Possibilitar aos alunos o acesso à cultura oriental que acompanha os treinamentos do karatê e fazê-los compreender que o aprendizado da luta deve ser vivenciado e desmistificado da violência a fim de que a prática e o domínio das técnicas levem os estudantes ao autoconhecimento. Os aspectos tecnofilosóficos das Artes Marciais são de grande valia para o desenvolvimento e a formação integral dos jovens estudantes, pois a relação aos princípios que fundamentam a atividade das lutas, tanto a disciplina, que é inerente dessa Arte como a própria dinâmica esportiva contida na luta, são ambas extremamente importantes para que ocorra uma transformação dos nossos educandos.” Não dá para desvincular! Não dá para desvincular. É fundamental que as crianças tenham acesso a esse conhecimento, esse conhecimento oriental que poucas pessoas têm. Porque dentro da minha posição... não de autodidata, mas de um pequeno empresário das Artes Marciais, pois tenho academia própria, é tirar um pouco o aspecto seletivo das Artes Marciais.

FP – Elitizado, você fala?

NF – Elitizado! Porque só frequenta quem tem posse. Quem paga a sua “mensalidadezinha” lá. Falo “mesalidadezinha”, porque o conhecimento não pode ser medido, vamos supor, por uma troca de dinheiro.

FP – E o karatê ele implica em ter um traje próprio, não é?

NF – Tem... tem de quer o quimono, a disponibilidade, ter o amor por aquilo que se está fazendo.

FP – E trazendo isso para a escola, você acha que alcançaria aqueles que são, de certa forma, excluídos, já que estamos falando tanto em inclusão social?

NF – Só iria dar certo, se realmente os orientadores conseguissem passar todas essas informações, ou pelo menos o grosso dessas informações, com relação ao amor pelo treinamento, senão não dá certo...

FP – Mas é aí que entra o que sugiro da união da Filosofia com a Arte Marcial. A Filosofia Oriental e Ocidental.

NF – Se tiver um bom respaldo filosófico o Professor consegue transmitir.Toda essa dedicação, todo esse amor que tem que ter por essa prática.

FP – Então seria possível, não sei se estaria exagerando muito...

NF – Utópico?

FP – É... Vamos pensar dessa maneira, mas uma interdisciplinaridade, não só com a matéria de Filosofia, vamos dizer “matéria” de Filosofia, mas com a Educação Física, Português, História, Arte, dentre outras, que poderiam ser atrelados a isso daí. Por exemplo, o Professor de Filosofia faz uma exposição em que a parte gramatical é muito complexa, então faz uma associação com o Professor de Português para que ele possa auxiliar o aluno a compreender isso. Pode trazer a história dos filósofos, junto com a parte de História. A Arte Marcial colocada junto com a Arte em si, não só uma pintura, ou uma escrita, uma forma de escultura, música... Então a interdisciplinaridade de todas essas matérias seria interessante então? Junto com o estudo de Filosofia e Arte Marcial?

NF – Seria importante. Não é utópico pensar não, não é? É integral! Isso faz parte da formação integral! Porque a gente não poderia desvincular esse espírito de arte! Porque nas Artes Marciais existe o espírito de arte que é o seu lado perfomático. A partir do momento em que eu não sei treinar sozinho, eu não consigo convencer os meus assistentes, quem está me assistindo. Eu não consigo convencer, porque se eu, na minha imaginação, criar dois ou três adversários – que é o kata do karatê, não sei se já ouviu falar, o kati do kung fu – se eu conseguir fantasiar a presença deles e lutar com eles de uma maneira bem perfomática, bem dinâmica, eu consigo me transformar num verdadeiro artista das Artes Marciais! Porque todo mundo vai me aplaudir depois. Porque eles vão falar assim depois: Nossa, parece que a gente estava vendo seu adversário ou o adversário do seu lado. Os golpes que eram dados.

FP – Então seria trazer para o aluno também uma quebra de inibição, prepararia ele também para uma atividade pública?

NF – É a mesma coisa que a pessoa vai fazer um teatro, ela faz um laboratório. Ela tem que fazer o laboratório para melhorar a representação dela no palco. Eu fiz um pouco de teatro, é por isso que estou falando e aquele ator que não consegue pegar o sentido da interpretação é um ator medíocre, ninguém dá valor para ele, não se destaca, não convence!

FP – Então o ensino dessa forma, para o aluno passa a ser cativante?

NF – Passa a ser cativante. Teria que ser intenso, teria que ser completo, passa a ser cativante para que seja efetivo.

FP – Sai daquilo que Paulo Freire fala, da “educação bancária”?

NF – Educação bancária?... Puxa vida! É verdade!

FP – Era o cara, não era? E foi exilado...

FP – Por que é então que existe medo da possibilidade de inclusão da Arte Marcial na grade se ao que parece seria algo interessante?

NF – Medo... medo e conforto de não se mudar as coisas, de quebrar paradigmas.

FP – O sistema que induz a isso?

NF – É o sistema. Para o sistema está bom assim. Não vem me dar trabalho, não. Não aprovaram o meu projeto!

FP – Não aprovaram o seu projeto?

NF – Não aprovaram. “A sabedoria oriental utilizada na prática escolar”.

FP – E eles lhe disseram o por que de não aprovar seu projeto?

NF – Falaram. Falaram sim. Falaram que existem poucas pessoas capacitadas e se eu abandonar o projeto ninguém vai conseguir colocar o meu projeto, a minha proposta para frente. Eu argumentei assim: qualquer pessoa que tivesse uma boa formação em Artes Marciais consegue colocar esse projeto para frente.

FP – Precisaria habilitar esse profissional para que ele pudesse se enquadrar...

NF – Sim, ele precisaria ser habilitado.

FP – Então, de certa forma, você caminha pela mesma... Porque, além do projeto científico, eu já tinha a solução para isso, como chegar a isso, na teoria.

NF – Eu até fui orientado assim: Evite falar em despesas com quimonos, evite falar em despesas com tatame, eu fui até orientado, para poder treinar de acordo com a realidade da escola...

FP – O topos que ali se encontra...

NF – É... e aí, mesmo assim, tomando todos esses cuidados...

FP – Então o seu projeto poderia ser aceito, mas desde que você o fizesse, mas não seria possível porque só tinha você para fazer, se você saísse esse projeto morreria?

FP – Então, por falta de formação é que isso não seria possível no momento? Se fala tanto de liberdade, tanto em avanço na educação e uma proposta dessa ainda pode ocorrer de dar certo, mas daqui há 10, 15 anos? Porque ainda vai se formar um profissional competente para se dar aula na grade curricular?

NF – É sim, poderia estar, essa formação, estar junto com a Filosofia e não junto com a Educação Física... Talvez juntos, também!

FP – O que precisaria para mudar isso? Se é algo interessante o que resta fazer, da parte de que âmbito para haver uma movimentação nesse sentido? Será que só os filósofos é que têm de pensar dessa forma?

NF – Há que ter integração com todas as matérias. Tem de haver integração, senão cada um puxa a sua “sardinha” para o seu lado e fica acomodado com a sua área. O Professor de Educação Física continua colocando uma dancinha de “hip-hop” lá, ou senão fazendo uma brincadeiras ocasionais, ou senão um joguinho de bola, e aí deixa de passar alguma orientação vinculado ao aspecto físico. De transpirar, transpirar na cabeça, no intelecto e no corpo. Porque é assim, a gente está treinando Artes Marciais, qualquer coisa que acontece a favor ou contra, no meio da matéria, é importante sentar para rever o fato! Para melhorar ou para salientar o direcionamento correto, o sentido positivo, para melhorar mais ainda, ou senão para corrigir alguma coisa que o grupo esteja errando, se alguém não esteja conseguindo alcançar o mérito do outro lá que está acertando.

FP – Por isso então que a parte filosofal seria importante? Para refletir nesse tipo de conduta? O momento de reflexão é importante depois do treino?

NF – O tempo todo! E assim, tem de ser no mesmo tempo. Simultâneo. Não pode ser assim: Olha, na aula que vem eu te falo onde você estava errado. Tem de ser na hora. É igual educar criança. Tem de ser naquele momento e esse momento é sagrado! Não pode ter nenhum tipo... Não posso usar termos pejorativos, tenho de ter muito cuidado com as expressões. Os outros têm de respeitar aquele momento. Porque todos são responsáveis por aquela correção ou aquela valorização.

FP – Isso pode acontecer de enfraquecer um indivíduo ou ocorrer o fortalecimento do grupo, um respeito pelo que está sendo trabalhado?

NF – De maneira nenhuma se visa o enfraquecimento! De maneira nenhuma! Porque, a partir do momento em que ele entra, ele tem de estar consciente de que ele vai acertar e que ele vai errar.

FP – É uma prerrogativa?

NF- Sim! E esse dualismo, ele tem de ser desfeito. Esse dualismo que Avicena fala que não pode haver, você não pode dividir religião de conhecimento filosofal. Você tem que unir. Igualar, nivelar mesmo. E aí, se ele conseguir quebrar esse dualismo, que tanto para ele certo e errado são importantes para o conhecimento dele, ele consegue aceitar a vitória, a derrota, o sucesso, a crise ou o momento de insucesso, ou ascensão.

FP – Então isso seria preparar um cidadão para enfrentar a sociedade?

NF – Qualquer coisa! Qualquer coisa boa ou ruim da sociedade. É o que a gente vê mais ou menos naquela tragédia lá do Japão. Porque os japoneses parece que eles estão prontos para se recuperarem daquele mau todo lá, daquele acidente.

FP – Para se reerguer...

NF –É! Então, porque dentro da cultura deles está bem claro que aconteceu uma tragédia, não vou me desesperar por causa disso, não! Vou me recuperar em cima disso. Eles estão ricos por conta disso.

FP – Bom, Professor Nagib. O senhor é um caso ímpar. Uma pessoa que é difícil de encontrar tanto que para embasar meu trabalho tive de buscar Bruce Lee que fazia a junção da Arte Marcial com a Filosofia. E o senhor é um praticante assíduo de Artes Marciais e um pensador graduado e atuante na área de Filosofia, eis que dá aulas de Filosofia pelo Estado. Enquanto unicamente instrutor, e praticante marcial, o senhor certamente tinha uma postura de vida e era vislumbrado por aqueles que o conheciam de uma forma, o senhor tinha um perfil. Houve alguma diferença significativa que o senhor tenha percebido quando concluiu o curso de Filosofia em sua vida pessoal e nos que o circundam?

NF – Obrigado pelo “ímpar” aí...

FP – Mas é, não foi fácil achar, não.

NF – Pois, olha, eu comecei a treinar karatê em 79,...

FP – Perdoe-me é que o pessoal está só ouvindo... O senhor tem quantos anos hoje?

NF – Vou fazer 48.

FP – Embora pareça 39... 40 anos...

NF – Puxa! Obrigado... Mais uma vez... O cara é muito lisonjeiro, viu... Aí... eu comecei em 79, e nesses trinta e tantos anos de karatê, eu sempre, como um bom... buscando os meus conhecimentos através da literatura, como um autodidata, eu sempre sonhei em ter o título de Professor!

FP – Mas, não importava de quê?

NF – Não importava de que, mas eu tinha já... como eu fiz seminário, para padre, o meu irmão já tinha feito Filosofia e Teologia, a gente conversava muito, eu converso muito com meu irmão a respeito de Teologia e Filosofia, meu irmão é padre palotino e ele me deu a coleção de Pensadores dele, rapaz... Olha isso daqui é para tirar foto do lado!

FP – Isto daqui... Quem tem vale ouro, não vende e não troca.

NF – Isto mesmo! Então, eu não tive dúvidas nenhuma. Simplesmente eu comecei a treinar. Vou contar um pouquinho da história...

FP – Por favor!

NF – Passou menos de um ano, o meu pai, é de origem árabe, não é?, ele falou assim: Olha, fala para o “seu japonês” lá que está ficando muito caro treinar karatê e você vai ter que sair.

FP – Temos que segurar um pouco as finanças...

NF – Aí você fala para ele lá que não vai dar mais. Então realmente, no mesmo dia que meu pai falou eu cheguei e falei: Olha sensei, infelizmente não vai dar continuar mais, meu pai está com umas dificuldades lá... E eu tinha acabado de ganhar... eu fui um azarão! Eu fui em Cubatão na época em que era a cidade mais poluída da América do Sul, e eu estava na faixa alaranjada, molecão de tudo, gordão ainda sabe, e eu ganhei o Campeonato Brasileiro da Shorin-ryu do nosso estilo.

FP – No karatê?

NF – No karatê. Mas, eu era azarão. Meu Professor não apostava nada em mim.

FP – Você mesmo admite isso?

NF – Ah! Eu era ingênuo. Quer dizer, toda minha vida o meu karatê foi ingênuo. Eu nunca tive um caso de uma luta fora do tatame! Eu continuo sendo ingênuo na minha essência. Eu fui buscar uma outra coisa, não fui buscar a glória de luta. Fui buscar um equilíbrio para o meu corpo, alguma coisa para a minha cabeça. Então saber lutar não está nos meus propósitos. Mas aconteceu, eu canalizei, eu estava disposto a isso. Focado. E eu tinha ganhado o Campeonato Brasileiro Infantojuvenil. E ia ter de abandonar. Daí meu Professor me disse assim: Mas de jeito nenhum! Você já está grandão, não trabalha em lugar nenhum, fica aqui, me ajude aqui na academia. Olha, ele falou uma coisa boa e uma coisa ruim. Porque eu fui lá para a academia e virei “rato” de academia! Em quatro anos eu peguei a faixa preta. Quando eu tinha 19 anos eu peguei a faixa preta. Treinei quatro anos seguidos assim. A hora que ele saia eu dava a aula para ele. Então eu substituí ele, limpava o banheiro, fazia a função, tomava caldo de suco de cebola, de cenoura que levava de casa... Todo mundo tinha nojo dos meus “lanchinhos”. E eu copiava muita coisa do Bruce Lee, porque eu via lá as coisas que ele fazia e eu fazia também, queria ser como ele, tinha a foto dele na minha carteira, o abdômen dele. Então fui copiando esses bons exemplos e fui tirando o melhor disso, e aí profissionalizei, mas deixei de estudar! Mal acabei o segundo grau. Então, comecei a trabalhar, comecei a ganhar um dinheirinho, comecei a investir. Pensei assim depois de alguns anos: Opa, agora tenho de ir atrás dos meus estudos, eu quero me realizar tendo o título de Professor. E porque não Filosofia? Nossa! Todo mundo em casa ficou admirado, que legal, Filosofia! Rapidinho fiz um supletivo, e antes dos 40 anos eu entrei na Universidade Estadual de Londrina. Nossa! A classificação mal me chamou e eu estava lá esperando, quem é que vai sair para eu entrar. Falava na maior cara-de-pau. E os Professores já gostaram, porque eu era assim, disponível, estava com vontade de aprender. Toda hora estava lá, só restava eu para entrar. A hora que deram baixa num lá, na vaga do departamento eu entrei, mas eu já estava assistindo aula, já, sabia o que era. Fiz o meu curso. Fui o primeiro a ser aprovado, com nota 10. O Professor [...] foi meu orientador. E o meu tema foi, peguei um livro “dez” de Santo Agostinho e transformei o Santo Agostinho em um samurai!

FP – Nossa! E eles permitiram essa liberdade?

NF – Permitiram! Inclusive um deles falou assim: Até que enfim veio um cara falar de deus nesta universidade. Aí eu falei do ponto justamente do ponto de equilíbrio em que se percebeu na mente do homem a presença de deus. E para ele conseguir perceber esse momento, aí sim que usei os exemplos orientais para falar que em um momento de iluminação, a pessoa consegue se desvincular de todos os pensamentos, consegue entrar na pureza de seu coração e perceber o momento divino. Que é ficar em estado de pureza e percepção.

FP – De uma forma neutra, você abordou uma parte espiritual.

NF – Abordei.

FP – E trazendo a Filosofia Oriental para defender a Filosofia Ocidental!

NF – Exatamente.

FP – E permitiram você trabalhar assim?...

NF – Permitiram.

FP – Não foi só naquele campeonato de karatê que teve sorte...

NF – E nesse momento se percebe a presença de deus no ser humano.

FP – Você percebeu então diferença no seu perfil depois que você concluiu o curso de Filosofia?

NF – Olha, assim que eu... Eu sacrifiquei muito a academia para fazer o curso de Filosofia, perdi muitos alunos, fechei horários para poder estudar; acabei descobrindo como todo mundo, que de madrugada você consegue ler melhor, porque é duro, qualquer barulhinho parece que tira a sua concentração, então, eu sacrifiquei, investi na vida acadêmica, e logo em seguida comecei a retomar. Quando retomei, eu senti muita segurança, senti muita confiança, o que a Arte Marcial tinha me dado de autoconhecimento, o título acadêmico me deu de autoestima, eu fiquei carregado de informações novas.

FP – Então hoje você tem suporte para poder ministrar a Arte Marcial mais adequada?

NF – Lógico, sabia conversar melhor com meus alunos, poder me apresentar melhor para os jornais, para as entrevistas, para os pais...

FP – Quer dizer que se você fosse argumentar hoje com aquela mãe cujo filho você disciplinou como aluno, você argumentaria de uma maneira diferente?

NF – Talvez eu faria uma outra abordagem.

NF – Eu ia falar... Você parece que tem mais um tema, não é? Um tema livre onde eu possa falar alguma coisa sobre o meu método? Você quer me abordar ou já posso entrar direto?

FP – Sim, pode entrar.

NF – Uma coisa que eu considero muito importante na busca do equilíbrio, dentro do método que, vamos dizer assim, não posso falar que eu criei, porque eu estou fazendo como na Filosofia, eu estou pegando em outros autores, em outros Professores para tentar melhorar e dar continuidade a esse ensinamento, mas uma coisa que direciona muito na minha prática, é a busca do equilíbrio através do físico mesmo, do lado esquerdo e do lado direito! Porque eu valorizo muito utilizar re-utilizar a nossa parte atrofiada para encontrar o equilíbrio físico e o equilíbrio emocional e o espiritual e etc. Porque o nosso lado tem um lado que é mais desenvolvido que o outro...

FP – Explique melhor isso.

NF – É... eu chamo isso de “Inteligência Marcial”! A partir do momento em que você consegue trabalhar algumas informações na sua cabeça que não estão muito comuns de serem trabalhadas, por exemplo, as imagens são trabalhadas se não me engano, mais pelo lado direito e o racional mais pelo lado esquerdo, matemático.

FP – O lúdico é o direito?

NF – Sim, exatamente. Quando você consegue trabalhar os opostos você consegue desenvolver uma habilidade extraordinária, uma habilidade além do normal. É como se você não pensasse na hora de fechar e abrir uma torneira com a outra mão. É como se você não tivesse problema algum em ser bi-lateral...

FP – Não só destro ou canhoto...

NF – Isso, exatamente... Você, vamos dizer assim, vou falar como um atleta. Você é um atleta melhor preparado para enfrentar um destro e um canhoto. Porque quando você enfrenta um adversário canhoteiro, você se confunde todo, você não sabe o que você faz porque a atitude dele é deferente da atitude do destro que é a maioria. Então você cria a inteligência marcial, você cria um reflexo de desenvolvimento mental rápido para você agir em situações diferentes, com adversários diferentes, com movimentos diferentes, com tempos diferentes.

FP – Se adaptar e se moldar...

NF – É! Naturalmente!

FP – Be water my friend!

NF – Oooh!...

NF - A bilateralidade para mim é uma das metas importantes para desenvolver a inteligência marcial que levam os meus alunos a terem uma melhor formação. Uma melhor preparação, tanto para os seus afazeres do dia-a-dia, como as coisas do futuro, que vão enfrentar no seu dia-a-dia do futuro.

FP – Porque, se a gente for pensar, ninguém sai de uma academia, porque existem várias academias de Artes Marciais, se fôssemos pensar que as Artes Marciais aumentariam a violência, então todo mundo estaria se pegando por aí! E não é o que ocorre.

NF – Exatamente!

NF – Eu queria saber exatamente até que ponto eu posso colocar isso para você, mas chegou os 48 anos e eu fui atrás de um óculos de leitura, começou a dar uma embaralhadinha na hora que se acorda com a luz, aí fui fazer com meu médico oftalmo o exame de vista, a pressão ocular e deu uma coisa interessante, minha gradação não é baixa não, eu uso 1,75. Eu sempre cito o exemplo na academia, que um braço é diferente do outro, que um olho é diferente do outro, que o nosso corpo ele é assimétrico. Aí o meu cansaço visual deu certinho: 1,75 para cada olho! Eu falei: Será que eu estou equilibrando! Não estou querendo mistificar! Mas será que eu consegui o equilíbrio através disso?

FP – Você teria habilidade para comer com a outra mão?

NF – Ah, sim! Inclusive eu como de hashi ! Quando eu percebo que estou comendo muito rápido com a direita, eu passo para a esquerda. Então eu desenvolvo muito o lado esquerdo.

FP – Não sei se cabe aqui, mas, a gente costuma muito usar como exemplo o Bruce Lee, porque temos ele como um ícone da nossa geração, os outros que vieram são ocidentalizados e parecem não respeitar muito o que a filosofia dele trazia, mas Taki Kimura perguntava para Bruce Lee, no alto de seus 40 anos, e Bruce Lee entrando na casa dos 30, que era muito fácil para ele dizer como ter um movimento rápido, como ter uma flexibilidade e é aí então que ele revela, que ele era míope, cocho, baixinho e magrinho e ele fazia com que essas dificuldades tornaram-se valores para ele. Então, você falando tudo isso, talvez até sem saber, eu falo: Esse cara é a prática, na minha frente, do que é a Filosofia e a Arte Marcial proporcionam! De maneira salutar.

NF – Lembrei da minha queda de bicicleta! Essa queda que eu tive de dar 10 pontos no cotovelo e a gente estava, foi uma inconsequência minha. Porque sou ciclista muito recente e tem muita manha, muita malícia no comportamento do grupo. Você andar sozinho é uma coisa, você andar no meio de todo mundo,[...] é uma coisa totalmente diferente. Então tenho de ter uma responsabilidade com você e com o outro que é extraordinária! E isso pode acarretar em danos, para ele e para você. Eu entrei, por exemplo, a gente estava a 45 km/h num aclive. E se você perder o seu companheiro durante a subida, se você se distanciar dele, você perde o vácuo. O vácuo faz este desenho [...] se você estiver aqui dentro, é puxado, não tem atrito, você vence mais fácil a resistência. E aí então você não pode se distanciar muito, tem de ficar bem no “rabicho” da curva do vento. E então você está próximo, mas eu entrei do lado errado da roda dele, então entrei, a 45 km/h, do lado errado, ele levantou para “jogar”, bateu na minha roda da frente eu já fui direto de cabeça, de cotovelo no chão, e ainda bem que não tinha ninguém atrás de mim, senão era mais uma reação lá na frente ainda. E tinha gente dos dois lados assim.

FP – E você quer dizer com isso que...

NF – Que tanto na atenção, na distração, você não pode perder o foco! O foco você não pode perder. É na hora da maior necessidade que você aprende a coisa, sabe? É na hora do acidente... por exemplo, se eu fosse uma pessoa fraca eu ia, lá no chão, todo ensanguentado: Puxa! Teve um pequeno trauma no osso, eu ia desistir já. Puxa! Eu preciso estar com o corpo bom para dar aula, para ir para a escola, para dar treino na academia, né? Não posso ficar me arriscando! Mas você consciente de que você errou, tem a chance de melhorar, não pode errar, e é nesse momento em que você aprende. É no momento de maior necessidade que vem a sabedoria! Eu preparo um produto que chama “Cereal Brasil”, é uma granola, eu já fazia essa granola quando estava na universidade para equilibrar as minhas finanças e vendia para os amigos. A granola, na hora... Isso é coisa de sabedoria também. Quando ela está quase queimando, quando você vê o brilho da panela lá, mas quase criando aquela crosta de queimado, essa é que a mais gostosa! Aí você fica desesperado, fica mexendo, mexendo, para não queimar, porque essa é que vai sair a melhor! E eu só consigo chegar nela se eu me arriscar!

FP – Se arriscar... Isso é importante! Aí está a liberdade, então? Que a gente os bons resultados, os destaques, que poucos conseguem e admiração de todos é quando nos outorgamos a liberdade de agir? A liberdade da ação?

NF – É... Você encontra a sabedoria... é por aí.

FP – O que você teria a acrescentar que entende fundamental de ser comunicado, de ser passado e que nós, porventura, não abordamos aqui?

NF – Ah, talvez a espiritualidade, né? A espiritualidade! Você queira ou não queira, você tem que acreditar em deus, não tem jeito!

FP – Porque não tem jeito?

NF – [Suspiro] Dentro da minha visão, dentro da minha formação religiosa, dentro da minha formação também profissional, eu profissionalizei o meu esporte, não é? Poderia ter sido um aluno, poderia ter trabalhado com outra coisa, mas não, eu trabalhei com o meu esporte e me sustento com ele, fora agora a atividade de Professor de Filosofia também que está caminhando para ser unida. Então... vamos dizer assim, as coisas que você acredita que vai dar certo, que a maioria das pessoas não acreditam, elas só dão certo se você acreditar em deus. Você conhece minha demonstração de passar a Kombi em cima da barriga? ... Então, se alguém me perguntar assim: Como é que você consegue realizar aquilo lá? Porque eu já fiz quatro vezes. Quase ninguém... a gente não vê quase ninguém fazendo. Eu falei assim: Olha, primeiro a gente treina muito, depois a gente avalia as consequências, avalia as condições, vê o peso da Kombi, a largura do pneu... Eu quase me estrepei com a largura do pneu da última vez, porque antigamente os pneus eram fininhos... eram todos assim dessa largurinha os pneuzinhos há 20 anos. A última vez que tinha feito foi há mais de 20 anos... E quando fui avaliar essa, vi a tala deste tamanho da Kombi. Eu falei: Mas onde é que vai passar? Vai pegar tudo, porque a gente reduz mais ainda... E na hora do vamos ver... Só deus! É uma força espiritual que está junto com aquela força oculta que nós temos, que você tem, que eu tenho, que tem que ser pensada, administrada, levada a sério, cultuada, para que você consiga essa ligação com o divino, não importa que você queira dar ao divino, eu dou o nome da minha crença, você dá o da sua, mas se você conseguir essa ligação, ninguém te segura, você consegue aquilo que você deseja!

FP – Então você consegue, pelo o que falou, fazer uma avaliação racional, lógica e metafísica?

NF – E metafísica... É difícil explicar o abstrato, o impalpável...

FP – Você quer deixar alguma máxima aqui para nós, alguma coisa que você acredita, pode ser um pensamento...

NF – Pode ser de Lao Tsé?

FP – Por favor! É até fundamental, porque vem lá do Oriente.

NF – Olha eu vou falar em inglês, porque um ídolo meu do esporte do ciclismo, que é o Lance Armstrong , usa para ele também, sabe? “If you wish to be out front, then act as if you were behind.” Se você deseja estar na frente, sinta-se como se estivesse atrás!

FP – Obrigado! Palavras sobram.

NF – Imagina.

ADENDOS:

As Sete Virtudes Do BUSHIDO

Gi: A decisão correta.

Yu: Bravura.

Jin: Amor universal, benevolência.

Rei: A etiqueta correta, a cortesia.

Makoto: Ser sincero, ser verdadeiro.

Meyio: Honra.

Chugi: devoção, lealdade.

“If you wish to be out front, then act as if you were behind.”


Se você deseja estar na frente, então aja como se estivesse atrás.



Lao-tzu Século 6 A.C.


Um abraço e sucesso no seu trabalho!



Nagib Fadul.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

PLANO DE ENSINO - FILOSOFIA

CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR

Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião

Filosofia Licenciatura


AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062

FILOSOFIA

PROJETO INTEGRADO

Trabalho apresentado ao processo avaliativo de Filosofia à atividade: Plano de ensino. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.



Professor Coordenador: Wesley Adriano Martins Dourado


SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP-2011

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................03
PLANO DE ENSINO.........................................................................................04

OBJETIVOS GERAIS........................................................................................04

OBJETIVOS ESPECÍFICOS.............................................................................04

CONTEÚDOS....................................................................................................05

JUSTIFICATIVA...............................................................................................07

METODOLOGIA...............................................................................................09

AVALIAÇÃO.....................................................................................................10

REFERÊNCIAS..................................................................................................11

REFERÊNCIAS DE PESQUISA.......................................................................11


“Livremo-los [os homens], pois, das quimeras, das ideias, dos dogmas,

dos seres imaginários, sob o jugo dos quais eles se estiolam.”

Prefácio de A ideologia alemã.



INTRODUÇÃO



Como atividade premente do Plano de Ensino, doravante se fazer necessária a atividade nominada por Projeto Integrado, dentro da qual se roga a confecção de um Plano de Aula para a Educação Básica, em especial o Ensino Médio.

O referido plano de aula deve abranger no mínimo duas aulas, ou 100 minutos e valer-se do texto de Karl Marx e Friedrich Engels: “A ideologia alemã”.

Deve-se acompanhar o respectivo plano de aula uma justificativa que demonstre a relação metodológica que satisfaça o ministrar da aula com o tema em tela e a proposta defendida pelo Aluno exercendo as vezes de Professor.

Em assim sendo, segue o material.


PLANO DE ENSINO



OBJETIVOS GERAIS

A Filosofia em sua proposta inicial vincula-se na apresentação de um Karl Marx – em especial, sem menosprezar seu companheiro Friedrich Engels. – como uma pessoa que possuía sentimentos e que a pecha de comunista e capitalista frio não devem ser avaliadas como única ótica, pois seus objetivos eram maiores do que as compreensões e interpretações de sua obra.



OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Introduzir o livro aos alunos, solicitando no decorrer do curso que realizem a leitura do mesmo.

Tecer um perfil bibliográfico de ambos autores.

Abordar em duas aulas, dois trechos do livro.

Em primeira instância, o próprio prefácio em si e suas ideias libertadoras, com cunho até mesmo metafísico, força motriz do objetivo a ser desvelado no perfil de Karl Marx.

Introdução e dissecação do idealismo positivo, a conversão do mundo material em mundo de ideias bem como a história. O raciocínio crítico como libertação das coisas atuais. Tecer comparação com a época de Marx com a contemporânea. Onde o raciocínio crítico poderá exercer libertação.

CONTEÚDOS



3ª SÉRIE – ENSINO MÉDIO



PERÍODO: 1º TRIMESTRE



Surge o bom senso da realização preliminar de um bate-papo introdutório, em que se desmistifique a disciplina e introduz a temática: O que é Filosofia?, com notas e pequenos testes informais.


1- CONTEÚDO ESTRUTURANTE – A ideologia alemã de Karl Marx e Friedrich Engels.

Conteúdos básicos:

Ideologia: desenvolver e explanar seu conceito.

Capitalismo: desenvolver e explanar seu conceito.

Metafísica: desenvolver e explanar seu conceito.

Conteúdos específicos:

Trabalhar junto aos alunos o cerne gramatical e filosofal de um idealismo, sua função, ação e reações,

Expor de forma sucinta como vivemos hoje em função do capitalismo proposto no tempo de Karl Marx e como isso nos parece ser tão natural. Suas conseqüências desmedidas e possibilidades de se viver de outra forma.

Abordar o conceito metafísico e sua profunda concepção nos dias de hoje onde a amplitude da experiência além da physis ainda nos permeia e nos norteia. (Mundo das ideias).



2- CONTEÚDO ESTRUTURANTE – Capitalismo e Positivismo



Conteúdos básicos:

Introdução ao Capitalismo.

Introdução ao Positivismo.



Conteúdos específicos:

Como as relações de trabalho, em especial patronal e empregatícia, nos parecem hoje e como poderiam ser caso não vivêssemos num capitalismo funcional.

As teorias do positivismo e a relação do mesmo com nossa nação – Bandeira do Brasil.

Abordagem inicial do que é entendido por comunismo.



OBSERVAR:

O que os alunos pensam de Karl Marx.

Como eles imaginam ser a vida sem a relação de trabalho patrão + empregado.

Pensar a liberdade e sua função nos dias de hoje.


JUSTIFICATIVA

O foco do estudo de Filosofia precisa ser o material humano. E esse material humano está em contínuo devir. Filosofar no ensino não pode ser uma mera viagem, mas também ir além do processo reflexivo. Filosofia conduz à uma segurança subjetiva, mas que também, em nível estudantil e humanitário, leve a análises de problemas reais da vida, do topos. Ficar sentado numa sala por diversos minutos ouvindo sobre pessoas que falavam e escreviam complicado exauri e não é eficaz. A liberdade de pensamento está em ampliar o conhecimento filosófico do aluno de forma tal que ele possa compreender que o mundo em que vive hoje nem sempre foi assim, e que amanhã também poderá vir a ser diferente, justificando o eterno devir já mencionado.

Parafraseando Marx, a constatação das relações de trabalho, a transformação das forças pessoais em forças materiais causadas pela divisão do trabalho só é possível na comunidade, onde a liberdade pessoal é possível. (MARX, p. 92, 2001).

A Ideologia Alemã de Karl Marx e Friedrich Engels nos traz em seu preâmbulo a seguinte frase: “Até agora, os homens formaram sempre idéias falsas sobre si mesmos, sobre aquilo que são ou deveriam ser.” (MARX, p. 3, 2001), trata-se de uma colocação importante: o empresário e o trabalhador dependem um do outro; se não houvesse divisão laboral, não haveria conflitos e conceitos limitantes; dependência ou deficiência gera troca de algo que se tem possível de concretizar pelo que se necessita, tal como um escravo vende seu esforço físico, uma prostituta seu corpo através de favores sexuais, um trabalhador sua habilidade, todos em troca de algo que precisam, uma “moeda” que lhes permitam trocar pelo que querem.

Depreende-se ainda que a transformação da história universal não seja um fato do imaginário e sim de ações, de algo concreto. Pensamentos sem atos, filosofia sem ação, são enfeites dos fracos e frouxos e não alteram, tampouco constroem a história. Essa tentativa heroica precisa ser demonstrada em sala para os alunos.

Os autores defendem que não é a crítica, mas sim a revolução que constitui a história e sua força motriz, uma vez mais a ação é que move.

Muito embora o próprio texto seja algo que intelectual somente, devemos compreendê-lo como a ação física (escrita tornada pública) do ato filosófico em si.

Abraçar a premissa de que todos os seres humanos têm o direito de decidir nos rumos das suas vidas e que as crianças e jovens também fazem parte desse rol, pode possibilitar essa autoridade de eles, pelo menos entenderem e analisarem as problemáticas que a vida cobra, deixando de serem meras peças de uma máquina moldadora de caráter e fugindo de uma Filosofia meramente especulativa, tal como Karl Marx pretendeu em sua época.

METODOLOGIA

O ensino de Filosofia da forma como se propõe possibilitará ao aluno, através dos conteúdos estruturantes e básicos, bem como de seus conteúdos específicos a sensibilização, a problematização, a investigação e a criação de conceitos amplos, disciplina e confiança. Para tanto, o educando estará, constantemente, recebendo indicações formais de como ler um texto de maneira crítica, como fazer resumos, interpretações, análises e dissertações, avaliar um filme, um documentário, apreciar um palestrante e realizar debates.

Deste modo, serão desenvolvidos métodos e técnicas de leitura e análise de textos – analíticos e reflexivos -, exibidos imagens, visando a articulação, por parte dos alunos, das teorias filosóficas, bem como do tratamento de temas e problemas científico-tecnológicos, ético-político, sócio-culturais e vivenciais, palestrantes e demais atividades externas junto ao comércio (topos) que o estabelecimento concordar em realizar.

Visando atingir os objetivos propostos, será necessária a utilização de meios auxiliares para a efetivação dos mesmos, gerando pesquisas em diversas fontes, tais como os meios de comunicação e expressão que nos circundam e nos sociabilizam inclusivamente: fala, corpo, escrita, libras, audiovisuais, cartazes, folders, plotagens, cartazes de rua, fachadas, aérea, 3 D, celular; associados às demais mídias e acessos convencionais: revistas, jornais, dicionários, retroprojetor, televisão, rádio, textos de apoio, MPs, aulas expositivas, livros didáticos e paradidáticos; internete; DVDs de filmes/documentários; CDs de músicas; cinema, teatro, telegrama, carta, até mesmo um simples bilhete atrelados a efetivo pessoal gabaritado.

É necessário usar procedimento pelos quais os alunos possam se expressar e desenvolver, a sensibilidade, a intuição, e afins, através de diálogo, reflexão, debates, relatos, entrevistas, observações, comparações, questionamentos, análises de textos, dramatizações (encenação), pesquisas em livros, revistas e textos, pesquisa de campo e recursos audiovisuais, especialmente vídeos e filmes, experiências de entrevistas com outros Professores de filosofia da cidade para mostrar gente viva e real, dentre e outros.

Trazer aos alunos DVDs de documentários e/ou filmes onde coloquem a visão do capitalismo, da liberdade e da metafísica como alavanca de apoio no estudo e preparo para a individualidade na vida concreta.

AVALIAÇÃO

A avaliação será diagnóstica, contínua e formativa segundo critérios propostos na metodologia dos conteúdos trabalhados, sendo os conteúdos cumulativos, sempre avaliando a participação e progresso do aluno durante as atividades designadas.

Em se tratando de um processo em que não trabalha sozinho, ou seja, não se isola das outras áreas do conhecimento, há a imperiosa necessidade de se buscar procedimentos tais que permitam um processo paralelo de avaliação.

Entrevistas individuais e coletivas; comunicação oral e escrita; observação dirigida e espontânea de atitudes; participação em trabalhos de grupos; relatórios; exposição de trabalhos; trabalhos escritos ou orais; relatos de experiências pessoais ou familiares; produção de texto e participação do aluno em sala de aula; prova escrita.



Obs.: Por se tratar de um planejamento intuitivo e a necessidade de se aquilatar a topologia que provoca o futuro educador em suas variáveis já expostas acima, pois nem sempre é possível conhecer os discentes antes de elaborar o plano de aula, no decorrer do ano letivo este planejamento poderá sofrer ajustes.

REFERÊNCIAS

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; A ideologia alemã. Tradução de Luis Cláudio de Castro e Costa. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 2001.



Tempos modernos (Modern Times, EUA 1936); DIREÇÃO: Charles Chaplin ELENCO: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. preto e branco, Continental.

REFERÊNCIAS DE PESQUISA