- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.
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terça-feira, 29 de novembro de 2011

AS VÁRIAS PERCEPÇÕES DE AUCTORITAS

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062

ESTÉTICA E FILOSOFIA MODERNA

Trabalho apresentado ao módulo Estética e Filosofia Moderna, à atividade: Portfolio Auctoritas. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: João Epifânio Régis Lima


SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP-2011

SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO........................................................................................04
AS VÁRIAS PERCEPÇÕES DE AUCTORITAS.....................................................................04
AUCTORITAS ANTIGA E AUTOR-PRESENÇA...................................................................06
AGRADÁVEL, BELO E BEM................................................................................................07
JUÍZO DE GOSTO (BELO).....................................................................................................09

3 - REFERÊNCIAS.............................................................................................11

INTRODUÇÃO

Em atendimento ao pedido elaborado em Planejamento Semanal datado de 16 e 24 de abril de 2011, onde, respectivamente, se pleiteia a leitura de texto elaborado pela autora Helena Carvalhão Buescu, Autor, leitura pertinente no Guia de Estudos, ancorado finalmente pelas teleaulas, identificar e resumir posturas sobre autoria que sejam diferentes daquelas de Roland Barthes e Michel Foucault; definir falácia intencional e autor empírico; comparar auctoristas antiga com a do autor-presença em dois aspectos diferentes; explicar a tese da morte do autor, segundo Roland Barthes; comparar o prazer do agradável com o do belo e do bem, segundo Immanuel Kant e, por fim, explicar sucintamente quatro características do juízo de gosto (ou de belo) na visão do próprio Kant.
Eis assim, explicitado o pedido da presente atividade cuja apresentação se segue.

APRESENTAÇÃO

AS VÁRIAS PERCEPÇÕES DE AUCTORITAS

Roland Barthes e Michel Foucault dedicaram parte de sua obra a apreciar com atenção e dedicação profundas os aspectos que circundam o tema autoria, ou ainda, objetivando o respeito pela nomenclatura oficial, auctorias.
A tese de Roland Barthes - crítico dos conceitos teóricos complexos que circularam dentro dos centros educativos franceses nos anos 50 - afirmava que o escritor não tem passado, pois nasce com o texto. Ele também defendia que, na ausência da idéia de um "autor-Deus", para controlar o significado de determinado trabalho, os horizontes interpretativos estão abertos para o leitor ativo. Segundo o pensamento de Barthes, "a morte do autor é o nascimento do leitor." (Wikipédia; 2011). A auctoritas deve desligar-se da figura do autor e centrar-se na do leitor. Para Barthes, a função de quem lê o texto é desvendar, desembaraçar essas muitas linhas possíveis entretecidas no texto. Quem vai ser auctoritas será o próprio leitor, mais do que o que escreveu o texto. O leitor tem a função de autorizar ou desautorizar a obra. Isso depende do modo como o leitor desvenda as linhas daquele tecido, depende ainda do próprio texto que assume certa autonomia, ganha vida própria e precisa da atividade do leitor como autorizador daquele texto, escritura. Barthes nega qualquer concepção de autoria ligada a concepção de autor-presença.
Em Michel Foucault, temos a questão do Autor-Função onde ele (autor) se refere, caracteriza o modo de existência, de circulação e de funcionamento de certos discursos no seio de uma sociedade. Sedimenta práticas discursivas inscritas em práticas institucionais. O autor é ser de razão e ainda pluralidade de egos. Michel Foucault, também nega a função de autor-presente e vai pensar a autoria como um ser de razão, o autor não é mais a pessoa de carne que produz de próprio punho o texto, ou o artista que produz a obra. Pode-se ter uma mesma pessoa entendida como autor-presença, mas que enquanto autor-função representa muitas autoridades diferentes, muitas autorias diferentes. Um autor que escreva um prefácio de um livro, ou a mesma pessoa que escreva o corpo do livro onde ele se mergulha numa questão, ou a mesma pessoa que faça a crítica, o comentário a esse livro, faça uma resenha desse livro. Pode-se ter a mesma pessoa trabalhando, mas representam funções autorais diferentes. Do mesmo modo essa mesma pessoa que escreve uma carta e comenta com alguém, ela também assume uma função autoral diferente. Para Foucault, muitas vezes não é a pessoa que assume essa função, mas a própria instituição que autoriza, autentica, legitima o discurso.
Para ampliarmos o leque de possibilidades de auctoritas, dentro de nossa contemporaneidade, abordamos o texto produzido por Buescu intitulado Autor, onde encontramos algumas outras perspectivas apresentadas pela escritora as quais amplificam a gama de auctoritas. Dentre elas, o autor empírico. Neste caso, Buescu entende por autor empírico como o fator que experimenta para construir uma obra. Ele é apenas um vínculo psicológico que perpassa a obra. Uma identidade biográfica, orgânica de tal produção. É o fundador da obra em si, mas atrela-se a ela apenas extratextualmente. Uma obra literária, por exemplo, sobre esse prisma, pode ser observada pelo fator cronológico, causal, que traria uma referência emblemática, rotular onde se poderia observar o contexto pelo qual o autor empírico passou e que refletiu em sua obra. Tal como J. R. Tolkien, o criador das sagas O senhor dos anéis, onde o leitor, ciente da época em que a mesma foi escrita – 1ª Guerra Mundial – pode inferir detalhes de sofrimento e do drama ali embutidos.
Buescu ainda se alonga em observar e constatar outros tipos de auctoritas, dentre elas: o autor moderno, medieval, autor implicado, modelo, autor postulado, inferido e, até onde se pôde localizar, autor textual.
Buescu entende que “autor é uma ingerência do extraliterário no literário, ingerência não só funcionalmente impertinente como semanticamente injustificável.” (BUESCU). Diante disso, ela justifica as outras possibilidades de auctoritas, acima adiantadas, como “[...] formulações flutuantes, aceitam a existência de uma formulação autoral distinta da instância narradora [...]”. (BUESCU). Seu pensamento se lança ainda a uma última possibilidade, à de “autor textual/narrador/leitor”.
A escritora nos fala ainda sobre falácia intencional. Nessa condição Buescu afirma que um texto pode viver independentemente de seu autor. Em verdade, ele deve viver assim, segundo ela, pois nada tem a ganhar em liberdade interpretativa se permanecer à sombra de seu autor. O produtor, se assim podemos considerar, de um texto, existe somente “antes e fora do texto”. Assim, a falácia intencional, “consiste em querer constranger o texto e seus sentidos à prévia existência de uma ‘vontade de sentido’ autoral, intencionalmente refletida no texto”. (BUESCU).


AUCTORITAS ANTIGA E AUTOR-PRESENÇA

Debrucemo-nos um pouco para o significado de auctoritas para que possamos compreender melhor a antiga e a sua interpretação como autor-presença.
Autorictas seria a autoria de uma obra em si. Mas seu sentido é mais amplo e profundo, ela autoriza, autentica, é a autoridade de um discurso. É uma representação em particular. Refere-se ainda a um gênero. A auctoritas antiga é em gênero de velho. Escrita em gênero alto é na chave do encômio, do elogio, pinta o objeto melhor do que ele é. Tomemos como exemplo a obra de Camões Os Lusíadas, o povo português daquele século XVI, não era tudo aquilo que Camões dizia que era, havia um enfeite, ou o gênero alto. Na comédia de escárnio, de mal-dizer, são gêneros de estilo baixo, pinta-se o objeto pior do que ele é. Gênero médio, em termos de categorização teórica, seria aquele que descreve o objeto “exatamente” como ele é. (Fazer isso diante da Filosofia da Ciência é impossível). Atentemos para o repórter ao descrever um acontecimento, chamado de “fato”, ele deve narrar sem tirar nem pôr. Não pode tirar nem acrescer nada. Mas ao contar o que aconteceu já está interpretando, dando sua própria ênfase, escolhendo palavras, descrevendo, todavia, gênero médio seria isso. Um texto científico tem a pretensão de descrever o mundo tal como ele é.
Bem, visto isso, rumemos para as classificações de auctoritas. Auctoristas Antiga seria a que vai até o século XVII. Nela há a total negação do autor-presença, aquele que seria o responsável pala obra. Os discursos orbitam em torno de rótulo de autoridade, por exemplo, Homero. Atentemos que Homero não era um autor no sentido de autor-presença; sua poesia ocupa um período que obrigaria Homero ter vivido séculos para que ele pudesse ser pensado como alguém que escreveu todas as obras lhe atribuídas. Pior ainda, em Homero a poesia era encenada, falada, dramatizada, cantada, dentro de uma transmissão oral. Homero é então, um rótulo de autoridade, que autoriza, autêntica e legitima um determinado produto, uma produção de um momento. Teríamos assim uma espécie de slogan: “Se é de Homero é de boa qualidade!”
A Filosofia platônica não são necessariamente os textos de Platão, mas sim sua tradição. Temos mais, o caso do pintor Cennino Cennini, que era discípulo de um outro grande pintor: Giotto. O livro de arte escrito por Cennini não implica que toda orientação ali contida seja do próprio. Outro exemplo clássico é o do monge Teófilo. O verdadeiro (ou verdadeiros) autor se excluía ao adotar dito pseudônimo, assim era eliminar o autor no sentido de autor-presença. O tratado poderia ser uma antologia de como fazer algo. Tal como um caderno de receitas. O caderno é da pessoa, mas as receitas não são todas dela.
Têm-se ainda a referência à autoridade divina no caso da bíblia, tora, vedas, alcorão – quem é o autor, quem autoriza as escritas, os evangelistas? Não, o próprio deus.

No caso do autor-presença temos a noção utilizada por força do senso comum. Senso comum nas ciências em grande medida é positivista e no que diz respeito às artes é romântico. No senso comum, a concepção romântica de autor-presença é aquela que pensa que o autor pessoalmente produziu com total domínio e autonomia a obra. É expressão da interioridade subjetiva do artista. Mas isso só vem a ocorrer depois do século XVII e XVIII, onde nasce a noção de belas artes. Temos então, em autor-presença, uma concepção romântica onde o Autor é tido como causa da obra ele é anterior à obra. O autor possui total domínio da obra, detém a autonomia. Nas obras desse tipo elas estão densificadas com a expressão da subjetividade do artista, sua interioridade o autor se expressa, expressa suas emoções é uma maneira romântica de pensar a arte. É a forma como a maioria pensa hoje em dia.

AGRADÁVEL, BELO E BEM

Immanul Kant nos conduz a analisar questões inerentes ao ser e ao racional dando como fator de reflexão o “agradável”, o “belo” e o “bem”.
Vejamos seu exemplo de agradável; “[...] quando o sabor agradável de um vinho não pertence às propriedades objetivas desse vinho, portanto de um objeto, mesmo considerado como fenômeno, mas à natureza especial do sentido do sujeito que o saboreia.” (KANT, p. 95, nota 2, 2001). O que ele busca dizer com isso é que no cenário do juízo de gosto, o agradável possui tons de interesse. O juízo de gosto se dá independentemente das particularidades de cada pessoa, de suas inclinações, seus desejos, isso é juízo de gosto desinteressado. Esse juízo é universal. Se o juízo de gosto não traz nada de particular o que sobra é o que ele tem de universal.
A complacência é de ter prazer junto. Vejamos que, para Kant, o belo é desinteressado, já o agradável é interessado. Ainda em seu exemplo, o vinho pode ser agradável para alguém, de acordo com os interesses desse alguém. Algo, que para Kant, não pode ser belo para uma única pessoa, pois, para ser belo precisa necessariamente ser algo universal, para todos, ou então não será belo. O juízo sobre o belo é desinteressado como vimos. O juízo sobre o agradável é particular é interessado.
Em Kant, o belo é o que é representado sem conceitos, é só prazer e universal, justamente por que é desinteressado. Para o bom o que acresce é que o juízo sobre o bom envolve razão e conhecimento, é um juízo lógico racional, ao passo que o juízo sobre o belo e o agradável é estético, é um sentimento de prazer. Confiramos:

[...] belo, elevando as suas regras à dignidade de uma ciência. Mas esse esforço foi vão. Tais regras ou critérios, com efeito, são apenas empíricos quanto às suas fontes (principais) e nunca podem servir para leis determinadas a priori, pelas quais se devesse guiar o gosto dos juízos; é antes o gosto que constitui a genuína pedra de toque da exatidão das regras [...]. (KANT, p. 88, *, 2001).

O prazer que se tem quando se olha para um objeto não pode vir antes do ajuizamento da visão que se tem do objeto, pois é condição para se achar algo belo, já ajuizar que aquilo é algo universal. Como antes de qualquer ato já se ajuíza que aquilo é universal, portanto, pode-se ter com aquele objeto a experiência do prazer do belo. Não é o prazer que vem antes e o juízo vem depois. O juízo de belo já aponta naquele objeto, de maneira subjetiva, de maneira universal e desinteressada, elementos que, por isso, como se sabe que todos pensam igual, se sentem igual diante daquele objeto, por isso se tem o julgamento daquele objeto como belo.
Para Kant, um objeto belo, tem as partes dele organizadas tão harmonicamente que dá a impressão de uma finalidade, que todas as partes daquele objeto estariam combinadas de fazer algo com o objetivo de agradar, programadas para tal função. Mas isso é uma aparência. Na verdade não existe nenhuma finalidade no objeto belo. Por isso que Kant diz que o objeto belo é finalidade sem fim. Ele aparece para a pessoa como se tivesse finalidade.
Acontece o mesmo num organismo vivo, parece até que os vários órgãos do corpo entraram em acordo para ter um objetivo de realizar algo. Mas o coração não acordou nada com o pé, com o cérebro. Não tem finalidade.
Assim sendo, para se ter o juízo de gosto, precisa ter um sentido comum. Temos uma ideia subjetiva de que há um sentido comum de que todo mundo que olhar para aquele mesmo objeto terá a mesma sensação e sentimento estético. Isso é condição para que se possa julgar um objeto belo.

Quer seja um objeto da simples sensibilidade (o agradável) ou da razão pura (o bem), a razão não cede ao fundamento que é dado empiricamente e não segue a ordem das coisas, tais quais se apresentam no fenômeno, mas com inteira espontaneidade criou para si uma ordem própria, segundo idéias às quais adapta as condições empíricas e segundo as quais considera mesmo necessárias ações que ainda não aconteceram e talvez não venham a acontecer, sobre as quais, porém, a razão supõe que pode ter causalidade [...]. (KANT, p. 484, 2001).
Kant tenta negociar o bem como a felicidade, e racionalmente chega a seguinte conclusão:
A felicidade, isoladamente, está longe de ser para a nossa razão o bem perfeito. A razão não a aprova (por mais que a inclinação a possa desejar) se não estiver ligada com o mérito de ser feliz, isto é, com a boa conduta moral. Portanto, a felicidade, na sua exata proporção com a moralidade dos seres racionais, pela qual estes se tornam dignos dela, constitui sozinha o bem supremo de um mundo onde nos devemos colocar totalmente de acordo com as prescrições da razão pura, mas prática, e que evidentemente é apenas um mundo inteligível, pois o mundo sensível não nos permite esperar da natureza das coisas uma tal unidade sistemática de fins, cuja realidade não pode ser fundada sobre outra coisa que não seja a suposição de um bem supremo originário; [...]. (KANT, p. 656, 2001).

JUÍZO DE GOSTO (BELO)

Deduz-se que para Kant, bom é aquilo que através da razão agrada por simples conceito. Ou mais, o belo é a representação de um objeto de uma satisfação universal e sem conceito.
Procuraremos esclarecer melhor. O belo em Kant não pode ser conceituado, pois assim sendo será subjetivo e por tal não poderá ser universal – juízos sintéticos a priori. Miremos o exemplo de um estóico, para ele a virtude é o bem supremo integral, sendo a felicidade a consciência de se ter a virtude, correto? Para um epicurista, a felicidade é o bem supremo integral, sendo a virtude o caminho que conduz à felicidade. Duas visões particulares sobre bem.
Como destaca o Professor Lima, para Kant,

[...] o juízo de gosto é estético, ou seja, refere-se ao sentimento subjetivo de prazer ou desprazer por meio da faculdade de imaginação e não ao entendimento que produz conhecimento. Não se trata de juízo de conhecimento, portanto não é lógico, mas estético. Não designa nada no objeto, mas refere-se a como o sujeito se sente afetado pela sensação. (LIMA, p. 35, 2011).

Diante de uma obra, de um texto, cada indivíduo – com sua individualidade particular e única – terá um arcabouço pessoal que interpretará aquilo que está diante de si. Um camponês, um lavrador, terá uma percepção diferente da de um executivo, de um empresário, diante de uma tela em um museu de arte. O senso de estética, de belo, para os primeiros é algo inato, intuitivo. O juízo dessas pessoas está necessariamente atrelado ao pensamento do particular como contido no universal de seus registros arquetipais de belo.
Entretanto, Kant procura esmiuçar melhor esse juízo de gosto, de belo, ao defender que o gosto pode ser estético, uma percepção intuitiva do que seria belo vincada ao “gosto” pessoal, criativo da pessoa; o gosto independe de todo interesse físico do objeto em análise, apenas uma reflexão já seria suficiente para defini-lo como tal; gosto (belo) precisa ser universal, vale para todos! E, o juízo de gosto (belo) com finalidade sem fim, o objeto é belo por si só, sem que algo concorra para isso.
Não olvidemos que em Kant, se o universal a regra, a lei, é dado o juízo que se mistura num só ao particular é determinante. Mas, se apenas o particular é dado e se o juízo deve encontrar o universal, então o juízo é reflexionante.
Portanto, ainda vale a máxima de que o sublime não se encontra na natureza, mas no espírito.

REFERÊNCIAS

BUESCU, Helena Etelvina de Lemos Carvalhão. AUTOR. Disponível em http://www.edtl.com.pt/index.php?option=com_mtree&task=viewlink&link_id=830. Acesso em 12 maio 2011.

KANT, Immanuel; Crítica da razão pura. Fundação Calouste Gulbenkian. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa-PT. 2001.

LIMA; João Epifânio Regis. A antinomia do gosto na estética kantiana. Guia de Estudos. Universidade Metodista de São Paulo. Organização de Daniel Pansarelli. 2. ed. São Bernardo do Campo. Ed. do Autor, 2011.

Roland Barthes. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Roland_Barthes#cite_ref-0. Acesso em 13 maio 2011.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE - A GENEALOGIA DA MORAL

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO
CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR
Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião
Filosofia Licenciatura

FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA

SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP - 2010

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062

Trabalho apresentado ao módulo Filosifa Contemporânea à atividade: Portfolio. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.

Professor: Washington Luis Souza

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO................................................................................................03

2 – APRESENTAÇÃO............................................................................................04

3 – CONCLUSÃO..................................................................................................08

4 - REFERÊNCIAS.................................................................................................09

INTRODUÇÃO

O pedido que se apresenta no Planejamento Semanal de 16 de novembro de 2010, elaborado pelo Professor Washington Luis Souza, ao Módulo Filosofia Contemporânea, trata-se de um fichamento pós leitura de trecho da obra de Friedrich Wilhelm Nietzsche, a Genealogia da moral – uma polêmica, sobre a primeira dissertação do texto, intitulada Bom e mau, bom e ruim. Obra em que o autor pretende responder a certos questionamentos de valorações morais e éticas. No caso em tela, o texto aborda temas antigos, originários do que a humanidade hoje conhece por bom e mau, sua origem e, segundo o autor, a sua degeneração no que hoje se tornou dicotômico, bandeira de luta entre a luz e as trevas e seus principais responsáveis manipuladores de tal fato.

IN: NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral – uma polêmica. Tradução de Paulo César de Souza. Ed. Companhia das Letras. 10ª Ed., São Paulo-SP., 2007.

APRESENTAÇÃO

O texto Primeira dissertação – “Bom e mau”, “Bom e ruim”, busca demonstrar essencialmente como a manipulação sacerdotal conseguiu subverter, consoante o autor, a simples designação que outrora se tinha ao se abordar o tema bom e mau/ruim. Em tese, Nietzsche quer desvendar os olhos do leitor forçando-o a vislumbrar uma nova percepção (ou a antiga) do que hoje se festeja como bondade e maldade, moral, princípios, fé... e que foram se adulterando no curso da história.
O presente fichamento se dará na forma de citações dos principais trechos que este aluno compreendeu importantes para a elucidação, ou introdução do que o autor pretende, buscando, com isso, destacar as passagens mais significativas do texto – ou as que chamaram a atenção do leitor e que o conduzirá a refletir sobre os temas levantados. Para tal o textos serão colocados sempre entre aspas, destacando-se o trecho e as páginas entre parênteses e sua fonte será destacada no final junto à referência bibliográfica. Buscar-se-á evitar o máximo possível o fichamento de comentários sobre os trechos a fim de impedir que o aluno conduza ou, numa tentativa equivocada ou até mesmo apaixonada, desvie a leitura para caminhos que não os autênticos objetivados pelo autor além dos excertos subjetivos já realizados.
Assim segue:
“ [...] enigmas em carne e osso [...] são interessantes! [...] colocar em evidência o lado vergonhoso [...] interior, e procurar o elemento operante [...] para o desenvolvimento [...] onde nosso orgulho intelectual menos desejaria encontrá-lo [...] na força da inércia. Ou, por fim – de tudo alguma coisa – [...] que esses pesquisadores [...] sejam [...] criaturas valentes, [...] e que se tenham cultivado a ponto de sacrificar qualquer desejo à verdade [...].” (1, pp. 17-18).
“[...] historiadores da moral! [...] falta o próprio espírito histórico [...] pensam [...] essencialmente a-histórica; [...] quando se trata de investigar a origem do [...] “bom”. [...] idiossincrasia dos psicólogos ingleses [...] ‘a utilidade’, ‘o esquecimento’, ‘o hábito’ e por fim ‘o erro’. [...]. Este orgulho deve ser humilhado, e esta valoração desvalorizada: [...] ‘bom’ no lugar errado: [...] não provém daqueles aos quais se fez o ‘bem’! [...] É somente com um declínio dos juízos de valor aristocráticos que essa oposição ‘egoísta’ e ‘não egoísta’ se impõe mais e mais à consciência humana [...] ou doença do cérebro.” (2, pp. 18-20).
“[...] a origem do juízo de valor ‘bom’ [...] sofre de um contra-senso psicológico. A utilidade [...] teria sido esquecida [...]. Herbert Spencer [...] estabelece o conceito ‘bom’[...] igual a ‘útil’, ‘conveniente’, [...] a humanidade teria [...] sancionado [...] suas experiências inesquecíveis [...] essa via [...] é errada, [...] mas ao menos [...] é razoável”. (3, p. 20).
“A indicação do caminho certo [...] do ponto de vista etimológico[...] remetem à mesma transformação conceitual [...] ‘nobre’[...], a partir do qual necessariamente se desenvolveu ‘bom’, ‘plebeu, [...] transmutar-se finalmente em ‘ruim’. [...] uma percepção essencial no que toca a uma genealogia da moral.”(4, pp. 20-21).
“[...] os conceitos da humanidade antiga foram inicialmente compreendidos, numa medida para nós impensável [...] grosseiro, tosco, improfundo, estreito, [...] e francamente assimbólico. [...] abriram-se [...] entre os homens, abismos [...] cujas seqüelas parecem ser a debilidade intestinal e a neurastenia [...] fatalmente inerentes aos sacerdotes de todos os tempos; [...] o que foi por eles mesmos inventado como remédio [...] demonstrou ser mil vezes mais perigoso [...], o jejum, a continência sexual, [...] fabricar indolentes e refinados, [...] e por fim o muito compreensível enfado geral com a sua cura radical – o nada (ou Deus [...]!) [...] dessa forma essencialmente perigosa a sacerdotal, é que o homem se tornou um animal interessante, apenas então a alma humana [...] tornou-se má.” (6, pp. 24-25).
“[...] o modo de valoração sacerdotal pode derivar daquele cavalheiresco-aristocrático [...] isso ocorre quando a casta dos sacerdotes e a dos guerreiros se confrontam ciumentamente. [...] Os juízos de valor cavalheiresco-aristocráticos têm como pressuposto uma constituição física,[...] livre, contente. Os sacerdotes são, os mais terríveis inimigos [...] Porque são os mais impotentes. [...] o ódio toma proporções monstruosas e sinistras [...] mais espiritual e venenosa.”(7, p. 25).
“[...] Jesus de Nazaré [...]. Não teria Israel alcançado, por via desse ‘redentor’, [...] a derradeira meta de sua sublime ânsia de vingança? [...] de passos lentos e premeditados, Israel mesmo tivesse de negar e pregar na cruz o autêntico instrumento de sua vingança, [...] para que o ‘mundo inteiro’, ou seja, todos os adversários de Israel pudesse [...] morder tal isca? [...] [sob este signo] [...] Israel até agora sempre triunfou.” (8, p. 27).
“A rebelião escrava na moral [...] quando o [...] ressentimento se torna criador e gera valores [...] este necessário dirigir-se para fora, em vez de volar-se para si – é algo próprio do ressentimento: [...] requer, para nascer, um mundo oposto e exterior, para poder agir em absoluto [...] no modo de valoração nobre: [...] busca seu oposto [...] para dizer Sim [...]. [...] no desprezo se acham mescladas demasiada negligência [...] para que ee seja capaz de transformar seu objeto em monstro e caricatura. Os ‘bem-nascidos’se sentiam mesmo como os ‘felizes’; eles não tinham de construir artificialmente a sua felicidade [...], (como costumam fazer os homens do ressentimento). Uma raça de tais homens do ressentimento resultará necessariamente mais inteligente que qualquer raça nobre [...]. Não conseguir levar a sério por muito tempo seus inimigos, [...] eis o indício de naturezas fortes e plenas, [...] propiciadora do esquecimento [...]. Um homem tal sacode de si, com um movimento, muitos vermes que em outros se enterrariam; apenas neste caso é possível [...] o autêntico ‘amor aos inimigos’. [...] Em contrapartida [...] ‘o inimigo’tal como o concebe o homem do ressentimento [...] ele concebeu ‘o inimigo mau’, ‘o mau’.” (10, pp. 28-31).
“Supondo que fosse verdadeiro o que agora se crê como ‘verdade’ [...] o sentido de toda cultura é amestrar o animal de rapina ‘homem’, reduzi-lo a um animal manso e civilizado, [...] deveríamos sem dúvida tomar aqueles instintos de [...] ressentimento como os autênticos instrumentos da cultura; [...]. Esses ‘instrumentos da cultura’ são uma vergonha para o homem [...] uma acusação, [...] contrário à ‘cultura’! [...] quem não preferiria mil vezes temer, podendo [...] admirar, a não temer, mas não mais poder se livrar da visão asquerosa, atrofiados, envenenados? [...] Não o temor; mas sim que não tenhamos mais o que temer no homem; [...].” (11, pp. 33-34).
“Mas de quando em quando me concedam – supondo que existam protetoras celestes, além do bem e do mal – uma visão, concedam-me apenas uma visão, de algo perfeito, [...] feliz, potente, triunfante, no qual ainda haja o que temer! [...] em virtude do qual possamso manter a fé no homem!... [...] o homem se torna cada vez ‘melhor’... [...] junto com o temor do homem, perdemos também o amor a ele, [...] a esperança em torno dele.” (12, p. 34-35).
“Que as ovelhas tenham rancor às grandes aves de rapina não surpreende: mas não é motivo para censurar às aves de rapina [...]. Exigir da forção que não se expresse como força, [...] é tão absurdo quanto exigir da fraqueza que se expresse como força. [...] não existe ‘ser’ por trás do fazer, do atuar, do devir; ‘o agente’ é uma ficção acrescentada à ação – a ação é tudo. [...] toda a nossa ciência se encontra sob a sedução da linguagem, [...] não é de espantar que os afetos entranhados que ardem ocultos, ódio, e vingança, tirem proveito dessa crença, [...]. E bom é todo aquele que [...] remete a Deus a vingança, [...] até os insetos [...] os quais se fazem de mortos para não agir ‘demais’, em caso de perigo. [...] a alma foi até o momento o mais sólido artigo de fé sobre a terra, [...] enganar a si mesmos com a sublime falácia de interpretar a fraqueza como liberdade, [...].” (13, pp. 35-37).
“[...] como se fabricam ideais na terra? [...] negra oficina. [...] Temerário: [...]. A fraqueza é mentirosamente mudada em mérito. [...] (há alguém que dizem impor esta submissão – chamam-no Deus). [...] talvez essa miséria seja uma preparação, algo que um dia será recompensado [...] em felicidade. A isto chamam de ‘bem-aventurança’. [...] não por temor, [...] e sim porque Deus ordena que seja honrada a autoridade. [...] O ar ruim! Esta oficina onde se fabricam ideais [...] está fedendo de tanta mentira! [...] aquilo que lhes serve de consolo por todo o sofrimento da vida [...] a isto chamam de ‘Juízo Final’.” (14, pp. 37-39).
“Esses fracos – também eles desejam ser os fortes [...] chamam-no simplesmente ‘o Reino de Deus’. [...] Para vivenciar isto é preciso [...] a vida eterna [...] ‘também a mim criou o eterno ódio’- supondo que uma verdade pudesse ficar sobre a porta que leva a uma mentira!”(15, pp. 39-43).
“[...] a luta [...] foi levada [...] para o alto, com isto se aprofundando e se espiritualizando sempre mais: [...] falsificação literária requerida para esse fim. [...] em toda parte onde o homem fou ou quer ser domado.” (16, pp. 43-44).
“[...] o filósofo deve resolver o problema do valor, deve determinar a hierarquia dos valores.” (Nota, pp. 45-46).

CONCLUSÃO

Com isso, encerra-se o presente fichamento do trecho da obra pesquisada de Nietzsche, mas não sem antes ressaltar o que se evidencia a olhos atentos: em Nietzsche, o que marca, o que chama a atenção e revela sua mensagem, são os itálicos, as aspas, os negritos, as reticências, os hífens, os parênteses...


REFERÊNCIAS

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral – uma polêmica. Tradução de Paulo César de Souza. Ed. Companhia das Letras. 10ª Ed., São Paulo-SP., 2007.