- APRESENTAÇÃO -

O objetivo deste Blog é divulgar projetos, pesquisas, trabalhos, textos que abranjam o pensamento filosofal de diversas áreas e diversos pensadores, disponibilizando-os a quem assim quiser partilhar e precisar para suas próprias investigações e pesquisas. Grato a todos que me ajudaram: Professores, Tutores e Colegas.

terça-feira, 3 de maio de 2011

PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DOCENTE

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO

CAMPUS – EAD – LONDRINA-PR

Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião

Filosofia Licenciatura


AGUSTAVO CAETANO DOS REIS


FILOSOFIA

FORMAÇÃO DOCENTE


SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP

2010

AGUSTAVO CAETANO DOS REIS - Nº 161062



FILOSOFIA

FORMAÇÃO DOCENTE




Trabalho apresentado ao módulo Formação Docente à atividade: Avaliação Modular. Em cumprimento às exigências do curso de Licenciatura em Filosofia, da Faculdade Metodista de São Paulo - Polo Londrina.



Professor: Paulo Bessa da Silva




SÃO BERNARDO DO CAMPO-SP

2010

SUMÁRIO


1 – INTRODUÇÃO.............................................................................................03



2 – APRESENTAÇÃO........................................................................................04



3 – CONCLUSÃO...............................................................................................08



4 - REFERÊNCIAS.............................................................................................09



INTRODUÇÃO



Quando vivemos a autenticidade exigida pela prática de

ensinar-aprender participamos de uma experiência total,

diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética,

em que a boniteza deve achar-se de mãos dadas com a decência e com a serenidade.

Paulo Freire





Apresentar a produção de resenha crítica sobre obra de Paulo Freire, tecendo um paralelo com os temas até agora trabalhados em Formação Docente, observando didática, psicologia da educação e políticas educacionais.



OBRA:



FREIRE, Paulo; Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa. Coletivo Sabotagem. 92 pp. 1996 (sic).




APRESENTAÇÃO



Para iniciarmos a presente resenha, implica necessariamente a compilação de trecho de biografia ofertada pelo Instituto Paulo Freire, onde consta que Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, uma das regiões mais pobres do país, onde logo cedo pôde experimentar as dificuldades de sobrevivência das classes populares. Trabalhou inicialmente no SESI (Serviço Social da Indústria) e no Serviço de Extensão Cultural da Universidade do Recife. Ele foi quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de idéias e "métodos". Sua filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958 na sua tese de concurso para a universidade do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos, Rio Grande do Norte, em 1963.

A coragem de pôr em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua libertação fez dele um dos primeiros brasileiros a serem exilados.

Em 1969, trabalhou como professor na Universidade de Harvard, em estreita colaboração com numerosos grupos engajados em novas experiências educacionais tanto em zonas rurais quanto urbanas. Durante os 10 anos seguintes, foi Consultor Especial do Departamento de Educação do Conselho Mundial das Igrejas, em Genebra (Suíça). Nesse período, deu consultoria educacional junto a vários governos do Terceiro Mundo, principalmente na África. Em 1980, depois de 16 anos de exílio, retornou ao Brasil para "reaprender" seu país. Lecionou na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP).

Em 1989, tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo, maior cidade do Brasil. Durante seu mandato, fez um grande esforço na implementação de movimentos de alfabetização, de revisão curricular e empenhou-se na recuperação salarial dos professores.

A metodologia por ele desenvolvida foi muito utilizada no Brasil em campanhas de alfabetização e, por isso, ele foi acusado de subverter a ordem instituída, sendo preso após o Golpe Militar de 1964. Depois de 72 dias de reclusão, foi convencido a deixar o país. Exilou-se primeiro no Chile, onde, encontrando um clima social e político favorável ao desenvolvimento de suas teses, desenvolveu, durante cinco anos, trabalhos em programas de educação de adultos no Instituto Chileno para a Reforma Agrária (ICIRA). Foi aí que escreveu a sua principal obra: Pedagogia do oprimido.

Em Paulo Freire, conviveram sempre presente senso de humor e a não menos constante indignação contra todo tipo de injustiça. Casou-se, em 1944, com a professora primária Elza Maia Costa Oliveira, com quem teve cinco filhos. Após a morte de sua primeira esposa, casou-se com Ana Maria Araújo Freire, uma ex-aluna.

Paulo Freire é autor de muitas obras. Entre elas: Educação: prática da liberdade (1967),

Pedagogia do oprimido (1968), Cartas à Guiné Bissau (1975), Pedagogia da esperança (1992) À sombra desta mangueira (1995). Foi reconhecido mundialmente pela sua práxis educativa através de numerosas homenagens. Além de ter seu nome adotado por muitas instituições, é cidadão honorário de várias cidades no Brasil e no exterior.

A Paulo Freire foi outorgado o título de doutor Honoris Causa por vinte e sete universidades.

Por seus trabalhos na área educacional, recebeu, entre outros, os seguintes prêmios: "Prêmio Rei Balduíno para o Desenvolvimento" (Bélgica, 1980); "Prêmio UNESCO da Educação para a Paz" (1986) e "Prêmio Andres Bello" da Organização dos Estados Americanos, como Educador dos Continentes (1992). No dia 10 de abril de 1997, lançou seu último livro, intitulado "Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa". Paulo Freire faleceu no dia 2 de maio de 1997 em São Paulo. (GADOTTI).

Como visto, sua última obra é exatamente a que buscamos resenhar. Um trabalho voltado à máxima educacional, onde Paulo Freire buscou, com audácia e sofreguidão, tecer divisores e marcadores no ritmo da didática educacional e, simultaneamente, rompeu com os mesmos e com todos os outros existentes com sua psicologia educacional, não deixando de lado a íntima crítica lógica não apenas às políticas educacionais, mas à cidadania que precisa do ensino, aos pais, aos alunos e com atenção especial, aos professores, sempre tendo o carinho de citá-los como “professor e professora”, um critério particular que demonstrava seu carinho pelo profissional da educação.

Nos três capítulos que construíram seu livro (Não há docência sem discência; Ensinar não é transferir conhecimento e Ensinar é uma especificidade humana), permeou de subcapítulos onde Paulo Freire passeou pela rigorosidade da metodologia do ensino, da pesquisa, respeito, consciência, alegria e esperança, liberdade e autoridade, diálogo, para citar alguns que sentimos mais importantes, ou que mereciam ser lembrados como destaque.

O autor sempre manteve em seu pensamento o crivo da reflexão crítica como uma exigência diretamente relacionada à teoria e à prática como conteúdo obrigatório da prática docente. Ao longo de seu trabalho, sempre deixou claro que ensinar não se trata exclusivamente de transferir conhecimento do professor para o aluno, mas sim gerar possibilidades para o mesmo possa ser produzido, construído, em parceria. Afinal, ambos – professor e aluno – continuam em fase de aprendizagem e só se aprende fazendo. Para se alcançar o objeto do ensino, é imprescindível em Paulo que se cultive a “curiosidade epistemológica” e escapar do erro epistêmico do que ele gosta de chamar “bancarismo”, onde o aluno é obrigado a sentar e o professor ficar em pé ensinando.

Para o autor, criticidade, pesquisa, respeito, coragem, são itens fundamentais para uma didática educacional onde a verdade brota e todo pensar certo é radicalmente coerente. Mas tudo caminha de mãos dadas com a rigorosidade metodológica, onde o pensar certo flui.

Sempre com um toque de psicologia, Paulo Freire busca em sua obra demonstrar que as parcerias do global escolar são importantes nas tratativas concernentes à formação educação do aluno. Desde a higiene de uma sala de aula aos recursos tecnológicos, tudo contribui para o bom andamento. Não há como impor um ritmo de ensino no contexto topológico em que a carência reine de mãos dadas com o descaso. Paulo não permite que se transfira a responsabilidade unicamente ao governo, mas que todos os interessados no entorno da escola e que dependem da mesma, são atores atuantes no sucesso desse ensino. Paulo recorda-se de professores veteranos que nunca deram uma volta pelo bairro da escola para conhecer o histórico de seus alunos que ali freqüentam. A critica, não é algo inconsciente ou inconsequente em Paulo, mas a sim algo que vem para somar, crescer. Criticar a sujeira deve ser acompanhada da solução através da vassoura, da enxada, da brocha de caiar. Se não é responsabilidade do pai, do professor, alguém precisa ser acionado, no mínimo a ação telefônica precisa ser feita.

Em seu livro, Paulo procura deixar evidente que não desconhece as dificuldades sociais, políticas, culturais, humanas, que barreiras para mudar o mundo sempre existiram, mas aponta esperançoso que os obstáculos não se eternizam. O sujeito inacabado precisa estar sempre num processo social de busca.

Paulo Freire trata de política em sua obra, de forma contundente deixa claro que estar no mundo sem tratar da sua própria história e em politizar não é possível. É aí que ele destaca a consciência como fator preponderante nesse avanço histórico/político. Destaca que a necessidade de revolucionar implica em assumir esse compromisso, mesmo que esteja equivocado, o valor está em admitir sua bandeira, assumir-se transgressor da natureza humana.

O bom senso reina para deixar claro que suas opiniões não são anarquistas. A ciência, consoante Paulo frisa, sem o bom senso, corre o risco de perder o rumo e desviar-se do caminho que almeja. Por tal, urge que se tenha ética diante do que se propõe fazer. Isso é solidarizar-se com o público alvo, com o educando, isso é respeito, mais que isso, esperança, esperança de que nessa “luta” a realidade inexorável possa mudar para melhor.

Politicamente Paulo lança as questões: “Em favor de que estudo? Em favor de quem? Contra que estudo? Contra quem estudo?” (FREIRE, p. 47, 1996). Não se pode trabalhar unicamente pelo salário, pela negação da vida, mas resistir, nos manter vivos com a mente voltada para o futuro construindo-o agora e critica fortemente a política assistencialista que, segundo ele, “anestesia a consciência oprimida, prorroga, [...] a necessária mudança da sociedade.” (FREIRE, p. 48, 1996). Com isso, Paulo deixa evidente sua marca de ser revolucionário politicamente em especial no caminho da educação. Dar bolsas isso, bolsas aquilo, estimular o aluno ou seus pais com “presentes” financeiros, não educa, “vagabundiza”- com o perdão do neologismo – afinal, quem ganha os “presentes” são os pais, e não os alunos. Assim, se há que existir estímulo, que seja então diretamente para o aluno. É por tal que a leitura do mundo em Paulo Freire, sempre precede a leitura da palavra.

Paulo vai mais longe, com entende que a alfabetização “só ganha sentido na dimensão humana se, [...] se realiza uma espécie de psicanálise histórico-político-social [...]” (FREIRE, p. 50, 1996), o que explicita seu perfil onde a característica do “programados para aprender” se perde sem a vocação para ser mais.

Em Pedagogia da autonomia, Paulo Freire deixa claro ao professor, àquele que quer se tornar professor – e aos alunos – que é necessário levar a sério sua profissão, é preciso estar em constante atualização, estudando também, se esforçar para sempre manter-se digno de cumprir e honrar sua tarefa educacional, para assim, ter força moral e democrática para coordenar as atividades em sala de aula.



CONCLUSÃO



Paulo Freire não foi apenas reconhecido pelas ideias que possam ser consideradas utópicas no ensino, mas sim por cutucar as políticas educacionais com vara curta. Sempre foi considerado um estorvo – haja vista seu exílio – e só foi reconhecido como um autêntico revolucionário “positivo” da educação décadas depois de seus martelares gnosiológicos.

Era pai, esposo, professor, aluno e político ativo. Zelava por sua liberdade e vigiava sua autoridade. Criava sua autonomia com respeito e respeitando seus semelhantes – sejam alunos, colegas, políticos – construía a independência, a crítica consciente e o respeito, procurando manter sempre próxima sua atitude com o que realizava, sendo verdadeiro consigo buscou a transparência em seus mandos e desmandos.

Afinal, como ele mesmo dizia, “o espaço pedagógico é um texto para ser constantemente lido, interpretado, escrito e reescrito.” (FREIRE, p. 60, 1996).




REFERÊNCIAS



FREIRE, Paulo; Pedagogia da autonomia – saberes necessários à prática educativa. Coletivo Sabotagem. 92 pp. 1996 (sic).



GADOTTI, Moacir; Paulo Freire: pequena biografia. Disponível em: http://www.paulofreire.org/Crpf/CrpfAcervo000031. Acesso em 17 out 2010.

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