- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.
Mostrando postagens com marcador média. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador média. Mostrar todas as postagens

sábado, 30 de julho de 2011

POLÍTICAS E GESTÃO EDUCACIONAIS

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO


CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR

Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião

Filosofia Licenciatura


AGUSTAVO CAETANO DOS REIS


FILOSOFIA

POLÍTICAS E GESTÃO EDUCACIONAIS



SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP

2010

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062


FILOSOFIA

POLÍTICAS E GESTÃO EDUCACIONAIS


Trabalho apresentado ao módulo Políticas e Gestão Educacionais, à atividade: Portfolio. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.



Professor: Roger Marchesini de Quadros Souza


SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP

2010

SUMÁRIO





INTRODUÇÃO...........................................................................................03



APRESENTAÇÃO.....................................................................................04



CONCLUSÃO.............................................................................................10



REFERÊNCIAS..........................................................................................11




INTRODUÇÃO

Requerido como reflexão e exercício, solicitou-se a elaboração de um quadro com as principais políticas educacionais implantadas no Brasil, após a década de 1990. Tal atividade fará parte do portfólio do aluno.

Para tanto, uma análise, mesma que superficial do assunto, como singela introdução se faz necessária, levando em consideração que devemos compreender como funcionava a lógica da formação do Estado antes do Estado Moderno, que era quem estava no poder e também geria o poder econômico.

Havia vinculação direta entre interesses econômicos e políticos que se dava através do Estado. Na Idade Média era o clero e a nobreza eram os dois grupos que estavam no poder político e detinham o poder econômico simultaneamente.

Ali, então, o Estado representava diretamente aqueles que detinham o poder econômico, era a formação tradicional de Estado até a Idade Média.

Ocorre uma mudança e passamos a denominar essa antiga gestão, agora renovada, como Estado Moderno e essa se dá com a Revolução Francesa no final do século XVIII, marcada por um grupo social no poder, que assume o poder político e passa a exercer o político e o poder econômico, reproduzindo, infelizmente, o mesmo modelo anterior, ou seja, do Estado ser ocupado pelo grupo social que detém também o poder econômico. Após a revolução, há mudança no Estado, que passa a funcionar como representação, quando são eleitos escolhidos, para representar grupos sociais, não estão necessariamente vinculados ao poder econômico. Não há coincidência entre o escolhido e aquele que ocupa uma posição de destaque na economia. Sem vinculação com o poder econômico e político.

O Estado na concepção contemporânea deve agir como juiz arbitrando as relações. Acredita-se que o Estado não tivesse interesse nas relações sociais e econômicas e isso é por conta das pessoas que ao eleger alguém acredita que esse alguém irá mudar os rumos da sociedade. Essa crença nos leva inconscientemente a acreditar num Estado neutro. Não é possível ao Estado a neutralidade, pois sofre pressões das relações sociais e políticas. E tal também ocorre nas políticas públicas educacionais tal como veremos a seguir.


APRESENTAÇÃO



Em educação, políticas públicas são as ações do Estado que organizam toda estrutura da educação, desde o Ministério da Educação até as salas de aula, passando pelo estabelecimento da Estrutura e Organização da Educação brasileira, pelos currículos estabelecidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, pelas normas de avaliação dos alunos e do Sistema de Ensino, etc. Mas elas estão vinculadas às políticas internacionais!

Existe uma relação uma vinculação entre as Políticas Públicas e o Estado. O Corpo Legal das políticas educacionais no Brasil, após 1990 surgem depois de 30 anos em que a Educação ficou desvinculada da realidade atual no Brasil. Sua reorganização se dá inclusive com um projeto nominado por Plano Decenal de Educação, em que se constitui em documento elaborado, em 1993, pelo Ministério da Educação (MEC), destinado a cumprir, no período de uma década (1993 a 2003), as resoluções da Conferência Mundial de Educação Para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, pela Unesco, Unicef, PNUD e Banco Mundial.

Com esse projeto, o principal tema seria que todos deveriam ter educação e permanecer na escola (sem evasão). Para isso, existe uma ação internacional (fomento) com relação à política educacional no país.

O Segundo plano foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. 9.364/96. (LDB). Essa lei, regula o funcionamento da educação nacional. É a LDB que tem a função de dizer como a educação nacional deve funcionar, se estruturar. Em vigor desde 1996. Inicialmente uma iniciativa popular (raro no Brasil), diversos setores da sociedade civil, liderados por representação de alunos, intelectuais, sindicatos de professores, elaboraram um projeto de lei para ser apresentado na câmara federal depois no senado. Não tramitou tranquilamente. Fazia defesa intransigente da escola pública para todos, houve problemas para sua aprovação. Então o Presidente em gestão, Fernando Henrique Cardoso, apresentou um substitutivo àquele projeto e o que foi aprovado foi o substitutivo com poucas alterações.

Além da LDB, também foi publicado em 1996, os famosos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). A LDB determinava um currículo mínimo válido para todo o Brasil, ou seja, um aluno que estudasse no fundamental (7ª série) no Rio Grande do Sul, estaria vendo basicamente as mesmas disciplinas e atividades que no Rio Grande do Norte, a preocupação do Governo Federal é com relação a ter uma unidade nacional, que determine como deve funcionar o currículo nacional. Foi a promulgação de um conjunto de parâmetros (que não é norma obrigatória, é um guia, orientação para as escolas). Segue-os de acordo com suas necessidades e própria realidade.

Na prática o que acabou acontecendo é que os PCN’s passaram a ser tomados como obrigatórios. Isso seria por quê? Medo ou preguiça? Temos ainda que considerar o poder das editoras que querem padronização, emissão de grande quantidade de livros e lucros maiores com menos trabalho. O governo adotou os PCN’s como algo a ser alcançado nas avaliações. São cobrados os conteúdos contidos no PCN. Assim, o que era opcional acabou sendo obrigatório.

Dentre tantos pilares da Reforma do Estado brasileiro, o FUNDEB (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica) é um deles. Visa-se um determinado modelo de administração pública que tem a ver com o modelo do Estado.

Esse modelo não é feito pela livre iniciativa do Estado brasileiro, mas também por políticas internacionais, no sentido de cada nação seja “administrada” da melhor forma possível. As nações estão alocadas de forma que interessa as relações internacionais. As políticas públicas nacionais são consequência dessas políticas internacionais.

O Estado não está acima da sociedade, tanto nacional quanto internacional, sofre as pressões, e se adapta a elas. Por isso dissemos acima que ele não tem como ser neutro, mas sim um mediador dessas vontades (internacionais e nacionais).

Função do Estado pós moderno seria então a de Estado Mínimo que se retira do cenário nas políticas sociais, em educação não seria diferente. Essas medidas constituem-se como normas e ações constitutivas da tensão existente entre as propostas de centralização/descentralização, Estado mínimo/Estado máximo, por intermédio das quais o Estado passa a ser o coordenador, e não mais o executor, tornando-se mínimo para as políticas sociais e repassando para a sociedade tarefas que antes eram suas.


Foi ainda em meados dos anos 1990, que se implantou no Brasil o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Esse sistema foi adotado com o objetivo de “contribuir para a melhoria da qualidade da educação brasileira e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos para a formulação, reformulação e o monitoramento das políticas públicas voltadas para a educação básica.” (BRASIL, 2002, p. 09 in COELHO).

Mas a reforma do Estado brasileiro foi definida em 1995, quando o então Ministro Bresser Pereira intitulou um plano diretor chamado de Reforma do Aparelho do Estado, onde urgia dar-se um salto em termos de administração pública, voltada para o controle dos resultados e descentralizada a fim de alcançar o cidadão.

Somando-se a esse sistema, temos também em 2005, a Prova Brasil, que avalia o aproveitamento em Língua Portuguesa e Matemática nas escolas.

Em 2007, surge o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o qual tem por meta monitorar o andamento das políticas públicas pela análise combinada do desempenho de alunos nos exames Prova Brasil e Saeb, consoante nos ensina a Professora Coelho em seu ensaio Avaliação e políticas públicas em educação.

Toda essa reformulação objetiva a “escola eficaz”, “a capacidade de interferir positivamente, através de políticas e práticas escolares, no desempenho dos alunos.” (SAMMONS; ett al,1995, in COELHO).

Destacam-se ainda em 1990, outras grandes atuações nas políticas educacionais, oriundas das Organizações das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e ainda do Banco Mundial, em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que alavancaram as reformas educacionais.

Outro grande marco do nível da Conferência de Jomtien na Tailândia realizado em março de 1990, foi o Relatório Delors produzido entre os anos de 193 e 1996, pela Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, que foi convocada pela própria UNESCO. Disso tudo surgiram elementos para subsidiar as Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) onde se trata da consolidação do sistema nacional de avaliação da educação básica no Brasil.

O Saeb evoluiu desde 1995, adotando “instrumentos de levantamento de dados sobre as características socieconômicas e culturais e sobre os hábitos de estudo dos alunos.” (COELHO). Incluiu-se ainda o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e também o Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Alunos – Enceja.

Dentre esses programas governamentais, estendeu-se outros, como o Programa Nacional do Livro Didático-PNLD e o Fundo de Fortalecimento da Escola (Fundescola) e o projeto Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE).

Devemos considerar ainda os programas voltados para a educação dos pais, como “experiências inovadoras, além dos programas para docentes sobre o trabalho com os pais; a formação de mães da comunidade para que executem programas de atenção às crianças; as campanhas massivas de informação, sensibilização e participação dos pais nos processos educativos em aula, na elaboração dos projetos educativos e institucionais; e a gestão de recursos.” (CAMPOS e CAMPOS).

Um dos programas que se apresentou pelo Unicef foi o Programa Família Brasileira Fortalecida, objetivando o desenvolvimento integral de crianças.

Evidente que essas tentativas de acerto estão repletas de interesses mútuos, intelectuais e financeiros, mas não nos abandona de todo quando busca a evolução na árdua arena chamada sala de aula, cujo fito maior é o avanço.

Para uma melhor explanação do acima enfocado, transcrevemos a síntese oferecida pela Revista Nova Escola; evidente que o período aqui transcrito supera o solicitado, iniciando inclusive nos anos 60, mas acreditamos que não prejudica o trabalho:

1960 – Começa a ser discutido um novo conceito de Educação baseado na valorização do saber da criança e do professor como mediador da aprendizagem.

1961 – A primeira LDB prevê a existência de orientadores e supervisores na escola, que deveriam ter no mínimo formação no curso normal.

1970 – São publicadas no Brasil as primeiras obras de Jean Piaget (1896-1980) sobre o desenvolvimento infantil, abrindo as portas para o estudo das didáticas.

1981 – É realizado na Universidade de Brasília o Primeiro Seminário Nacional de Informática na Educação, com apoio do Ministério da Educação – MEC.

1989 – O MEC institui o Programa Nacional de Informática na Educação – Proninfe para desenvolver a informática educativa e seu uso nas redes.

1990 – As redes passam a ver o coordenador como responsável pelo trabalho pedagógico e por aprimorar a técnica de ensino. O gestor deve aproximar a família da escola.

1990 – É criado o Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb, que permite às equipes escolares analisar a qualidade do ensino oferecido.

1990 – Nessa década, com a chegada à rede pública de milhões de alunos que estavam fora do sistema, o professor tem de rever sua concepção de ensino.

1996 – Com a LDB, se intensificam as discussões sobre o currículo nas redes de ensino. O MEC passa a realizar encontros regionais e nacionais sobre o tema.

1996 – A LDB determina que as redes reservem algumas horas (remuneradas e incluídas na jornada) para a equipe estudar e planejar as aulas coletivamente.

1996 – A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB determina que os docentes devem ter curso superior. O médio vale para Educação Infantil e anos iniciais.

1996 – Ao possibilitar os ciclos no Ensino Fundamental, a LDB dá aos professores a chance de atender aos que necessitam de um tempo maior para aprender.

1997 – O Proninfe é rebatizado de Proinfo e prevê laboratórios de informática nas escolas.

1998 – São lançados os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, contendo orientações didáticas relativas a todas as disciplinas.

1998 – Com os PCNs e o Projeto Político Pedagógico – PPP construído coletivamente pelas escolas, o coordenador passa a auxiliar melhor a equipe.

1998 – Os PCNs trazem a primeira tentativa de uma matriz curricular nacional ao dividir os conteúdos em eixos e explicitar os objetivos de cada área.

1999 – O MEC elabora o Referencial Curricular para a Formação de Professores, com orientações para o trabalho com as didáticas de cada disciplina.

2000 – O País participa pela primeira vez do Programa Internacional de Avaliação dos Alunos – Pisa, possibilitando a comparação com outros países.

2001 – O Plano Nacional de Educação – PNE estabelece metas para ampliar a oferta em cursos de mestrado e doutorado para professores da Educação Básica.

2005 – O índice de Desenvolvimento da Educação Básica – Ideb permite ao professor acompanhar o desempenho de sua escola e da rede em que leciona.

2005 - É criada a Prova Brasil, que analisa o desempenho de todas as salas de aula da 4ª a 8ª séries, permitindo a professores e gestores avaliar o próprio trabalho.

2006 – Fim do prazo para que somente fossem admitidos professores com nível superior ou formados por treinamento em serviço, como previsto na LDB.

2008 – A Lei do Piso Salarial do Magistério propõe o mínimo de 1/3 da jornada para formação, o que está sob análise do Supremo Tribunal Federal. (Em out 2010.) (Destaque nosso).

2008 – A rede municipal de São Paulo é a primeira a publicar orientações curriculares com expectativas de aprendizagem para cada disciplina.

2008 – A rede municipal de São Paulo lança orientações curriculares baseadas nas últimas pesquisas didáticas e é seguida por outras redes.

2009 – Termina o prazo para que os estados elaborem planos de carreira docente. Muitas redes preveem salário maior para mestres e doutores.

2009 – Pesquisa da Fundação Getúlio Vargas – FGV mostra que 73% das escolas estaduais têm laboratório de informática, e 83% banda larga. (em out 2010). (Destaque nosso).

2010 – O Senado aprova a obrigatoriedade do nível superior para lecionar na pré-escola e nas séries iniciais. O projeto ainda tramita na Câmara dos Deputados (em out 2010). (Destaque nosso).

2010 – Diversas redes, como a estadual de São Paulo, a maior do País, reservam 1/3 da carga horária dos professores para a formação em serviço. (NOVA ESCOLA, pp. 47-53, 2010).


CONCLUSÃO

Dentre tantos avanços, ou melhor, mudanças, nas políticas educacionais, temos muitas outras, como as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para a Educação Básica, emitidas pelo Conselho de Educação, que regulam cada um dos níveis básicos; Resoluções do Conselho Nacional de Educação para a educação infantil; outras para o ensino médio e outras para o ensino fundamental, todos calcados na “ética, na autonomia, na responsabilidade, na solidariedade, no respeito ao bem comum; nos princípios políticos dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criticidade e do respeito à ordem democrática; nos princípios estéticos da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações artísticas e culturais" (princípios básicos das DCNs para a Educação Básica, in PEREIRA).”

Portanto, existe a preocupação com a formação de um efetivo escolar do infante, da família, do professor, para a formação de uma cidadania positiva voltada para o coletivo e o indivíduo.

REFERÊNCIAS

COELHO, Maria Inês de Matos; Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40362008000200005&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 29 set 2010.

CAMPOS, Rosânia; CAMPOS, Roselane Fátima. A educação das famílias pobres como estratégia política para o atendimento das crianças de 0 - 3 anos: uma análise do Programa Família Brasileira Fortalecida. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73072009000100012&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 29 set 2010.



PEREIRA, Sueli Menezes; Avaliação e Políticas Públicas em Educação. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40362008000300003&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 29 set 2010.



MARTINS Ana Rita; MOÇO, Anderson. Carreira, REVISTA NOVA ESCOLA. pp. 47-53, ano XXV, Nº 236, out 2010. Ed. Abril.

domingo, 10 de outubro de 2010

FILOSOFIA MEDIEVAL

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062

FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL


Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval, à atividade: Portfolio. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Luís Fernando Weffort

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO.......................................................................................04

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................06

4 - REFERÊNCIAS.............................................................................................07


INTRODUÇÃO
“Na Idade Média, a teologia toma em mãos as rédeas da ciência:
perigosa época de emancipação.”
Friedrich Nietzsche

- PROPOSTA

Ler o livro “O que é Filosofia Medieval”, de Carlos Arthur Nascimento

Produzir um breve texto discutindo: de que maneira filosofia medieval comprometeu-se tanto com a tradição filosófica grega quanto com as exigências da fé cristã.

A chance que um aluno tem de se aprofundar no universo do conhecimento é grande e entendo que não depende unicamente dele, eis que o Professor, com todo seu manancial de conhecimento, é que possui o condão de surtir seus discípulos de material rico e vasto para a realização de seus estudos.
Assim ocorre neste caso, quando nos dispomos a fazer uma breve análise da Filosofia Medieval abordando comparações com a tradições filosófica grega com as exigências da fé cristã que se desenvolvia à época.
De maneira rudimentar e com breves traços tentar-se-á delinear, não apenas com o livro em questão sugerido, mas também com mais dois textos apresentados para leitura e que servirão para ilustrar a presente atividade.


APRESENTAÇÃO

Quando se busca fazer uma análise de um período histórico, prescinde-se, evidentemente, de um cabedal apropriado para se aquilatar e formar opinião. Isso já é difícil por si só, a começar ainda por um período em que foi considerado como “Idade das Trevas”, ou, como é mais salutarmente conhecido: Idade Média. Mas o material ofertado é de bom cunho.
A obra do Professor Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento O que é filosofia medieval, mais parece um estudo das origens do próprio cristianismo em si do que um aprofundamento no campo medieval e filosófico, talvez por que ambos se confundam numa amálgama, ou, para ser mais gentil, num manancial de busca pela luz.
Pode-se chegar da análise da histórica a nós legada, que a Europa buscava uma identidade própria, após a queda do Império Romano pelos bárbaros e precisava urgentemente manter o poder que escorregava pelos dedos com a crucificação do Nazareno. Mas como borrar o registro de nascimento e imprimir uma nova identidade quando os poderosos da lei e do clero dependiam diretamente dos pagãos, da plebe, dos escravos?
Constantino pode ser considerado o precursor de um projeto audacioso que culminou na miscigenação de crenças pagãs (gregas) com as novas ofertas de liberdade espiritual que se apresentava via discípulos do Cristo. Assim, uma estrutura fenomenal foi construída, conforme bem destaca Gilda Naécia Maciel de Barros, quando nos lembra que as interpretações da bíblia precisavam satisfazer públicos mais exigentes, mais críticos, o que caminhou para o que ela denomina de “filosofia cristã”. (BARROS, 1975).
Entre caminhos tortuosos tais como os trilhados por Pedro Abelardo, em que o Professor Nascimento faz ressaltar que Abelardo apanhava textos de padres e objetivava levar às pessoas, através de leituras contraditórias exatamente uma forma de chocar a consciência acostumada ao quadrado firmado pelo tempo, a novas reflexões que pudessem conduzir à verdade. (NASCIMENTO, p. 33, 1992).
Os pontífices do cristianismo precisavam de uma base para que seu cristianismo construído, tido até então como pagão, fosse bem aceito e compreendido, para depois poderem empurrar sua forma pessoal de pensamento goela abaixo dos povos. Como fizeram isso? Buscaram na tradição da filosofia grega “a segurança de sua própria universalidade” (BARROS, 1975), beberam da fonte de Platão e principalmente de seu discípulo Aristóteles, especialmente o complexo conceito de logos da tradição filosófica grega, muito embora Aristóteles e suas análises da natureza tenham sido posteriormente expurgadas pela própria autoridade eclesiástica (NASCIMENTO, p. 56, 1992), mas também buscaram entre os hebreus, do saber árabe, e assim caminharam por uma meta que vai se ajustando e se moldando às próprias necessidades, sem escrúpulos, definem novos tipos de comentários, destancando-se a dialética, codificam-se a retórica, redescobrem a natureza como horizonte da razão entendendo-a em seus processos e suas leis, acentuando-se o valor da experiência que emerge a Filosofia natural, demarcando-se, enfim, os limites entre sagrado e profano. (PACHECO).
Não podemos esquecer os aspectos que forçaram a aceitação plena da nova fé, tais como os de Galileu Galilei, “as coisas foram mais complicadas e que os interlocutores e adversários de Galileu estavam longe de ser sempre burros, ignorantes e cabeçudos.” (Grifo meu). (NASCIMENTO, p. 79, 1992), ou seja, sabiam bem o que queriam, haja vista a “santa” inquisição.
Muito embora a fonte fosse a filosofia grega, precisavam limpá-la de acordo com as exigências da fé cristã; já que não podiam escapar do pensamento em si, eis que muitos aliados da arte de pensar foram amealhados, era preciso permitir, talvez, uma filosofia medieval. A construção do deus cristão, afinal, não poderia estar corrompida pela tradição pagã – que reviravolta! – e uma das preocupações maiores era “dissociar o Deus judaico-cristão do necessitarismo grego. [...] não submeter o Deus onipotente aos limites das essências ou naturezas e da lógica da não-contradição.” (NASCIMENTO, p. 68, 1992).
E mais,

Muitos cristãos do século XIV estavam simplesmente fartos de todo este negócio. Eles não tinham o que fazer com a teologia especulativa, eles não se perderiam nos obscuros e inseguros mistérios da união mística; o que eles precisavam era de vida cristã prática direta e de mais nada. (Grifos meus). (Étienne Gilson, citado por NASCIMENTO, p. 73, 1992).

E assim se valeram, os progenitores do cristianismo, de pensadores imortais, que deixaram sob o berço da humanidade, seus esforços e conciliar e trazer à lume maneiras e estruturas distintas que nos possibilitassem trilhar, talvez, solitários, as veredas do saber. Mas não esperavam que esse trabalho humanitário fosse um dia utilizado de maneira tal que se encaixasse em exigências interesseiras de uma fé construída.

CONCLUSÃO

Nietzsche acreditava que sem a teologia normativa os gregos antigos tinham o direito de acrescentar o que quiser e acreditar no que quiser. (NIETZSCHE, p. 37 (72), 2007). Com o advento ocidental do cristianismo esse direito à liberdade foi tolhido. Creia no quadrado dogmático concebido pela mente humana voltado para o poder e dominação e não acresça nem tire uma vírgula, nem tente fugir disso. Terror puro. Nós “homens de deus”, assim o concebemos, assim deve ser.
Os filósofos, os teólogos, os cientistas procuram respostas às suas perguntas através da lógica, da metafísica, dos métodos. Como explicar as coisas da natureza (physis) com a natureza humana usando parâmetros e esquadros concebidos por mentes humanas? Todos sabemos plantar uma flor, mas sabemos construí-la? Urge irmos além do “cérebro de pato”.
Acaba-se colocando certa parcialidade no texto que se apresenta. Portanto, volto-me humildemente ao material ofertado pelo Professor e relembro que “Seria inteiramente equivocado supor que [...] qualquer outro teólogo do século XIII pudesse encontrar em Aristóteles, Avicena, Averróis, [...] ou onde quer que fosse uma filosofia pronta para ser utilizada [...].” (NASCIMENTO, p. 60, 1992). O que importa é a força que a filosofia tem em si de fazer pensar, gerar questionamentos, propor experimentos, o que não podemos é permitir a corrupção e a manipulação de uma paixão tão sublime, como o ato de filosofar, por mãos abomináveis que tergiversam e distorcem à seu favor a formação de opiniões como fonte dogmática da verdade. Ou você também se sentira livre para escrever deus e bíblia com letras minúsculas sem pensar em algum tipo de pecado?


REFERÊNCIAS

BARROS, Gilda Naécia Maciel de Barros. Cristianismo primitivo e paideia grega. Faculdade de Educação da USP. Artigo publicado em “O Estado de São Paulo”, em 21 set 1975. Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.

NASCIMENTO, Carlos Arthur Ribeiro do. O que é filosofia medieval. Coleção Primeiros Passos. Ed. Brasiliense. 1992. . Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.

NIETZSCHE, Friedrich. O livro do filósofo. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal-76. Ed. Escala Tradutor: Antônio Carlos Braga. P. 37 (72). 2007.

PACHECO, Maria Cândida Monteiro. A filosofia e a questão da interpretação. A palavra e os textos – entre a Letra e o Espírito. Faculdade de Letras da Universidade do Porto-Portugal. Texto ofertado pelo Professor Luís Fernando Weffort.
--------------------------------------------------------------------------------
1 Friecrich Nietzsche. O livro do filósofo. Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal-76. Ed. Escala Tradutor: Antônio Carlos Braga. P. 18 (32). 2007.

domingo, 15 de agosto de 2010

RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura



AGUSTAVO CAETANO DOS REIS




FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL





SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062






FILOSOFIA
RELIGIÃO E FILOSOFIA MEDIEVAL








Trabalho apresentado ao módulo Religião e Filosofia Medieval à atividade de Avaliação Modular. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Wesley Fajardo Pereira



SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP
2010
SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO........................................................................................06

3 – CONCLUSÃO...............................................................................................08

4 - REFERÊNCIAS.............................................................................................10




INTRODUÇÃO

A presente avaliação modular tem como proposta de trabalho explicar o que é a crítica de Martin Heidegger à onto-teo-logia e como ela atinge a Filosofia Medieval e seus conceitos principais.
Para tanto importa que façamos um breve intróito para que se possa compreender melhor o tema que irá ser abordado, a começar pela Metafísica e seus primórdios, sua passagem conturbada pela Idade Média e o neo cristianismo, e sua chegada até os tempos atuais onde existe a necessidade premente de se distinguir Metafísica de Ontologia e ainda Teologia.
Em assim sendo, importa saber, assim como destaca Marilena Chauí, que atualmente a Metafísica também é conhecida por Ontologia e ela procura superar tanto a “antiga” Metafísica que buscava o conhecimento da realidade em si, independente de nós, bem como quer superar também a concepção construída por Kant, que via a Metafísica como conhecimento da realidade como aquilo que é para nós, apresentado pela razão.
Chauí ainda destaca as principais características da ontologia, como o estudo que investiga os diferentes modos como os entes ou os seres existem; investiga a essência ou o sentido e a estrutura desses entes ou seres; investiga ainda a relação necessária entre a existência e a essência dos entes. (CHAUÍ, p. 208. 1999).
Lembremos que a palavra Metafísica, ainda segundo Chauí, foi empregada pela primeira vez por Andrônico de Rodes, por volta do ano 50 a.C., após classificar as obras de Aristóteles, e assim, Metafísica era considerada a Filosofia Primeira, cujo estudo era o “Ser enquanto Ser” – importante esse fundamento, pois com o passar do tempo ele é esquecido, e a Filosofia sofre com isso, necessitando de pensadores do quilate de Martin Heidegger para resgatá-lo novamente de forma revolucionária como veremos.
Ontologia passa a ser então o estudo ou conhecimento do Ser, dos entes, ou ainda das coisas, tidas como são em si próprias, reais e verdadeiras. E Metafísica seria aquilo que é condição fundamental de tudo o que existe e de tudo o que puder ser conhecido.
Voltemos um pouco para a Metafísica de Aristóteles.
Chauí destaca que a Metafísica mesmo havia começado com Parmênides e com Platão, mas foi com Aristóteles que tomou forma distinta.
Para o discípulo de Platão, o mundo não era ilusório e sim real, cuja essência é a multiplicidade dos seres e a mudança sem-cessar. Ele considera ainda que a essência verdadeira do mundo natural e dos entes não estaria localizada no mundo inteligível, mas no sensível. Assim, ele afirmava que a Filosofia Primeira (Metafísica) estuda os primeiros princípios e as causas primeiras de todas as coisas e ainda investiga o Ser enquanto Ser.
Assim avança o tempo e inicia-se a Idade Média e com ela o neo cristianismo, neo, pois era nada mais que uma entre as várias religiões orientais, encontrando raízes na religião judaica . Seu foco principal era a distribuição de seu conhecimento Crístico e a conversão dos pagãos, buscando tornar-se uma religião universal.
Em princípio o cristianismo não precisava de uma filosofia, pois buscava a salvação, seu interesse estava na prática e não na teoria. Mas como converter e convencer os intelectuais gregos e os chefes e imperadores romanos, uma elite intelectual, forjada na filosofia? Através da Metafísica.
Encontramos conceitos tradicionais incrustados na Metafísica cristã, vindos do neoplatonismo, do estoicismo e do gnosticismo. As primeiras elaborações cristãs não conseguiram fugir dessas tradições e então manipularam as mesmas em seu favor.
Marilena Chauí demonstra graficamente que do neoplatonismo o cristianismo trouxe o conteúdo espiritualista e místico, onde três mundos (o mundo sensível – matéria ou corpos); o mundo inteligível das puras formas imateriais e acima desses uma realidade suprema inalcançável pelo intelecto de esplendor imaterial.
Do estoicismo absorveu a existência de uma razão universal que produz e governa toda a realidade, via Providência, que seria leis que regem a Natureza.
Do mais criticado de todos, o gnosticismo, aproveitou dois princípios supremos de onde vinha toda realidade: o Bem e o Mal! Através do conhecimento se alcança a verdade plena e total do Bem.
Para começar estava de bom tamanho adaptar os três apenas. Mas percebeu que era o bastante, precisava mais e por isso aprofundou conhecimentos sobre as obras de Platão e Aristóteles, reorganizando a Metafísica grega consoante as necessidades da religião cristã.
É aí que o cristianismo inventa a divisão da Metafísica em três tipos de conhecimento:
A Teologia: que se referia ao Ser como ser divino ou deus. A Psicologia Racional: que se referia ao Ser como essência da alma humana e a Cosmologia Racional, que, por sua vez, se referia ao Ser como essência das coisas naturais ou do mundo. Na Idade Média, começou-se a fragmentar um conhecimento de forma tal que não mais se conhecesse sua própria origem...
Chegamos a David Hume com a Metafísica Clássica ou Moderna onde o intelecto humano podia conhecer o Ser. Depois chega Immanuel Kant e para a Metafísica passa a ser possível o objeto da investigação dos conceitos usados pelas ciências, de todo conhecimento e experiência humana possível. Ou seja, não mais o Ser enquanto Ser – a morte finalmente da essência da Metafísica –, mas a condição universal e necessária da objetividade em geral, é o conhecimento do conhecimento humano.
Em Edmund Husserl a Ontologia passa por nova transformação, surge a Fenomenologia que separa a Psicologia da Filosofia; mantém a consciência reflexiva diante dos objetos e amplia o conceito de fenômeno. Husserl descreve todos os fenômenos ou essências, materiais, naturais, ideiais, culturais. Ainda caminhando pelo sepultamento definitivo da Metafísica na sua base primordial, ele propõe mais, que a Metafísica, o Ser enquanto Ser e as substâncias cedessem lugar a estudos diferenciados com essências próprias e irredutíveis, conhecidas por Ontologias Regionais.
Bem, com essa pá de cal em cima da Metafísica, encerramos esta introdução para enveredar pelo caminho absolutamente revolucionário e admirável que Martin Heidegger propõe para reabilitar o patamar da Metafísica.



APRESENTAÇÃO

Martin Heidegger, (1889-1976) filósofo alemão, se dedica a pesquisar se efetivamente há ou não uma separação ou ainda uma junção entre metafísica, ontologia e teologia dentro da ramificação que a Filosofia vinha sofrivelmente apresentando. Heidegger, um dos renomes do pensamento filosófico do século XX, passou por um conflito de posição. Ora defendeu a fundição entre Teologia e Ontologia como áreas que se dedicam a estudar o ente e deus numa mesma sintonia ambígua, tal como na Idade Antiga já propunha Aristóteles, ora mudou de postura ao passar a defender que essa proximidade não era tamanha a ponto de se misturarem. Uma atitude digna de ser vista com honra, não pela defesa, mas pela coragem de mudar.
Heidegger vem para distinguir Ôntico de Ontológico. Onde Ôntico seria a estrutura de um ente, o que ele é em si mesmo e Ontológico o estudo filosófico dos entes. Ele se esforça para liberar a Ontologia do velho problema deixado pela Metafísica: o dilema do realismo e do idealismo.
No realismo, para termos uma breve ideia de seu trabalho, se eliminar o sujeito ou a consciência restam as coisas, a verdade, o Ser em si. Já no idealismo o cenário se inverte, se eliminarmos as coisas, resta a consciência que põe a realidade. Heidegger, afirma bravamente que ambas estão erradas!
E justifica: se eliminar a consciência nada sobra, pois as coisas existem em nós. Se eliminarmos as coisas, também nada resta, eis que não podemos viver sem o mundo... (CHAUÍ, p. 306-7, 1999).
Na nova Ontologia estamos no mundo e o mundo é mais antigo que o ente, mas o ente é capaz de dar sentido a esse mundo antigo, conhecê-lo e até transformá-lo. Não somos pensamento puro, pois somos um corpo. Somos seres temporais. Transitórios.
Heidegger considera transcendental "toda a manifestação do ser no seu ser transcendente" entende que é um caráter que só pertence ao conhecimento na medida em que revela o mundo. Heidegger critica o conceito do eu como "sujeito isolado". "O conhecer, é um modo de ser do estar no mundo.", afirma Heidegger.
Heidegger surge depois com sua onto-teo-logia. Que seria um neologismo – do qual é fã – onde se construiria um estudo ontológico da teologia. Surgem dúvidas: Como deus e o pensamento lógico se articulam na constituição da ontologia no pensamento metafísico? Heidegger passa a caracterizar o pensamento metafísico como teológico. (PIRES, p. 24, 2010).
Como nos mostra em seu texto no Guia de Estudos, o Professor Pires demonstra que Heidegger percebe a necessidade de superação da Metafísica da forma como vinha se apresentando, urgindo a necessidade de se retornar à tradição. Era imprescindível abandonar os conceitos criados para a Metafísica no curso da história, durante a Idade Média e a Modernidade, tais como adoração, cultuação, métodos, regras, separações naturais, física e voltar ao principal: o Ser enquanto Ser.
Destruir a Ontologia e a Teologia era fundamental para Heidegger a fim de voltar a ser livre e pensar e perceber com liberdade o Ser.
Para Heidegger O ser acabado é sempre projeto, um vir a ser. Neste sentido, o homem é problema para si mesmo. E, pelo fato de ser problema, é barreira a ser superada. Ser mais é o desafio que se coloca à sua frente. Ao mesmo tempo, ele é um ser no mundo, como diria Martin Heidegger, ou melhor, um ser social.
A discussão que envolve deus é exatamente a questão da discussão sobre o Ser. Deus não é uma exigência lógica, não se pode cultuar ou adorar, ou ter com ele qualquer relacionamento. Quando se proclama deus como um valor supremo, isso significa uma degradação de deus e impede o pensar do ser-aí. Este deve ultrapassar a Metafísica. Deus se desvela com o ser do ente. Esse ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente. Analisando deus conforme é concebido pela teologia cristã judaica, o pensamento não se aproxima do deus divino, segundo Heidegger; quando abandonamos essa forma tradicional de pensar deus, tal pensamento, então livre, se sente impelido a abandonar deus e, desta forma, o pensar atua isento de conceitos para o divino do que a onto-teologia queira reconhecer.
Um pensar livre de adoração e cultuação não quer dizer ser ateu, mas sim aproximar-se verdadeiramente do divino.


CONCLUSÃO

Acredito que Kant estava equivocado... Somente em Heidegger é que despertamos do sono dogmático. Em Heidegger, não se pode falar nem em teísmo, tampouco em ateísmo. Nem crente, nem ateu. Não é possível falar de deus, com todos seus atributos, nem negar esse deus. Fazer isso é objetivá-lo, é colocá-lo sob os paradigmas do ente. Pois o SER “é ele mesmo”. A metafísica, ao falar do Ser como Deus, tematizou não o Ser, mas o ente. O “ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente.” Qualquer representação do Ser também como deus, seria reduzi-lo a ente.
Conforme nos ensina o Professor Pereira em sua tele-aula, quando se proclama deus como o valor supremo, significa degradá-lo, pois o pensar através de valores humanos é uma blasfêmia. Deus só pode ser pensado enquanto o outro do ente. Isto é, o nada – deus não pode ser tematizado, é o nada. De certa forma este outro é um véu do Ser, o nada, não o vazio, mas o nada que dadifica, que esconde a verdadeira realidade do Ser, mas ao mesmo tempo o revela como o Nada. Não se pode tematizar deus segundo os padrões do mundo ôntico, a não ser a partir de referenciais que se desconhece. Em Heidegger, Deus se apresenta se ocultando.
O Ser não se deixa representar e produzir objetivamente à semelhança do ente. Não se pode objetivar o ser, pois ele não é um Ente, e a relação sujeito-objeto se dá num plano ôntico, entre os Entes, se o Ser foge do plano dos seres, ele não pode ser objetivado nesse sentido. Só se pode objetivar as coisas que permitem no plano ôntico, no mundo lógico racional, o Ser foge desse plano. Caso contrário seria entificado e assim seria degradado, menor do que é.
Magistralmente para Heidegger o pensamento ateu está mais próximo do ser divino. Pois, o teísmo tenta falar de deus, o que crê nele ao falar de deus o reduz ao mundo ôntico.
O esquecimento do Ser, próprio do começo da filosofia ocidental, fez com que esse ser fosse o não-pensado. Ou seja, a Metafísica não mais pensasse o ser nele mesmo, apenas através do plano ôntico. A Metafísica trouxe um legado, aquilo que ela não pensou sobre o Ser. Essa é a dica para pensar nesse novo começo em Heidegger. Esse esquecimento do Ser é o que não foi pensado sobre ele. Ela continua sendo uma indicação do caminho que agora o Ser-aí, o ente, o homem deve fazer na busca de sua essencialização.
Nas Contribuições para a Filosofia Heidegger pretende a manifestação essencial a partir do próprio Ser. Heidegger quer a essência do Ser, a partir do Ser, não mais a partir do ente!
Na primeira fase, como dissemos, Heidegger trata do fato do homem como o único ser que se abre para o Ser e ele busca assim se aproximar do Ser através do Ente.
Na segunda fase ele busca o Ser na essencialidade não mais a partir do ser-aí, do ser mesmo.
Em Heidegger Ser é fundamento. O fundamento do Ser permanece fora do Ser. Então o Ser com fundamento não pode ser o Ser como fundamento da Metafísica, que é um ser definido, determinado, criado pelo ente. O fundamento é a partir do próprio Ser.
O último deus para Heidegger, que abre a possibilidade do Ser se manifestar no Ser-aí, depende do acontecimento-apropriador (que não é o último deus, mas que permite o acesso a ele), com ele este sinal coloca a lente no mais extremo abandono do Ser e irradia, por sua vez, com a verdade mais íntima do brilhar desse abandono. O acontecimento-apropriador coloca o ente no total abandono do Ser enquanto Ser da Metafísica. Assim esse abandono traz o plano íntimo desse Ser. (PEREIRA, 2010).
Uma pessoa que tem a coragem de chegar ao limiar do ateísmo para provar o teísmo da maneira como ele se propôs a fazer merece aplausos.


REFERÊNCIAS


CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. Ed. Ática. São Paulo-SP. 1999.

GUIA DE ESTUDOS. Meafísica, Espistemologia e Linguagem. Organização de Daniel Pansarelli. Universidade Metodista de São Paulo. Ed. do Autor. São Bernardo do Campo-SP. 2010.

PASCAL, Georges. Compreender Kant. Ed. Vozes. 2ª Edição. Petrópolis-RJ. 2005.

PEREIRA, Wesley Fajardo. Teleaula. 13 abr 2010.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia – Antiguidade e Idade Média. Vol. I. – Vol. II – Do Humanismo a Kant. – Vol. III – Do Romantismo até nossos dias. 3ª Ed. Coleção Filosofia. Ed. Paulus. São Paulo-SP. 1990.