- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.
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domingo, 10 de outubro de 2010

FILOSOFIA MEDIEVAL

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL


Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval, à atividade: Portfolio. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Luís Fernando Weffort

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO.......................................................................................04

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................06

4 - REFERÊNCIAS.............................................................................................07


INTRODUÇÃO
“Na Idade Média, a teologia toma em mãos as rédeas da ciência:
perigosa época de emancipação.”
Friedrich Nietzsche

- PROPOSTA

Ler o livro “O que é Filosofia Medieval”, de Carlos Arthur Nascimento

Produzir um breve texto discutindo: de que maneira filosofia medieval comprometeu-se tanto com a tradição filosófica grega quanto com as exigências da fé cristã.

A chance que um aluno tem de se aprofundar no universo do conhecimento é grande e entendo que não depende unicamente dele, eis que o Professor, com todo seu manancial de conhecimento, é que possui o condão de surtir seus discípulos de material rico e vasto para a realização de seus estudos.
Assim ocorre neste caso, quando nos dispomos a fazer uma breve análise da Filosofia Medieval abordando comparações com a tradições filosófica grega com as exigências da fé cristã que se desenvolvia à época.
De maneira rudimentar e com breves traços tentar-se-á delinear, não apenas com o livro em questão sugerido, mas também com mais dois textos apresentados para leitura e que servirão para ilustrar a presente atividade.


APRESENTAÇÃO

Quando se busca fazer uma análise de um período histórico, prescinde-se, evidentemente, de um cabedal apropriado para se aquilatar e formar opinião. Isso já é difícil por si só, a começar ainda por um período em que foi considerado como “Idade das Trevas”, ou, como é mais salutarmente conhecido: Idade Média. Mas o material ofertado é de bom cunho.
A obra do Professor Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento O que é filosofia medieval, mais parece um estudo das origens do próprio cristianismo em si do que um aprofundamento no campo medieval e filosófico, talvez por que ambos se confundam numa amálgama, ou, para ser mais gentil, num manancial de busca pela luz.
Pode-se chegar da análise da histórica a nós legada, que a Europa buscava uma identidade própria, após a queda do Império Romano pelos bárbaros e precisava urgentemente manter o poder que escorregava pelos dedos com a crucificação do Nazareno. Mas como borrar o registro de nascimento e imprimir uma nova identidade quando os poderosos da lei e do clero dependiam diretamente dos pagãos, da plebe, dos escravos?
Constantino pode ser considerado o precursor de um projeto audacioso que culminou na miscigenação de crenças pagãs (gregas) com as novas ofertas de liberdade espiritual que se apresentava via discípulos do Cristo. Assim, uma estrutura fenomenal foi construída, conforme bem destaca Gilda Naécia Maciel de Barros, quando nos lembra que as interpretações da bíblia precisavam satisfazer públicos mais exigentes, mais críticos, o que caminhou para o que ela denomina de “filosofia cristã”. (BARROS, 1975).
Entre caminhos tortuosos tais como os trilhados por Pedro Abelardo, em que o Professor Nascimento faz ressaltar que Abelardo apanhava textos de padres e objetivava levar às pessoas, através de leituras contraditórias exatamente uma forma de chocar a consciência acostumada ao quadrado firmado pelo tempo, a novas reflexões que pudessem conduzir à verdade. (NASCIMENTO, p. 33, 1992).
Os pontífices do cristianismo precisavam de uma base para que seu cristianismo construído, tido até então como pagão, fosse bem aceito e compreendido, para depois poderem empurrar sua forma pessoal de pensamento goela abaixo dos povos. Como fizeram isso? Buscaram na tradição da filosofia grega “a segurança de sua própria universalidade” (BARROS, 1975), beberam da fonte de Platão e principalmente de seu discípulo Aristóteles, especialmente o complexo conceito de logos da tradição filosófica grega, muito embora Aristóteles e suas análises da natureza tenham sido posteriormente expurgadas pela própria autoridade eclesiástica (NASCIMENTO, p. 56, 1992), mas também buscaram entre os hebreus, do saber árabe, e assim caminharam por uma meta que vai se ajustando e se moldando às próprias necessidades, sem escrúpulos, definem novos tipos de comentários, destancando-se a dialética, codificam-se a retórica, redescobrem a natureza como horizonte da razão entendendo-a em seus processos e suas leis, acentuando-se o valor da experiência que emerge a Filosofia natural, demarcando-se, enfim, os limites entre sagrado e profano. (PACHECO).
Não podemos esquecer os aspectos que forçaram a aceitação plena da nova fé, tais como os de Galileu Galilei, “as coisas foram mais complicadas e que os interlocutores e adversários de Galileu estavam longe de ser sempre burros, ignorantes e cabeçudos.” (Grifo meu). (NASCIMENTO, p. 79, 1992), ou seja, sabiam bem o que queriam, haja vista a “santa” inquisição.
Muito embora a fonte fosse a filosofia grega, precisavam limpá-la de acordo com as exigências da fé cristã; já que não podiam escapar do pensamento em si, eis que muitos aliados da arte de pensar foram amealhados, era preciso permitir, talvez, uma filosofia medieval. A construção do deus cristão, afinal, não poderia estar corrompida pela tradição pagã – que reviravolta! – e uma das preocupações maiores era “dissociar o Deus judaico-cristão do necessitarismo grego. [...] não submeter o Deus onipotente aos limites das essências ou naturezas e da lógica da não-contradição.” (NASCIMENTO, p. 68, 1992).
E mais,

Muitos cristãos do século XIV estavam simplesmente fartos de todo este negócio. Eles não tinham o que fazer com a teologia especulativa, eles não se perderiam nos obscuros e inseguros mistérios da união mística; o que eles precisavam era de vida cristã prática direta e de mais nada. (Grifos meus). (Étienne Gilson, citado por NASCIMENTO, p. 73, 1992).

E assim se valeram, os progenitores do cristianismo, de pensadores imortais, que deixaram sob o berço da humanidade, seus esforços e conciliar e trazer à lume maneiras e estruturas distintas que nos possibilitassem trilhar, talvez, solitários, as veredas do saber. Mas não esperavam que esse trabalho humanitário fosse um dia utilizado de maneira tal que se encaixasse em exigências interesseiras de uma fé construída.

CONCLUSÃO

Nietzsche acreditava que sem a teologia normativa os gregos antigos tinham o direito de acrescentar o que quiser e acreditar no que quiser. (NIETZSCHE, p. 37 (72), 2007). Com o advento ocidental do cristianismo esse direito à liberdade foi tolhido. Creia no quadrado dogmático concebido pela mente humana voltado para o poder e dominação e não acresça nem tire uma vírgula, nem tente fugir disso. Terror puro. Nós “homens de deus”, assim o concebemos, assim deve ser.
Os filósofos, os teólogos, os cientistas procuram respostas às suas perguntas através da lógica, da metafísica, dos métodos. Como explicar as coisas da natureza (physis) com a natureza humana usando parâmetros e esquadros concebidos por mentes humanas? Todos sabemos plantar uma flor, mas sabemos construí-la? Urge irmos além do “cérebro de pato”.
Acaba-se colocando certa parcialidade no texto que se apresenta. Portanto, volto-me humildemente ao material ofertado pelo Professor e relembro que “Seria inteiramente equivocado supor que [...] qualquer outro teólogo do século XIII pudesse encontrar em Aristóteles, Avicena, Averróis, [...] ou onde quer que fosse uma filosofia pronta para ser utilizada [...].” (NASCIMENTO, p. 60, 1992). O que importa é a força que a filosofia tem em si de fazer pensar, gerar questionamentos, propor experimentos, o que não podemos é permitir a corrupção e a manipulação de uma paixão tão sublime, como o ato de filosofar, por mãos abomináveis que tergiversam e distorcem à seu favor a formação de opiniões como fonte dogmática da verdade. Ou você também se sentira livre para escrever deus e bíblia com letras minúsculas sem pensar em algum tipo de pecado?


REFERÊNCIAS

BARROS, Gilda Naécia Maciel de Barros. Cristianismo primitivo e paideia grega. Faculdade de Educação da USP. Artigo publicado em “O Estado de São Paulo”, em 21 set 1975. Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.

NASCIMENTO, Carlos Arthur Ribeiro do. O que é filosofia medieval. Coleção Primeiros Passos. Ed. Brasiliense. 1992. . Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.

NIETZSCHE, Friedrich. O livro do filósofo. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal-76. Ed. Escala Tradutor: Antônio Carlos Braga. P. 37 (72). 2007.

PACHECO, Maria Cândida Monteiro. A filosofia e a questão da interpretação. A palavra e os textos – entre a Letra e o Espírito. Faculdade de Letras da Universidade do Porto-Portugal. Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.
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1 Friecrich Nietzsche. O livro do filósofo. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal-76. Ed. Escala Tradutor: Antônio Carlos Braga. P. 18 (32). 2007.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

HEGEL E A REALIZAÇÃO DA METAFÍSICA.

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS



FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL


SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062




FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval à atividade: Portfolio, Hegel e a Realização Plena da Metafísica. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Luís Fernando Weffort



SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO..................................................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO.............................................................................................................04

3 – CONCLUSÃO....................................................................................................................05

4 - REFERÊNCIAS..................................................................................................................06







INTRODUÇÃO

Apresenta-se como proposta de atividade, a síntese do texto “O primeiro início da filosofia” item: “Hegel e a realização plena da metafísica”, exposição entre quinze e vinte linhas.



APRESENTAÇÃO

Imagino que o “autor” a que se refere o pedido, seja o autor do texto do Guia de Estudos, o Professor Pires. Da leitura de seu trabalho, observa-se que ele busca ilustrar seu foco demonstrando o quanto Martin Heidegger (1889-1976) e Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) se dedicaram a pesquisar se efetivamente há ou não uma separação ou ainda uma junção entre metafísica, ontologia e teologia dentro da ramificação da filosofia.
Consoante o autor nos apresenta, Heidegger, um dos renomes do pensamento filosófico do século XX, passou por um conflito de posição. Ora defendeu a fundição entre teologia e ontologia como áreas que se dedicam a estudar o ente e deus numa mesma sintonia ambígua, tal como na Idade Antiga já propunha o discípulo de Platão, Aristóteles, ora mudou de postura ao passar a defender que essa proximidade não era tamanha a ponto de se misturarem. Uma atitude digna de ser vista com honra, não pela defesa, mas pela coragem de mudar.



CONCLUSÃO

O autor nos mostra que, além da tortuosa jornada a busca maior ainda continuava apoiada na filosofia e a base de suas indagações era a VERDADE e a forma de se ter certeza dela, via consciência absoluta de si e além.
O Professor nos mostra que, tal como Heidegger buscava freneticamente respostas, Hegel também concatenava seu arcabouço na linha metafísica reunindo duas forças; o ENTE mais elevado e a LÓGICA numa jornada que procura manter a cabeça no céu, mas os pés na terra, ou seja, ambas as forças se completam, quando o logos falar de deus, deve usar o logos de deus.


REFERÊNCIA

GUIA DE ESTUDOS – Metafísica, epistemologia e linguagem. Org. Prof. Ms. Daniel Pansarelli.Universidade Metodista de São Paulo. São Bernardo do Campo-SP. 2ª Ed. Ed. do Autor. 112.pp. 2010.

domingo, 15 de agosto de 2010

RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS




FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL





SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062






FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL








Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval à atividade de Avaliação Modular. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Wesley Fajardo Pereira



SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO........................................................................................06

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................08

4 - REFERÊNCIAS.............................................................................................10




INTRODUÇÃO

A presente avaliação modular tem como proposta de trabalho explicar o que é a crítica de Martin Heidegger à onto-teo-logia e como ela atinge a Filosofia Medieval e seus conceitos principais.
Para tanto importa que façamos um breve intróito para que se possa compreender melhor o tema que irá ser abordado, a começar pela Metafísica e seus primórdios, sua passagem conturbada pela Idade Média e o neo cristianismo, e sua chegada até os tempos atuais onde existe a necessidade premente de se distinguir Metafísica de Ontologia e ainda Teologia.
Em assim sendo, importa saber, assim como destaca Marilena Chauí, que atualmente a Metafísica também é conhecida por Ontologia e ela procura superar tanto a “antiga” Metafísica que buscava o conhecimento da realidade em si, independente de nós, bem como quer superar também a concepção construída por Kant, que via a Metafísica como conhecimento da realidade como aquilo que é para nós, apresentado pela razão.
Chauí ainda destaca as principais características da ontologia, como o estudo que investiga os diferentes modos como os entes ou os seres existem; investiga a essência ou o sentido e a estrutura desses entes ou seres; investiga ainda a relação necessária entre a existência e a essência dos entes. (CHAUÍ, p. 208. 1999).
Lembremos que a palavra Metafísica, ainda segundo Chauí, foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., após classificar as obras de Aristóteles, e assim, Metafísica era considerada a Filosofia Primeira, cujo estudo era o “Ser enquanto Ser” – importante esse fundamento, pois com o passar do tempo ele é esquecido, e a Filosofia sofre com isso, necessitando de pensadores do quilate de Martin Heidegger para resgatá-lo novamente de forma revolucionária como veremos.
Ontologia passa a ser então o estudo ou conhecimento do Ser, dos entes, ou ainda das coisas, tidas como são em si próprias, reais e verdadeiras. E Metafísica seria aquilo que é condição fundamental de tudo o que existe e de tudo o que puder ser conhecido.
Voltemos um pouco para a Metafísica de Aristóteles.
Chauí destaca que a Metafísica mesmo havia começado com Parmênides e com Platão, mas foi com Aristóteles que tomou forma distinta.
Para o discípulo de Platão, o mundo não era ilusório e sim real, cuja essência é a multiplicidade dos seres e a mudança sem-cessar. Ele considera ainda que a essência verdadeira do mundo natural e dos entes não estaria localizada no mundo inteligível, mas no sensível. Assim, ele afirmava que a Filosofia Primeira (Metafísica) estuda os primeiros princípios e as causas primeiras de todas as coisas e ainda investiga o Ser enquanto Ser.
Assim avança o tempo e inicia-se a Idade Média e com ela o neo cristianismo, neo, pois era nada mais que uma entre as várias religiões orientais, encontrando raízes na religião judaica . Seu foco principal era a distribuição de seu conhecimento Crístico e a conversão dos pagãos, buscando tornar-se uma religião universal.
Em princípio o cristianismo não precisava de uma filosofia, pois buscava a salvação, seu interesse estava na prática e não na teoria. Mas como converter e convencer os intelectuais gregos e os chefes e imperadores romanos, uma elite intelectual, forjada na filosofia? Através da Metafísica.
Encontramos conceitos tradicionais incrustados na Metafísica cristã, vindos do neoplatonismo, do estoicismo e do gnosticismo. As primeiras elaborações cristãs não conseguiram fugir dessas tradições e então manipularam as mesmas em seu favor.
Marilena Chauí demonstra graficamente que do neoplatonismo o cristianismo trouxe o conteúdo espiritualista e místico, onde três mundos (o mundo sensível – matéria ou corpos); o mundo inteligível das puras formas imateriais e acima desses uma realidade suprema inalcançável pelo intelecto de esplendor imaterial.
Do estoicismo absorveu a existência de uma razão universal que produz e governa toda a realidade, via Providência, que seria leis que regem a Natureza.
Do mais criticado de todos, o gnosticismo, aproveitou dois princípios supremos de onde vinha toda realidade: o Bem e o Mal! Através do conhecimento se alcança a verdade plena e total do Bem.
Para começar estava de bom tamanho adaptar os três apenas. Mas percebeu que era o bastante, precisava mais e por isso aprofundou conhecimentos sobre as obras de Platão e Aristóteles, reorganizando a Metafísica grega consoante as necessidades da religião cristã.
É aí que o cristianismo inventa a divisão da Metafísica em três tipos de conhecimento:
A Teologia: que se referia ao Ser como ser divino ou deus. A Psicologia Racional: que se referia ao Ser como essência da alma humana e a Cosmologia Racional, que, por sua vez, se referia ao Ser como essência das coisas naturais ou do mundo. Na Idade Média, começou-se a fragmentar um conhecimento de forma tal que não mais se conhecesse sua própria origem...
Chegamos a David Hume com a Metafísica Clássica ou Moderna onde o intelecto humano podia conhecer o Ser. Depois chega Immanuel Kant e para a Metafísica passa a ser possível o objeto da investigação dos conceitos usados pelas ciências, de todo conhecimento e experiência humana possível. Ou seja, não mais o Ser enquanto Ser – a morte finalmente da essência da Metafísica –, mas a condição universal e necessária da objetividade em geral, é o conhecimento do conhecimento humano.
Em Edmund Husserl a Ontologia passa por nova transformação, surge a Fenomenologia que separa a Psicologia da Filosofia; mantém a consciência reflexiva diante dos objetos e amplia o conceito de fenômeno. Husserl descreve todos os fenômenos ou essências, materiais, naturais, ideiais, culturais. Ainda caminhando pelo sepultamento definitivo da Metafísica na sua base primordial, ele propõe mais, que a Metafísica, o Ser enquanto Ser e as substâncias cedessem lugar a estudos diferenciados com essências próprias e irredutíveis, conhecidas por Ontologias Regionais.
Bem, com essa pá de cal em cima da Metafísica, encerramos esta introdução para enveredar pelo caminho absolutamente revolucionário e admirável que Martin Heidegger propõe para reabilitar o patamar da Metafísica.



APRESENTAÇÃO

Martin Heidegger, (1889-1976) filósofo alemão, se dedica a pesquisar se efetivamente há ou não uma separação ou ainda uma junção entre metafísica, ontologia e teologia dentro da ramificação que a Filosofia vinha sofrivelmente apresentando. Heidegger, um dos renomes do pensamento filosófico do século XX, passou por um conflito de posição. Ora defendeu a fundição entre Teologia e Ontologia como áreas que se dedicam a estudar o ente e deus numa mesma sintonia ambígua, tal como na Idade Antiga já propunha Aristóteles, ora mudou de postura ao passar a defender que essa proximidade não era tamanha a ponto de se misturarem. Uma atitude digna de ser vista com honra, não pela defesa, mas pela coragem de mudar.
Heidegger vem para distinguir Ôntico de Ontológico. Onde Ôntico seria a estrutura de um ente, o que ele é em si mesmo e Ontológico o estudo filosófico dos entes. Ele se esforça para liberar a Ontologia do velho problema deixado pela Metafísica: o dilema do realismo e do idealismo.
No realismo, para termos uma breve ideia de seu trabalho, se eliminar o sujeito ou a consciência restam as coisas, a verdade, o Ser em si. Já no idealismo o cenário se inverte, se eliminarmos as coisas, resta a consciência que põe a realidade. Heidegger, afirma bravamente que ambas estão erradas!
E justifica: se eliminar a consciência nada sobra, pois as coisas existem em nós. Se eliminarmos as coisas, também nada resta, eis que não podemos viver sem o mundo... (CHAUÍ, p. 306-7, 1999).
Na nova Ontologia estamos no mundo e o mundo é mais antigo que o ente, mas o ente é capaz de dar sentido a esse mundo antigo, conhecê-lo e até transformá-lo. Não somos pensamento puro, pois somos um corpo. Somos seres temporais. Transitórios.
Heidegger considera transcendental "toda a manifestação do ser no seu ser transcendente" entende que é um caráter que só pertence ao conhecimento na medida em que revela o mundo. Heidegger critica o conceito do eu como "sujeito isolado". "O conhecer, é um modo de ser do estar no mundo.", afirma Heidegger.
Heidegger surge depois com sua onto-teo-logia. Que seria um neologismo – do qual é fã – onde se construiria um estudo ontológico da teologia. Surgem dúvidas: Como deus e o pensamento lógico se articulam na constituição da ontologia no pensamento metafísico? Heidegger passa a caracterizar o pensamento metafísico como teológico. (PIRES, p. 24, 2010).
Como nos mostra em seu texto no Guia de Estudos, o Professor Pires demonstra que Heidegger percebe a necessidade de superação da Metafísica da forma como vinha se apresentando, urgindo a necessidade de se retornar à tradição. Era imprescindível abandonar os conceitos criados para a Metafísica no curso da história, durante a Idade Média e a Modernidade, tais como adoração, cultuação, métodos, regras, separações naturais, física e voltar ao principal: o Ser enquanto Ser.
Destruir a Ontologia e a Teologia era fundamental para Heidegger a fim de voltar a ser livre e pensar e perceber com liberdade o Ser.
Para Heidegger O ser acabado é sempre projeto, um vir a ser. Neste sentido, o homem é problema para si mesmo. E, pelo fato de ser problema, é barreira a ser superada. Ser mais é o desafio que se coloca à sua frente. Ao mesmo tempo, ele é um ser no mundo, como diria Martin Heidegger, ou melhor, um ser social.
A discussão que envolve deus é exatamente a questão da discussão sobre o Ser. Deus não é uma exigência lógica, não se pode cultuar ou adorar, ou ter com ele qualquer relacionamento. Quando se proclama deus como um valor supremo, isso significa uma degradação de deus e impede o pensar do ser-aí. Este deve ultrapassar a Metafísica. Deus se desvela com o ser do ente. Esse ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente. Analisando deus conforme é concebido pela teologia cristã judaica, o pensamento não se aproxima do deus divino, segundo Heidegger; quando abandonamos essa forma tradicional de pensar deus, tal pensamento, então livre, se sente impelido a abandonar deus e, desta forma, o pensar atua isento de conceitos para o divino do que a onto-teologia queira reconhecer.
Um pensar livre de adoração e cultuação não quer dizer ser ateu, mas sim aproximar-se verdadeiramente do divino.


CONCLUSÃO

Acredito que Kant estava equivocado... Somente em Heidegger é que despertamos do sono dogmático. Em Heidegger, não se pode falar nem em teísmo, tampouco em ateísmo. Nem crente, nem ateu. Não é possível falar de deus, com todos seus atributos, nem negar esse deus. Fazer isso é objetivá-lo, é colocá-lo sob os paradigmas do ente. Pois o SER “é ele mesmo”. A metafísica, ao falar do Ser como Deus, tematizou não o Ser, mas o ente. O “ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente.” Qualquer representação do Ser também como deus, seria reduzi-lo a ente.
Conforme nos ensina o Professor Pereira em sua tele-aula, quando se proclama deus como o valor supremo, significa degradá-lo, pois o pensar através de valores humanos é uma blasfêmia. Deus só pode ser pensado enquanto o outro do ente. Isto é, o nada – deus não pode ser tematizado, é o nada. De certa forma este outro é um véu do Ser, o nada, não o vazio, mas o nada que dadifica, que esconde a verdadeira realidade do Ser, mas ao mesmo tempo o revela como o Nada. Não se pode tematizar deus segundo os padrões do mundo ôntico, a não ser a partir de referenciais que se desconhece. Em Heidegger, Deus se apresenta se ocultando.
O Ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente. Não se pode objetivar o ser, pois ele não é um Ente, e a relação sujeito-objeto se dá num plano ôntico, entre os Entes, se o Ser foge do plano dos seres, ele não pode ser objetivado nesse sentido. Só se pode objetivar as coisas que permitem no plano ôntico, no mundo lógico racional, o Ser foge desse plano. Caso contrário seria entificado e assim seria degradado, menor do que é.
Magistralmente para Heidegger o pensamento ateu está mais próximo do ser divino. Pois, o teísmo tenta falar de deus, o que crê nele ao falar de deus o reduz ao mundo ôntico.
O esquecimento do Ser, próprio do começo da filosofia ocidental, fez com que esse ser fosse o não-pensado. Ou seja, a Metafísica não mais pensasse o ser nele mesmo, apenas através do plano ôntico. A Metafísica trouxe um legado, aquilo que ela não pensou sobre o Ser. Essa é a dica para pensar nesse novo começo em Heidegger. Esse esquecimento do Ser é o que não foi pensado sobre ele. Ela continua sendo uma indicação do caminho que agora o Ser-aí, o ente, o homem deve fazer na busca de sua essencialização.
Nas Contribuições para a Filosofia Heidegger pretende a manifestação essencial a partir do próprio Ser. Heidegger quer a essência do Ser, a partir do Ser, não mais a partir do ente!
Na primeira fase, como dissemos, Heidegger trata do fato do homem como o único ser que se abre para o Ser e ele busca assim se aproximar do Ser através do Ente.
Na segunda fase ele busca o Ser na essencialidade não mais a partir do ser-aí, do ser mesmo.
Em Heidegger Ser é fundamento. O fundamento do Ser permanece fora do Ser. Então o Ser com fundamento não pode ser o Ser como fundamento da Metafísica, que é um ser definido, determinado, criado pelo ente. O fundamento é a partir do próprio Ser.
O último deus para Heidegger, que abre a possibilidade do Ser se manifestar no Ser-aí, depende do acontecimento-apropriador (que não é o último deus, mas que permite o acesso a ele), com ele este sinal coloca a lente no mais extremo abandono do Ser e irradia, por sua vez, com a verdade mais íntima do brilhar desse abandono. O acontecimento-apropriador coloca o ente no total abandono do Ser enquanto Ser da Metafísica. Assim esse abandono traz o plano íntimo desse Ser. (PEREIRA, 2010).
Uma pessoa que tem a coragem de chegar ao limiar do ateísmo para provar o teísmo da maneira como ele se propôs a fazer merece aplausos.


REFERÊNCIAS


CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. Ed. Ática. São Paulo-SP. 1999.

GUIA DE ESTUDOS. Meafísica, Espistemologia e Linguagem. Organização de Daniel Pansarelli. Universidade Metodista de São Paulo. Ed. do Autor. São Bernardo do Campo-SP. 2010.

PASCAL, Georges. Compreender Kant. Ed. Vozes. 2ª Edição. Petrópolis-RJ. 2005.

PEREIRA, Wesley Fajardo. Teleaula. 13 abr 2010.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia – Antiguidade e Idade Média. Vol. I. – Vol. II – Do Humanismo a Kant. – Vol. III – Do Romantismo até nossos dias. 3ª Ed. Coleção Filosofia. Ed. Paulus. São Paulo-SP. 1990.